Forçado

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O queixo de Dean caiu. 

— Você... o quê? 

— Eu explico num minuto. Não é justo com você, mas... por favor. Apenas me
beije. 

— Não vai aborrecer você? O Gabriel não vai perturbá-lo? 

— Dean! — queixei-me. — Por favor! 

Ainda confuso, ele pôs as mãos na minha cintura e puxou meu corpo para o dele.
Seu rosto estava tão preocupado, que eu me perguntei se aquilo funcionaria. Eu não
precisava exatamente de romance, mas talvez ele precisasse.
Ele fechou os olhos e inclinou-se para mim, uma coisa instintiva. Seus lábios
pressionaram os meus uma vez, e então ele recuou para me olhar com a mesma
expressão preocupada.
Nada. 

— Não, Dean. Por favor, me beije de verdade. Como... como se estivesse querendo ganhar uma bofetada. Está entendendo? 

— Não. O que há de errado? Diga-me primeiro. 

Eu coloquei meus braços em volta do pescoço dele. Foi uma sensação estranha; eu de modo algum tinha certeza de como fazer aquilo. Fiquei na ponta dos pés e puxei sua cabeça para baixo até poder alcançar seus lábios com os meus.
Isso não teria funcionado com outra espécie. Outra mente não seria tão facilmente dominada pelo corpo. Outras espécies têm suas prioridades em melhor ordem. Mas Dean
era humano, e seu corpo respondeu.
Pressionei minha boca contra a dele, agarrando seu pescoço mais apertado quando sua primeira reação foi me afastar. Lembrando como sua boca tinha se movido com a minha antes, tentei imitar o movimento. Seus lábios se abriram com os meus, e eu
senti, diante do meu sucesso, uma curiosa vibração de triunfo. Prendi seu lábio inferior entre meus dentes e ouvi um som grave, selvagem, brotar surpreso de sua garganta.
E então não tive mais de tentar. Uma das mãos de Dean prendeu meu rosto,
enquanto a outra cerrava a base das minhas costas, apertando-me tanto, que foi difícil puxar um pouco de ar para dentro de meus pulmões comprimidos. Seu hálito misturou-se ao meu. Eu senti a parede de pedras encostar nas minhas costas, comprimir-se contra elas. Ele a usou para me atar ainda mais. Não havia uma parte de
mim que não estivesse fundida com alguma parte dele.

Só havíamos nós dois, tão próximos, que mal contávamos como dois.

Só nós.

Ninguém mais.

A sós.

Dean sentiu quando eu desisti. Ele devia estar esperando por isso — não tão inteiramente dominado por seu corpo quanto eu imaginara. Ele se afastou delicadamente assim que sentiu que meus braços tinham afrouxado, mas manteve seu
rosto junto do meu, a ponta do seu nariz tocando a ponta do meu. 

Eu deixei cair os braços e respirei fundo. Lentamente, ele desprendeu ambas as mãos, colocando-as então levemente nos meus ombros. 

— Explique — disse ele. 

— Ele não está aqui — sussurrei, ainda com a respiração ofegante. — Eu não
consigo encontrá-lo. Nem agora. 

— Gabriel? 

— Eu não consigo encontrá-lo! Dean, como posso voltar para Jack? Ele vai saber que estou mentindo! Como vou dizer a ele que perdi o irmão dele agora? Dean, ele está doente! Eu não posso dizer isso! Vai perturbá-lo, dificultar a melhora dele. Eu... 

Os dedos de Dean se apertaram sobre os meus lábios. 

— Shh, shh. Tudo bem. Vamos pensar. Quando foi a última vez que você o ouviu? 

— Ah, Dean! Foi logo depois que eu vi... no hospital. E ele tentou defendê-los... e eu gritei com ele... e eu... eu o fiz ir embora! Desde então não o ouvi mais. Não consigo encontrá-lo! 

A Hospedeira/DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora