Eu estava tão tenso que soltei um grito de terror; estava tão apavorado que meu grito não passou de um guincho esbaforido.
— Desculpe! — O braço de Sam pousou em meus ombros, confortando-me. —
Sinto muito. Eu não queria assustar você.— O que você está fazendo aqui? — perguntei, ainda esbaforido.
— Seguindo você. Estive seguindo você a noite inteira.
— Bem, pare agora.
Houve uma hesitação no escuro, e o braço dele não se moveu. Eu encolhi os ombros para me soltar, mas ele agarrou meu pulso. A mão era firme; eu não poderia escapar facilmente.
— Está indo ver Doc? — perguntou ele, e não havia qualquer equívoco na
pergunta. Era óbvio que não estava falando de uma visita social.— Claro que estou. — Eu falei raivosamente para ele não ouvir o pânico em minha voz. — O que mais posso fazer depois de hoje? A coisa não vai melhorar. E a decisão não cabe a Bob.
— Eu sei. Estou do seu lado.
Eu fiquei zangado que essas palavras ainda tivessem o poder de me magoar, fazer lágrimas arderem em meus olhos. Tentei aguentar pensando em Dean — ele era o apoio, como Adam de alguma forma tinha sido para Sunny —, mas era difícil com a mão de
Sam me tocando, com o cheiro dele no meu nariz. Como tentar discernir a melodia de um violino enquanto todo o naipe de percussão está atacando...— Então, deixe-me ir, Sam. Vá embora. Eu quero ficar sozinho. — As palavras
saíram cruéis, rápidas, ásperas. Foi fácil ouvir que não eram mentira.— Eu devia ir com você.
— Logo, logo você terá Gabriel de volta — retruquei. — Só estou pedindo uns
poucos minutos, Sam. Pode ser?Outra pausa; a mão dele não afrouxou.
— Cas, eu iria para ficar com você.
As lágrimas escorreram. Eu agradeci à escuridão.
— Eu não sentiria assim — sussurrei. — Então, não há por quê.
É claro que Sam não podia estar presente. Eu só podia confiar em Doc. Só ele tinha me prometido. E eu não estava deixando este planeta. Eu não estava indo viver como
Golfinho ou Flor, sofrendo continuamente pelos amores que deixara para trás, todos
mortos quando eu abrisse os olhos novamente — se tivesse olhos. Este era o meu planeta, e eles não iriam me botar para fora. Eu ficaria na terra, na gruta escura com meus amigos. Um túmulo humano para o humano que eu tinha me tornado.— Mas, Cas, eu... Há tantas coisas que eu quero lhe dizer.
— Não quero a sua gratidão, Sam. Pode acreditar em mim quanto a isso.
— O que você quer? — sussurrou ele, a voz tensa e estrangulada. — Eu lhe daria qualquer coisa.
— Tome conta da minha família. Não deixe que os outros os matem.
— É claro que vou tomar conta deles. — Ele pôs meu pedido de lado bruscamente.— Eu quis dizer você. O que eu posso lhe dar?
— Não posso levar nada comigo, Sam.
— Nem mesmo uma lembrança, Cas? O que você quer?
Eu enxuguei as lágrimas com a mão livre, mas outras tomaram o seu lugar rápido demais para que limpá-las pudesse importar. Não, eu não podia levar sequer uma
lembrança.— O que posso lhe dar, Cas? — insistiu ele.
Eu respirei fundo e tentei manter a minha voz serena.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Hospedeira/Destiel
Science FictionNosso Planeta foi tomado por um inimigo que não pode ser detectado. Gabriel Novak se recusa a desaparecer e quando ele é capturado tem a certeza que é o fim. Castiel, a "alma" invasora designada para o corpo de Gabriel encontra dificuldades para tom...