Almagamados

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Dean nos fuzilou com um olhar de tal fúria que Sunny tremeu de pavor. Foi uma coisa estranha — como se Adam e Dean tivessem trocado de cara. Só que o rosto de Dean ainda continuava perfeito, incólume. Bonito, mesmo estando enfurecido.

— Dean? — chamou Adam, espantado. — Qual é o problema? 

Dean falou por entre os dentes cerrados. 

— Cas — rosnou ele, e estendeu a mão, que se petrificou como se ele estivesse com dificuldades para manter aquela mão aberta, sem fechá-la num punho apertado. 

Ih, rapaz, pensou Gabe. 

A aflição me possuiu. Eu não queria dizer adeus a Dean e agora teria de fazê-lo. É claro, eu tinha de fazê-lo. Seria errado partir às escondidas como um ladrao e deixar todas as minhas despedidas para Gabriel. 

Cansado de esperar, Dean agarrou meu braço e me levantou do chão. Quando pareceu que Sunny estava vindo junto, também, ele me sacudiu até ela cair. 

— O que há com você? — perguntou Adam. 

Dean dobrou o joelho com força e mandou o pé no rosto de Adam. 

— Dean! — protestei. 

Sunny jogou-se na frente de Adam — que segurava o nariz com a mão e se esforçava para levantar-se —, tentando protegê-lo com seu diminuto corpo. Isso o desequilibrou, jogando-o de novo no chão, e ele gemeu. 

— Venha cá — gritou Dean rispidamente, puxando-me para longe deles sem olhar para trás. 

— Dean... 

Ele me arrastou rudemente, fazendo com que fosse impossível para mim falar. Até que era bom. Eu não sabia mesmo o que dizer.
Eu vi o rosto espantado de todos passar indistintamente. Fiquei preocupado que ele desequilibrasse a mulher sem nome. Ela não estava habituada à violência.
Então ele me deu um puxão para parar. Sam estava bloqueando a saída. 

— Você ficou maluco, Dean? — perguntou ele, aturdido com a afronta. — O que vai fazer com ele? 

— Você sabia disso? — gritou Dean de volta, empurrando-me na direção de Sam e me sacudindo. Atrás de nós, uma lamúria. Ele os estava assustando. 

— Você vai machucá-lo! 

— Sabe o que ela está planejando? — vociferou Dean. 

Sam o encarou, seu rosto impenetrável. Ele não respondeu.
Isso foi resposta bastante para Dean.
O punho de Dean atacou tão rápido que eu não vi o soco — só senti a projeção do seu corpo e vi Sam cambalear para trás no corredor escuro. 

— Dean, pare — implorei. 

— Pare você — rugiu ele em resposta. 

Ele me puxou pelo arco e entrou no túnel, depois me puxou para o norte. Eu quase tive de correr para acompanhar sua passada maior. 

— Winchester! — gritou Sam atrás de nós. 

— Eu vou machucá-lo? — bradou Ian por cima do ombro sem diminuir o passo. — Eu? Seu porco hipócrita! 

Nada havia, exceto silêncio e escuridão atrás de nós. Eu tropecei no escuro,
tentando acompanhar. 

Foi então que comecei a sentir o pulso onde Dean estava me agarrando. Sua mão estava apertada como um torniquete no meu braço, seus dedos longos dando a volta
facilmente e depois se sobrepondo. Minha mão estava ficando dormente. 

Ele me empurrava e puxava aos solavancos, e minha respiração atrapalhou-se num gemido, quase um grito de dor. 

Isso fez Dean pisar em falso e parar. Sua respiração era irregular na escuridão. 

A Hospedeira/DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora