— ... e é por isso que nunca se deve aceitar nada de estranhos! Eu devia saber que tinha algo estranho naquela água, já que ela parecia meio verde e turva, mas eu realmente acreditei na boa vontade daquele anão. - bufou - Isso que dá tentar ajudar as pessoas, você salva elas de serem devoradas por lobos e recebe uma poção da imortalidade em troca! - Dane balançou a cabeça tristemente, sendo acompanhado por seus cavalos, que relinchavam de volta, querendo participar da história – E eu ainda dei aquela água de beber pros meus cavalos! Quer dizer, tudo bem querer agradecer e tudo o mais, mas bem que podia ter avisado o que era antes né?!
— Uau, deve ter sido bem... trágico.
— E FOI! - o cocheiro concordou – Não estou reclamando, quer dizer, poções da imortalidade são muito raras, e é bom não ter que me preocupar com a morte, mas um aviso cairia bem...
— Eu já ouvi essa história centenas de vezes, e ela consegue ser diferente toda vez! - sussurrou rainha Stella, nos fazendo rir.
A carruagem havia chego as nove em ponto, bem no horário que disseram que chegaria. Eu e Roberta havíamos acordado tarde, então quando Dante e a Rainha Stella chegaram não deu tempo nem de tomarmos café da manhã. O que, na verdade, não foi um problema tão grande, já que Fresia, provavelmente prevendo que iríamos nos atrasar, havia separado duas sacolas com sanduíches para viagem.
Dante tinha uma habilidade extraordinária de conseguir falar muito em um curto período de tempo, pois, só nesse curto trajeto até a Academia Perseia, ele já havia contado sobre uma discussão com outro cocheiro, o que os seus cavalos haviam comido de manhã (e o porquê deles gostarem tanto de uvas-passas), e sobre como conseguiu a sua misteriosa imortalidade. Ele ainda tagarelava sobre a leveza da pavimentação das ruas quando avistamos a grande construção de pedra.
O prédio acinzentado tinha um teto pontudo com telhas vermelhas. Várias crianças e adolescentes já adentravam seus portões de ferro branco, indicando que a aula estava pra começar. Dante estacionou a carruagem e ajudou eu, Roberta e rainha Stella a descer, dizendo que ficaria esperando por nós ali mesmo.
— Você disse que conhecia o professor desse lugar não é? - perguntei para a rainha, assim que passamos os portões, atravessando o gramado verde.
— Sim! Karim e eu nos conhecemos desde sempre. - disse, e dirigiu-se para minha amiga - Ele já era professor quando Lina estudou aqui, apesar de ser bem jovem na época. É um feiticeiro excepcional, o melhor que eu já vi na verdade. - a rainha acenou para algumas meninas que passavam, fazendo-as darem gritinhos de animação por terem sido notadas - Mas com a rotina do palácio e da Academia fica difícil de nos vermos com frequência, então quis aproveitar a chance já que vocês duas viriam para cá.
— E como é essa escola? - os olhos roxos de Roberta brilhavam com a curiosidade – Vamos treinar feitiços? Fazer duelos? Tem casas igual a Harry Potter??
— Sim e não. - a rainha riu graciosamente e abriu as grandes portas de madeira da Academia – Aqui as coisas são um pouco mais...livres.
Adentramos o cômodo e perdi o fôlego. Eu achava que a tal Academia seria só mais uma escola, com mesas, cadeiras e salas variadas, mas eu não poderia estar mais enganada.
Os candelabros que iluminavam o salão possuíam um fogo branco translúcido, e dezenas de passarinhos de papel voavam livres pelo teto abobadado. A nossa frente, uma escada de pedra circular levava para o segundo andar da construção, entre duas portas de madeira, onde uma parecia ser o banheiro, devido a movimentação de pessoas, e a outra permanecia fechada, e era evitada por quem passasse na frente. O lado direito do lugar estava repleto de caldeirões e mesas cheias de vidros tortos, e mais parecia um laboratório de cientista maluco. As paredes eram repletas de estantes com livros e ingredientes, com uma em específico para ervas e variados tipos de plantas. Já no lado esquerdo, a primeira coisa que pude perceber foi um estranho manequim de peruca, que fora vestido com roupas meio rasgadas e desbotadas, e dois olhos e uma boca haviam sido pintados com batom vermelho em seu rosto. O manequim não tinha pés, e deduzi que fosse um autômato, já que ele (ou ela) se encontrava acoplado em cima de um estranho caminho de metal, onde provavelmente poderia se movimentar caso fosse acionada. Logo atrás da boneca, algumas meninas se prendiam em cordas e equipavam-se com capacetes, para logo depois começarem a flutuar, de acordo com as faíscas que saiam de suas mãos. Próximo a parede do fundo, havia um grande círculo marcado com tinta no chão e um pequeno painel ao seu lado, que era ajustado por um rapaz com a ajuda de algumas ferramentas voadoras.
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A Escolhida da Luz
AdventureAnny é uma garota meio avoada que vive uma vida normal e sem muitas mudanças ou problemas, na verdade, as únicas coisas realmente peculiares em sua vida são seus olhos multicoloridos e o misterioso medalhão que sempre levava no pescoço. Ela achava...