Doce Infância - Primeira parte do conto.

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Conto sobre a vida antes e depois dos acontecimentos desse livro na perspectiva de Maggie.

Eu realmente sentia-me esperançosa pela primeira vez desde aquela  menininha que sempre estava de bem com tudo. Que o mundo era rosa e que a vida era perfeita.

- Querida cheguei!

Sai correndo as escadas e me atirei nos braços do meu porto seguro. Logo depois de sair de seu abraço. Ouço minha mãe saindo da cozinha. Seus cabelos cor de fogo estavam em um coque alto e quando nos viu ao pé da escada abriu um daqueles sorrisos que iluminaria toda a cidade. Ela veio ao nosso encontro beijou meu pai e disse:

- O jantar já está pronto.

- O que temos hoje, querida?

- Um dos seus pratos favoritos meu amor. Purê de batatas, carne moída e arroz à Veneza.

- Como posso não te amar? Você é incrível.

E a beijou de novo.

- Vamos Mags. Fiz uma porção extra de batata frita.

- Huuuuum delicia. – eu odiava purê. Eca!

Começo a trilhar meu caminho pela sala de jantar rodopiando meu vestido cor de rosa. Foi o presente que meu pai tinha me dado e eu o amava por isso. Adorava vestidos.

Meus olhos estão marejados e odeio sentir essa lembrança agora. Eu o odeio. Mas existe um buraco no meu peito que me faz lembrar que também sinto falta dele. O cheiro se impregna em meu nariz. O bendito purê de batata. Pelo qual detesto mais ainda hoje. Faz 3 anos que não venho mais para cá. Não venho para a minha própria casa por conta do que meu pai fez. E quando a vejo minha esperança se esgota e sei que não tem como ter a minha mãe de volta. De que eu a perdi há 13 anos:

- De novo mãe?

- Já são quase 7 horas e ele irá chegar morrendo de fome.

Ela estava com seus cabelos em um rabo de cavalo, mas não era como antes. Já se notava bastantes fios brancos. Sua aparência já não tão vibrante. Os olhos azuis estavam com um quê de tristeza só que com uma pontada de esperança. Sem perceber meu punho estava cerrado e o bati contra a bancada da cozinha. Ele destruiu essa família. Arrancou de mim um sentimento puro e inocente. O de poder amar.

- Mãe chega! Ele não vai vir. Já faz 13 anos, você tem que superar isso.

- Meu amor, é claro que ele vai vir. Seu pai só foi trabalhar e quando chegar iria adorar te ver naquele vestido que te deu seu pai. Você fica uma princesa com ele. A nossa princesinha.

- Não sou mais uma criança mãe. Já tenho 18 anos e você não pode continuar agindo como uma dona de casa á espera do marido, porque ele não existe mais. Ele nos deixou mãe.

- NÃO! Ele vai voltar Mags. Sempre voltou pra mim, porque é meu marido e seu pai. Nós somos uma família e ele nunca nos abandonaria. – disse segurando com força os meus braços e seu olhar era tão estranho que me assustou um pouco.

- Maggie! – minha tia Carol veio me abraçar. Ela tinha os cabelos loiros e os olhos verdes.  – Não sabia que estava vindo. Se não teria dado alguma coisa para sua mãe tomar. Você sabe como ela fica quando te vê.

- Ela está fazendo purê tia.

- Sempre o faz. Pode começar a preparar um almoço normal, mas vai lá e se lembra de que precisa fazer ele.

Eu só estava naquela casa a menos de 10 minutos e já me sentia acabada e cansada. Minha vontade era de dar meia volta e sair correndo para bem longe dali. Não queria relembrar o mesmo dia durante essa semana inteira. Eu amava minha mãe, mas não sabia como lidar com a sua doença. Mesmo os médicos a achando normal eu sei que não está. Existe alguma coisinha na cabeça dela que a faz acreditar que vive um dia só. O ultimo dia em que tudo foram rosas para ela, mas as rosas também tem espinhos e esses vieram para destruí-la por inteiro.

Seja onde ele estivesse eu queria poder revê-lo. Eu só era uma criança e só sabia chama-lo de “Papai feio e chato fez minha mamãe chorar. Não gosto mais de você”. Hoje ele saberia que tenho um belo vocabulário para usar para insulta-lo. 

Abraçada pelas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora