Vinculados

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Bob abriu o caminho para mim, empurrando as pessoas para o lado com a espingarda como se elas fossem ovelhas e sua arma, um bastão de pastor. 

— Já chega — rosnava ele para quem reclamasse. — Vocês vão poder dar bronca nele depois. Nós todos vamos poder. Mas vamos resolver isso primeiro, tá? Deixem- me passar. 

Com o canto dos olhos, eu vi Becky e Karen se afastarem, misturarem-se à parte de trás da multidão, distanciando-se do restabelecimento da razão. Longe do meu
envolvimento, na verdade, mais que qualquer outra coisa. Ambas de mandíbulas cerradas, continuaram a encarar Adam. 

Sam e Dean foram os últimos que Bob empurrou. Eu acariciei o braço de ambos ao passar, esperando ajudar a acalmá-los. 

— Certo, Adam — disse Bob, batendo no cano da arma com a palma da mão. —
Nem tente se desculpar, pois não há desculpa. Estou dividido entre botar você para fora imediatamente ou lhe dar um tiro já. 

O pequeno rosto, pálido sob o bronzeado escuro da pele dela, surgiu de trás do cotovelo de Adam com um molejo dos longos cabelos negros ondulados. A garota estava boquiaberta de pavor, seus olhos negros, agitados. Eu pensei poder ter visto um
ligeiro reflexo naqueles olhos, uma sugestão de prateado por trás do negro. 

— Mas agora tratem todos de se acalmar. — Bob virou-se, a arma mantida abaixada, cruzada diante do corpo, e de repente parecia que ele estava guardando Adam e
a pequena face atrás dele. Ele encarou a multidão. — Adam trouxe uma hóspede, e vocês estão apavorando a infeliz, gente. Acho que podem arranjar modos melhores que esses.
Agora, todos vocês dêem o fora e vão trabalhar em algo útil. Os meus melões-
cantalupo estão morrendo. Alguém tem de fazer alguma coisa, estão entendendo? 

Ele esperou até a multidão resmungona se dispersar lentamente. Agora que podia ver seus rostos, dava para dizer que já estavam se recuperando... a maioria deles... pelo menos. A coisa não era assim tão ruim, não depois do que tinham temido nos últimos
dias. Sim, Adam era um idiota que só pensava em si mesmo, mas pelo menos estava de volta, sem maiores prejuízos.

Nenhuma necessidade de retirada, nenhum perigo dos Buscadores. Não mais que o de sempre, em todo caso. Ele tinha trazido outra lacraia
para casa, mas e daí? As cavernas não andavam cheias delas ultimamente? 

Isso já não era mais tão atordoante quanto costumava ser.
Muitos voltaram aos seus almoços interrompidos, outros retornaram ao barril de irrigação, e outros para seus quartos. Logo só restavam Sam, Dean e jack ao meu lado. 

Bob olhou para aqueles três com uma expressão enviesada; ele abriu a boca, mas antes que pudesse mandá-los embora novamente, Dean segurou minha mão, e então Jack
pegou a outra. Eu senti outra mão na minha cintura, justo acima da de Jack. Sam.

Bob revirou os olhos diante do modo como eles haviam se prendido a mim para evitar a expulsão e então nos deu as costas. 

— Obrigado Bob — disse Adam. 

— Cale a droga dessa boca, Adam. Trate de ficar com essa sua boca gorda fechada. Eu estou falando sério sobre matar você, seu verme inútil. 

Ouviu-se uma débil lamúria atrás de Adam. 

— Tudo bem, Bob. Mas dá para deixar as ameaças de morte para quando estivermos sozinhos? Ela já está bastante apavorada. Você se lembra de como esse tipo de coisa arrasou o Cas. — Adam sorriu para mim... eu senti o impacto se impor ao meu rosto
como reação... e então ele se virou para a garota escondida atrás dele com a expressão mais gentil que eu já havia visto no seu rosto. — Está vendo, Sunny? Este é o Cas, de quem lhe falei. Ela vai nos ajudar; não vai deixar ninguém machucar você, como eu
também não vou. 

A Hospedeira/DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora