Desacreditado

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Outro barulho de pedra caindo na água. O peso de Adam ainda torturava os meus braços. 

— Cas! Cas?

— Ajude-me! Adam! O chão! Socorro! 

Eu estava com o rosto esmagado contra a pedra, os olhos virados para a entrada da caverna. A luz brilhava lá em cima com o dia clareando. Prendi a respiração. Meus braços guinchavam. 

— Cas! Onde está você? 

Dean saltou pela porta, a espingarda nas mãos, em posição. Seu rosto era a máscara ameaçadora que o irmão tinha usado. 

— Cuidado! — gritei. — O chão está cedendo. Eu não aguento segurá-lo muito mais! 

Levou dois longos segundos para ele processar a cena, tão diferente da que ele esperava: Adam tentando me matar. A cena que tinha ocorrido apenas uns segundos atrás.
Então ele jogou a arma no chão da caverna e começou a se mover em minha direção com uma longa passada. 

— Abaixe-se, distribua o seu peso! 

Ele se agachou e correu para mim, seus olhos queimando à luz do amanhecer. 

— Não solte — advertiu. 

Eu gemi de dor.
Ele avaliou a situação um segundo mais, então deslizou seu corpo atrás do meu, espremendo-me ainda mais contra a pedra. Os braços dele eram mais longos que os meus. Mesmo comigo no caminho, ele pôde colocar as mãos em volta do irmão. 

— Um, dois, três — grunhiu.  

Ele puxou Adam para cima na pedra, com muito mais firmeza do que eu o havia segurado. O movimento esmagou meu rosto contra o pilar. O lado ruim, contudo — a essa altura dos acontecimentos, aquele rosto não podia ficar mais machucado. 

— Eu vou puxá-lo para cá. Você consegue se espremer para sair? 

— Vou tentar. 

Eu soltei Adam, sentindo meus ombros doerem de alívio, assegurando-me de que Dean o havia agarrado. Então me esgueirei entre Dean e a pedra, com cuidado para não me colocar sobre uma parte perigosa do chão. Arrastei-me para trás uns poucos
centímetros rumo à porta, pronto para agarrar Dean se ele escorregasse.
Dean puxou o corpo inerte do irmão por um dos lados do pilar, arrastando-o aos solavancos, uns trinta centímetros por vez. Mais pedaços do chão desabaram, mas as fundações do pilar permaneceram intatas. Formou-se uma nova plataforma a cerca de meio metro da coluna de pedra. 

Dean se arrastou para trás como eu havia feito, puxando o irmão em pequenos movimentos de músculo e vontade. Num minuto, nós três estávamos na boca do corredor, Dean e eu arquejando com dificuldade. 

— Que... diacho... aconteceu? 

— Nosso peso... foi dem... demais. O chão desabou. 

— O que você estava fazendo... perto da beira? Com Adam? 

Eu abaixei a cabeça e me concentrei em respirar. 

Bom, diga a ele. 

--O que vai acontecer? 

Você sabe o que vai acontecer. Adam quebrou as regras. O Bob vai dar um tiro nele, ou eles vão colocá-lo pra fora. Ou talvez Dean lhe arranque o couro antes. Seria divertido ver

Gabriel não queria dizer aquilo de verdade — eu não achava, pelo menos. Ele apenas ainda estava zangado comigo por arriscar nossa vida para salvar nosso pretenso assassino. 

--Exatamente, disse. E se eles expulsarem o Adam por minha causa... ou se o matarem... Eu estremeci. Bem, você não pode ver como faz pouco sentido? Ele é um de vocês. 

A Hospedeira/DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora