Capítulo 43

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AS LEMBRANÇAS ERAM COISAS ESTRANHAS E AO MESMO TEMPO BOAS. ESTAR debaixo dessa árvore me faz lembrar muito o meu pai. Desde o natal estava dizendo que queria uma casa da arvore que nem passava naqueles desenhos de domingo quando tinha 8 anos e meu aniversário estava quase chegando. Meus pais continuavam a discutir todas as noites e eu repetia para mim mesma que tudo iria ficar bem. Quando eu falava da casa da arvore meu pai me prometia que eu a teria no meu aniversário e minha mãe não falava nada. Mas quando meu aniversário eu estava sozinha debaixo da árvore porque semanas antes meu pai foi embora, minha mãe ate falara que um dia eu teria uma, contudo percebi que não era a casa que eu queria e sim algo para reunir a família de novo. Minha mãe veria que ele era um bom homem e pai merecendo uma segunda chance.

Entrei em casa e na sala estava o Trent e minha mãe conversando.

- Vem cá filha, você esta com uma carinha tão triste. O que houve?

- Nada, só algumas lembranças vindo me perturbar. – disse me sentando ao seu lado no sofá.

Em uma cômoda do lado da Televisão tinha um álbum de fotografias que eu não via há anos. Abrindo ele a primeira foto que apareceu foi a do meu nascimento, minha mãe ainda na cama comigo no colo e meu pai ao seu lado, os dois eram pura felicidade, as outras estavam em ordem cronológica, todos os aniversários, as festas de fim de fim, tudo ficara registrado nas fotografias, muitas coisas eu ate já tinha esquecido, nem me lembrara de que meu aniversário de 4 anos foi do Hamtaro e ate fantasiada de hamster eu estava. Na foto cada um dos meus braços estava entre os pescoços dos meus pais, em precisei subir em uma cadeira para aparecer na foto na mesa do bolo e dos docinhos. Minha boca já lambuzada de brigadeiro e eu sorrindo com os dentes tudo preto do doce me fez rir de imaginar todo aquele aniversario de novo. Minha mãe veio ate mim e vendo a foto também começou a rir.

- Você era tão sapeca quando pequena.

- Só quando ela era criança porque pequena ela continua. –disse Trent e joguei uma almofada nele.

Sentei no sofá de novo no meio dos dois e ficamos vendo as fotos, depois de um tempo o Jay também veio e ficou querendo só ver as fotos dele, mas quando viu o meu pai ele estremeceu. Minha mãe se levantou e foi para a cozinha. Deixei o álbum no sofá e o meu irmão continuou encarando a foto do meu pai.

- Não sei porque deixei aquele bendito álbum ali, relembrar o passado não é nada bom, ainda mais para seu irmão.

- Ele tem o direito de conhecer o nosso pai. As pessoas mudam mãe, dê uma chance para o meu pai mostrar para você.

- Eu não posso Haley, seu irmaõ pode se decepcionar e pior do que vê-lo assim. –disse olhando para a sala. - É ver a decepção em seus olhos.

- Mãe.

- Haley daqui a mais 9 anos ele poderá fazer o que quiser e conhecer ao pai se quiser, mas não agora.

- Você tem medo do quê? O que pode mudar daqui a mais tempo.

- Que talvez eu pare de odiá-lo ate lá e conseguir pelo menos ter uma conversa civilizada sem que eu acabe indo para cima dele. Machucando-o como fez comigo, conosco.  – sua voz estava dura e fria.

Suas palavras vieram como facas para cima de mim, destruindo a minha chance de um dia poder vê-los juntos de novo. Não conseguia mais encarar ela e voltou para sala, falei baixinho para o Trent:

- Leia a minha mãe veja se ela realmente odeia ao meu pai, por favor.

Quando minha mãe voltou para sala, era como se nem tivéssemos tido aquela conversa antes, pegando ao álbum para guarda-lo. Trent pegou de leve a mãe da minha mãe e ela olhou para ele, seu olhar ficou vidrado por poucos segundos e ele disse:

- Desculpe, mas caiu essa foto do álbum. – disse mostrando a fotografia de em que e meus pais estávamos em uma praia, algo nela era estranha. Eu teria uns 5 anos nela e antes eu consegui me lembrar do meu aniversario do Hamtaro, mas não havia nenhuma recordação daquele dia.

- O que aconteceu nesse dia mãe? Não me lembro de ir á praia quando era criança.

- Foi um dia estranho porque no começo você estava toda animada, foi mergulhar com seu pai, mas depois de um tempo estava insistindo para irmos embora e não me falava o motivo para aquilo.

Peguei aquela foto e tentei procurar por alguma lembrança daquele dia, mas nada aparecia. Era essa a memoria que eu apaguei da minha memoria. Aconteceu alguma coisa naquela praia para que eu a tivesse apagado mais o quê?

Comecei a ouvir batidas vindas de fora da minha casa e sai para ver o que era a noite já estava caindo um céu estrelado ao lado de uma belíssima lua cheia estavam dando a nós um presente de tamanha beleza. Na arvore onde estava mais cedo estava o Alaric pregando uma casa de madeira nela. Não tinha percebido que eu estava lá fora e continuou o seu serviço. Depois de mais alguns minutos ela estava pronta e desceu na escada que fizera. Me aproximei de onde ele estava, sua camisa grudava no seu corpo de tanto que suou, seus cabelos estavam desgrenhados. Quando me viu abriu um sorriso.

- Como você é estraga prazeres eu queria te fazer uma surpresa.

- Com o todo aquele barulho você realmente achou que eu não iria vir ver o que esta acontecendo? Como você fez tudo isso?

- Eu tive ajuda do cara da madeireira e nós fizemos lá a casa para que você não visse todo o trabalho antes de estar pronto porque mesmo você vendo não totalmente pronta ainda é uma surpresa.

- Por que Alaric se dar a todo esse trabalho?

- Era um sonho seu Cinderela e eu não consegui resistir em realiza-lo. – eu o abracei e disse:

- Obrigada. – com lagrimas escorrendo.

- Não chore, por favor.

- Eu choro sim porque eu não sei o que aconteceu com a minha vida, mas ela mudou desde que você chegou nela, a fazendo voltar a ser boa de novo. Desde começo foi você que estava do meu lado, não importando com o que eu seria não desistiu de mim quando eu dei milhões de motivos para isso. O motivo de que eu continuo lutando para descobrir tudo vem de você. Eu não sei o que se passa mais dentro de mim, não sei quando nem como mais algo mudou entre nós e todos esses anos que eu vive eu me sentia incompleta por perder o que eu sou, mas você me devolve isso todos os dias quando eu olho seus olhos e a sua esperança me renova. Enquanto eu estiver ao seu lado eu sei que eu conseguirei tudo o que eu quero. Não sei mais como agradecer a tudo que você esta fazendo por mim, mas sei que preciso descobrir as minhas respostas.

Eu lhe dei um beijo na bochecha, entrei em casa e subi para meu quarto. Pela janela ainda conseguia vê-lo parado onde eu estava antes com sua mão na bochecha em que lhe dei o beijo. Não era justo magoa-lo, então precisava saber de uma vez por todas o que sentia por ele.

Abraçada pelas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora