Capítulo Dezesseis

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Roberta preferiu me fazer companhia ao invés de ir para as aulas da tarde, então passamos o resto dia no Dormitório, conversando e compartilhando opiniões sobre as pessoas que tínhamos conhecido.

Na manhã seguinte, Dona Alda veio nos avisar que Dante iria nos levar ao castelo, e não para nossas aulas, como achávamos que faria. A informação me fez lembrar do problema que o príncipe havia informado à rainha no dia anterior, uma "falha de segurança", nas palavras dele.

Será que essa "falha" tinha alguma coisa a ver com a gente? Não fazia muito sentido, mas, se não fosse por isso, então por que teríamos que ir pro castelo tão de repente?

Quando o cocheiro chegou tentamos tirar alguma informação dele, mas, aparentemente, ele não sabia de nada.

— Não tenho como saber dessas coisas, sou um cocheiro, não um garoto de recados! — disse ele, enquanto guiava a carruagem — Mas, se quiserem saber sobre outra coisa, eu posso ajudar. Coletei muito conhecimento nesses 297 anos de vida, e o que não me falta é assunto! Sabiam que as fadas medem a força pelo tamanho das asas? Sei que não parece muito relevante, mas é bom saber disso caso uma delas tente atacar vocês. Se a asa for pequena, é só dar um tapa que resolve, se a asa for grande, quem leva o tapa é você. Há! Isso me lembra uma vez que eu encontrei uma ninfa enquanto passeava com Árion, você lembra disso garoto? Ela era bem doida, me ofereceu um chá de ervas da floresta, mas eu recusei, é claro, até porque já tinha aprendido minha lição sobre aceitar coisas de estranhos. Só que aí as coisas ficaram complicadas porque apareceu um centauro e....

Dante continuou falando sozinho pelo resto do caminho, e quando nos demos conta, já estávamos no palácio.

Assim que passamos pelos portões, dois guardas surgiram para acompanhar a mim e a Roberta, nos levando até a grande porta dourada que ficava entre as escadas no hall de entrada do palácio. Ao abrir das portas pudemos ouvir as vozes do rei e de algumas outras pessoas, misturando-se em uma discussão.

A sala do trono era comprida e luxuosa. Nas paredes laterais, obras de arte se misturavam aos desenhos dourados nas paredes, trepadeiras, que guiavam o olhar até o teto onde estava pintado um grande mapa do Lado da Luz. Armaduras de ouro, umas empunhando espadas e outras lanças, se posicionavam nos quatro cantos da sala, como se guardassem o local, e um extenso tapete vermelho cortava o meio do recinto, passando por cima dos degraus que davam para os dois tronos dourados, ocupados pelo rei e a rainha.

Os governantes de Aurora focavam sua atenção nas outras três pessoas ao seu redor, não notando nossa chegada.

— Isso é um exagero, não podemos aumentar a guarda do nada, as pessoas vão desconfiar! — disse rainha Stella, inclinando-se em direção as pessoas que a cercavam. — Achei que havíamos decidido que seríamos discretos.

— Precisamos fazer isso, — príncipe Erick se encontrava de pé, ao lado do trono do pai. Seu cabelo loiro estava penteado para trás, e ele vestia um colete de couro azul com detalhes dourados — é o único jeito de garantir nossa segurança.

Karim, que se mantinha próximo da rainha, suspirou e revirou os olhos, parecendo cansado.

— Olha, essa situação está muito complicada. — disse ele, abanando suas mãos, fazendo balançar o longo tecido de suas mangas — Será que não é melhor chamar o Conselho?

— Não vamos chamar o Conselho! — brandou o rei, irritado. Ele se recostou no trono de ouro e continuou — Se eles souberem que algo assim aconteceu dentro de nosso palácio nunca mais confiarão em nós. Não, é melhor resolvermos esse assunto aqui, não podemos perder mais aliados.

A Escolhida da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora