Acordei com o sol cegando meus olhos. O cheiro de grama cortada invadiu minhas narinas enquanto me sentava com dificuldade. Meus olhos se ajustaram a luz e só então notei como meu corpo doía.
Meus braços e pernas estavam arranhados, mas havia poucos cortes. Alguns gravetos estavam grudados em meu cabelo e em minhas roupas. Olhei para cima e vi o motivo dos meus machucados.
Uma enorme árvore de folhas rosa e tronco escuro se encontrava a minha frente. Seu tronco era grosso e os galhos subiam tão alto que era difícil ver o céu dali. Depois de um instante eu a reconheci: era uma cerejeira.
— Ai... - um murmúrio surgiu alguns metros ao meu lado e notei Roberta no chão, tentando se levantar.
— Roberta! - corri para ajudá-la. Ela também tinha cortes nos braços por conta da queda mas nenhum parecia grave. Algumas flores da árvore se misturavam aos seus cachos. Ela se apoiou em mim e pôs a mão na testa com uma expressão de dor.
— O que.. - disse fracamente – O que aconteceu?
— Eu não sei. - falei, enquanto tirava os gravetos de sua camisa – Nós... caímos, eu acho.
— Ai... - resmungou – acho que bati a cabeça...
Ela abriu os olhos e dei um pulo.
— AAAH!
Roberta arregalou os olhos, o que me deixou ainda mais assustada.
— O quê? O que foi? - perguntou, preocupada.
— O seu, você... - Tentei encontrar as palavras certas, mas não haviam palavras certas para aquilo - O-os seus olhos...
— O quê? O que tem eles??
— ESTÃO ROXOS!
— Roxos? - Roberta inclinou a cabeça, confusa – Como assim? Eu não sinto dor, será que eu bati em algum lugar?
— Não! Não, não! - sacudi a cabeça, tentando raciocinar direito - Não roxos em volta, eles estão literalmente roxos! - expliquei – A sua íris, não é mais castanha, é... roxa!
— Do que você está falando? - Roberta tateou o bolso e pegou seu celular. Assim que se olhou pela tela soltou um grito e se afastou.
Seus olhos, antes cor de mel como os da mãe, se encontravam num forte tom de violeta. Sua íris parecia brilhar com a cor peculiar, sendo essa a única mudança visível em Roberta.
— AI MEU DEUS! - Roberta piscava diversas vezes na frente da tela, na tentativa de fazer a nova cor sumir – O que é isso?? Como isso aconteceu??
— Eu não sei!!
— Será que é tipo uma lente de contato ou algo assim??
— Parece real pra mim... Espera! E eu? Meu olho mudou de cor também??
Roberta analisou meus olhos. Sua íris púrpura faiscava a cada movimento que fazia.
— Não, eles parecem normais pra mim. - disse, dando de ombros – Eles sempre tiveram uma cor estranha mesmo.
— Obrigada, eu acho. - respondi, aliviada e ofendida.
Roberta se levantou com cautela e limpou suas roupas.
— E onde é que nós estamos afinal? - disse.
— Eu não sei. Eu só lembro de uma luz e aí...
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A Escolhida da Luz
AdventureAnny é uma garota meio avoada que vive uma vida normal e sem muitas mudanças ou problemas, na verdade, as únicas coisas realmente peculiares em sua vida são seus olhos multicoloridos e o misterioso medalhão que sempre levava no pescoço. Ela achava...