Talvez eu devesse ter corrido na direção contrária. Mas ninguém estava me segurando
agora, e embora a voz dele estivesse fria e zangada, Sam estava me chamando. Gabriel
estava ainda mais ansioso que eu quando contornei cuidadosamente a esquina e entrei
na luz azul; então hesitei. Dean estava apenas uns poucos passos à minha frente, postado sobre seus calcanhares,pronto para qualquer movimento hostil que Sam pudesse fazer contra mim. Sam estava sentado no chão, sobre um dos colchonetes que Jack tinha deixado lá. Ele parecia tão cansado quanto Dean, embora seus olhos também estivessem mais alerta que o restante de sua postura exausta.— Calma — disse Sam a Dean. — Só quero conversar com essa coisa. Prometi ao
garoto, e vou manter minha palavra.— Onde está Adam? — interpelou Dean.
— Roncando. Sua caverna poderia desabar por causa das vibrações.
Dean não se moveu.
— Não estou mentindo, Dean. Não vou matar essa coisa. Bob tem razão.
Independentemente de toda a confusão dessa situação estúpida, Jack tem tanto a dizer
quanto eu, e como ele foi completamente enganado, não creio que tão cedo vá me dar o
sinal verde.— Ninguém foi enganado — rosnou Dean.
Sam fez um gesto com a mão, recusando a divergência sobre a terminologia.
— A coisa não corre nenhum perigo de minha parte, é o que tenho a dizer. — Pela
primeira vez ele olhou para mim, avaliando a maneira como eu me apertava contra a
parede oposta, observando minhas mãos tremerem. — Não vou machucá-la de novo
— disse para mim.Dei um curto passo adiante.
— Você não precisa falar com ele se não quiser, Cas — disse Dean rapidamente. —
Não é um dever nem uma incumbência a ser cumprida. Não é obrigatório. Você pode
escolher.As sobrancelhas de Sam baixaram sobre seus olhos — as palavras de Dean o
confundiram.— Não — sussurrei. — Eu vou falar com ele. — Dei outro passo.
Sam virou a palma da mão para cima e agitou os dedos duas vezes, encorajando-me a avançar. Andei devagar, cada passo um movimento individual seguido de uma pausa, sem ser parte de um avanço constante. Parei a um metro dele. Dean acompanhou cada passo, ficando bem do meu lado.
— Eu queria conversar a sós com ele, se não se importa — disse Sam.
Dean se firmou.
— Eu me importo.
— Não, Dean, tudo bem. Vá dormir um pouco. Vou ficar bem. — Cutuquei
levemente seu braço.Dean examinou meu rosto, sua expressão dúbia.
— Isso não é nenhum desejo de morte? Para poupar o garoto? — interpelou ele.
— Não. Sam não mentiria para Jack sobre isso.
Sam franziu a testa irritado quando eu disse o nome dele, que soou cheio de
confiança.— Por favor, Dean — roguei. — Quero falar com ele.
Dean me olhou por um longo minuto, então se voltou para fazer uma carranca para
Sam. Ele bradou cada sentença como uma ordem.— O nome dele é Cas, não coisa ou troço. Você não vai tocar nele. Qualquer marca
que deixar nele, vou fazer em dobro nessa sua pele inútil.Estremeci à ameaça.
Dean virou-se abruptamente e saiu a largas passadas pela escuridão.
Fiquei em silêncio um momento, enquanto nós dois observávamos o espaço vazio
onde ele havia desaparecido. Olhei para o rosto de Sam primeiro, enquanto ele ainda
estava olhando fixamente para Dean. Quando ele se virou para encontrar meu olhar,
baixei os olhos.
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A Hospedeira/Destiel
Science FictionNosso Planeta foi tomado por um inimigo que não pode ser detectado. Gabriel Novak se recusa a desaparecer e quando ele é capturado tem a certeza que é o fim. Castiel, a "alma" invasora designada para o corpo de Gabriel encontra dificuldades para tom...