Capítulo Vinte e Dois

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 — Anny, volta aqui! ― Roberta me chamava, mas eu não ouvia.

Por quê? Por que isso estava acontecendo comigo? Liderar um planeta? Ser uma Rainha?? Não! Aquilo não era pra mim. Se eu soubesse que ficaria presa nesse mundo pra sempre eu nunca teria lido aquele Livro idiota!

Eu queria uma aventura, mas isso? Isso já era demais!

Acelerei o passo chegando ao lado de fora do castelo. Ergui a cabeça, tentando inspirar o ar puro da manhã, mas sem sucesso. Meus pulmões bombeavam o ar tão rápido quanto meu coração bombeava sangue, num vai e vem descontrolado que só conseguia me deixar ainda mais tonta.

Nem meu medalhão que pulsava e tremia por debaixo da blusa conseguia trazer algum conforto naquele momento. Eu só queria acordar, me ver de novo na minha cama, com minha mãe abrindo as cortinas do quarto e o sol cegando meus olhos. Eu só queria poder voltar pra minha antiga casa, onde meus pais me dariam um beijo no rosto antes de eu ir pra escola, e eu conversaria com Roberta o caminho todo sobre o sonho estranho e doido que tive, sobre um mundo mágico onde eu era destinada a coisas incríveis, tão diferente da realidade.

Mas aquilo não era um sonho. Tudo aquilo era real, e meu desespero também.

Senti um toque em meu ombro e virei subitamente. Os olhos de Roberta transbordavam angústia e nervosismo, e talvez mais algumas outras quinze emoções que não consegui identificar.

― Olha, eu sei que o que acabamos de ouvir não foi muito animador, ― começou ela, respirando fundo, pois provavelmente se encontrava tão perdida quanto eu ― m-mas nós vamos dar um jeito! Quer dizer, e daí que eles são os reis? Eles podem não estar certos sobre tudo...

― Não foram eles que fizeram as regras Roberta. ― desde quando minha voz se tornou tão amarga? Tão triste? ― Foram outras pessoas, a milhares de anos atrás. Meu Deus, talvez a própria Nadi tenha feito essas regras!

― Mas ela pode estar enganada!

― Como a pessoa que criou esse mundo pode estar enganada por algo que acontece nele Roberta???

Eu andava de um lado para o outro, movendo as mãos e pés sem motivo, sem rumo.

Estava encurralada.

Me sentia encurralada.

― E-eu não sei! ― minha amiga me observava, torcendo as mãos na frente do corpo devido ao nervosismo ― Mas deve ter um jeito, alguma brecha ou...

Não tem jeito Roberta! ― ela deu um passo pra trás, se sobressaltando com meu tom ― E-eu estou presa aqui! Eu nunca mais vou ver meus pais, nem a tia Lina, nem... ― fitei seus olhos púrpura e senti meu coração se apertar ainda mais dentro do peito ― Nem você. Você vai embora, e eu vou ficar aqui... sozinha.

― Eu não vou embora Anny. ― balancei a cabeça em negação.

― É claro que vai! V-você vai, você tem que ir, porque você é da Terra, e eu não. ― apontei para seu peito, sentindo meus olhos começarem a arder ― Você vai me abandonar aqui, e eu vou ter que lidar com tudo sozinha!

― Anny, me escuta...

― E-e aí eu ainda vou ter que completar a profecia! ― continuei, dando as costas para Roberta, ainda andando sem parar. Um riso sarcástico escapou de meus lábios ― É claro, isso se eu não acabar sendo morta no meio do caminho não é? ― parei bruscamente, franzindo as sobrancelhas ― Espera, se eu morrer aqui eu morro de verdade? No livro de regras dizia que quem é da Terra e morre em Arret volta pra Terra, foi o que você me contou uma vez. ― falei, encarando minha amiga que me fitava sem saber o que dizer ― Mas eu não sou da Terra, então se eu morrer aqui eu devo morrer mesmo... Há! Que maravilha! Nem uma vida extra eu tenho. Isso é mesmo ótimo... ― rosnei, com um sorriso falso nos lábios.

A Escolhida da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora