Havia um padrão para as vitórias. Se Sam e Adam jogassem juntos, eles ganhavam. Se Sam jogasse com Dean, então esse time ganhava. Parecia que Sam não podia ser derrotado, até eu ver os irmãos jogando juntos.
No começo, pareceu ser uma coisa forçada, para Dean pelo menos, jogar no mesmo time que Adam. Mas depois de alguns minutos de corrida no escuro, eles entraram num
padrão familiar — um padrão que já existia muito antes de eu vir para este planeta.
Adam sabia o que Dean ia fazer antes que ele o fizesse, e vice-versa. Sem ter de falar, eles diziam tudo um para o outro. Mesmo quando Sam escolhia os melhores jogadores— Benny,Victor, Kevin,e Laila com Karen no gol —, Adam e Dean saíam
vencedores.— Certo, certo — disse Bob, agarrando a tentativa de gol de Benny com uma das mãos e enfiando a bola debaixo do braço. — Acho que todos nós sabemos quem vai vencer. Agora, eu detesto ser desmancha-prazeres, mas há trabalho a fazer... e, para ser honesto, eu estou acabado.
Houve uns poucos protestos e uns poucos resmungos sem entusiasmo, porém mais risadas. Ninguém pareceu aborrecido de ver a brincadeira terminar. Pelo modo como
umas poucas pessoas sentaram-se exatamente onde estavam e apoiaram a cabeça nos joelhos para respirar, ficou claro que Bob não era o único que estava cansado.O pessoal começou a dispersar em grupos de dois ou três. Eu saí depressa para um dos lados da boca do corredor, abrindo espaço para a passagem, provavelmente a caminho da cozinha. Já devia ter passado a hora do almoço, embora fosse difícil saber a
hora naquele buraco negro. Entre as lacunas na fila dos humanos que se retiravam, fiquei observando Adam e Dean.Quando o jogo terminou, Adam erguera a mão para um cumprimento, mas Dean tinha passado por ele a passos largos sem reconhecer o gesto. Então Adam segurou o ombro do irmão e girou-o. Dean bateu na mão do irmão. Eu fiquei tensa esperando uma briga
— e, no começo parecia ser uma. Adam deu um soco na direção do estômago de Dean.
Mas Dean desviou facilmente, e eu vi que não havia força por trás do golpe. Adan riu e usou sua envergadura maior para friccionar o punho na cabeça de Dean, que deu uma tapa para tirar a mão, mas dessa vez quase sorrindo.— Bom jogo, mano — ouvi Adam dizer. — Você ainda tem a manha.
— Você é mesmo bobalhão, Adam — respondeu Dean.
— Você ficou com o cérebro; eu, com a aparência. Parece justo.
Adam deu mais um soco sem força. Dessa vez, Dean aparou o golpe e deu uma gravata no irmão. Agora ele estava rindo, e Adam estava xingando e rindo ao mesmo tempo.
Tudo aquilo me parecia muito violento; meus olhos se estreitaram, apertados pela tensão de observar. Ao mesmo tempo, porém, a cena me trouxe à mente uma das memórias de Gabriel: três filhotinhos de cachorro rolando na grama, latindo furiosamente e mostrando os dentes como se seu único desejo fosse dilacerar a garganta
de seus irmãos.Sim, eles estão brincando, confirmou Gabriel. Os laços de fraternidade são profundos.
--Como devem ser. É o que está certo. Se Adam não nos matar, isso vai ser uma coisa boa.
Se, repetiu Gabriel morosamente.
— Com fome?
Ergui os olhos, e meu coração parou de bater por um instante ligeiramente
doloroso. Parecia que Sam ainda acreditava.
Balancei a cabeça. Isso me deu o tempo de que eu precisava para ser capaz de falar com ele.— Eu não sei porque, já que não fiz nada além de ficar sentado aqui, mas como estou cansado.
Ele estendeu a mão.
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A Hospedeira/Destiel
Science FictionNosso Planeta foi tomado por um inimigo que não pode ser detectado. Gabriel Novak se recusa a desaparecer e quando ele é capturado tem a certeza que é o fim. Castiel, a "alma" invasora designada para o corpo de Gabriel encontra dificuldades para tom...