Capítulo 15

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O quanto aquele vestido era bonito tinha de pesado. De um azul cintilante como o céu, cheio de forros brancos o deixando mais cheio e que fazia com que meu corpo não se se movimentar como de costume e sim de um jeito mais lento tendo de erguê-lo muitas vezes para poder caminhar melhor. Já que em 1840 as mulheres não soltavam seus cabelos em publico, usava o com um coque alto.

A família Schermenn, os grandes descobridores de Guiara, três irmãos com suas belas esposas se tornaram nossos fundadores e como símbolo de gratidão por tudo que fizeram pela cidade os homenageava no dia 15 de abril, que respectivamente eu e o Nathan fazíamos um mês de namoro.

Uma ultima olhada no espelho eu sentia que faltava algo ali - claro que eu sentia isso, ele não estaria aqui comigo. - Não saber onde Nathan estava em pleno aniversario de namoro me deixou um pouco aborrecida e para melhorar só descobri através de uma mensagem que dizia que tinha que resolver problemas familiares. O mesmo motivo que por muitas outras vezes se afastava e não me deixava ajudar. Dizendo sempre:

- Está tudo bem. Eu resolvo essas coisas logo, Hay.

Mas até agora essas coisas pareciam cada vez piorar. Ficava imaginando se os seus pais não gostavam de mim, se ele tem vergonha de me apresentar a eles. Eu não conseguia compreender o jeito dele.

Lembro que ele me contava mais de sua família. Que ela viajava muito era assim também quando era uma criança e quem cuidava dele era a Dora, sua governanta. De começo percebia que ela não gostava do nosso namoro, mas com o tempo viu que eu o fazia feliz e não se preocupou mais. Diferente da Cristina que por alguma razão - que obviamente ela nunca me explicava, - não o via como a minha alma gêmea. Meu pai desde que comecei a namorar estava um pouco distante. Viajava todos os fins de semanas e nos dias da semana só nos víamos brevemente. Ele não havia se posicionado sobre o meu namoro e eu preferia assim. Não queria que sua opinião me afetasse como a dos outros. Meus amigos foram os que melhor aceitaram a Brenda dava pulos de felicidade, por falar nela havia saído algumas vezes com o Jeferson e sempre voltava suspirando, esses dois logo seriam um casal. Maggie e Derek já eram um dilema, já ela por alguma razão não tinha sentimentos por nenhum garoto, até ficava com um ou outro, mas nunca dizendo que aquele mexeu com ela. Maggie era como eu mais nova também, só que ela só se fecha para os homens. Algo aconteceu em sua vida para se tornar assim. Só que ela não era dessas que se abrir fácil com alguém. Sua confiança é para poucos, Brenda e Derek a conseguiram, mas eu ainda não.

Sempre que podíamos nós 5 estávamos saindo juntos para o cinema, a Cornon Coffee, Na praça, e eu amava a vida que estava levando aqui, o único problema veio quando o Nathan tinha que sair sem me explicar o motivo direito. Uma dessas vezes ele havia me chamado para jantar em sua casa que ele iria prepara-lo. Fez um fettuccine recheado com parmesão e ricota e um salmão grelhado ao molho rose. Para a sobremesa preparou crostata de marshmallows e ganache de chocolate. Tudo está divino e me senti totalmente mimada ao meu namorado ser um chef da cozinha. Depois do jantar tomamos um vinho seco perto da lareira, mas logo as coisas começaram a esquentar mais do que deviam e estávamos dando uns amassos no chão da sala. Aí quando estou incrivelmente no clima de algo mais ele resolve parar tudo alegando que precisaria sair para resolver algo assim do nada. O confrontei querendo saber do que ele precisava fazer, mas sempre a mesma resposta. Eu resolvo tudo Hay. Assim foi o nosso ultimo momento juntos, que inclusive foi ontem que ocorreu.

Tentei tirar um pouco ele da minha cabeça. Fazer com aquela noite seja boa, porém algo dentro de mim dizia que hoje muitas coisas iriam mudar. Então caminhei para fora do meu quarto em direção à saída da pousada.

Ter que ficar segurando aquele vestido nas escadas era realmente um grande esforço. Como aquelas mulheres no século XIX conseguiam? Direcionando-me a finalmente a saída da pousada, vejo que uma moto está vindo  se estacionar em frente. Descendo dela e retirando seu capacete fico perplexa. Não conseguia acreditar no que meus olhos estavam vendo. Seus olhos azuis que eram do azul mais cintilante que já vi, oceanos o banhavam dentro de seu olhar; cabelos desgrenhados por conta do vento, de um louro bem escuro e cortado rente a seu rosto. Vestindo calças pretas, jaqueta de couro e uma camiseta branca colada a seu corpo que moldava muito bem seus músculos. Não poderia ser. Eu havia sonhado, inventado aquele homem, ele não poderia estar ali na minha frente e vindo em minha direção neste momento. Senti que meu coração acelerava a cada passo que ele dava, minha mente pensava em como eu estava abraçada a seu corpo naquele sonho. De como me sentia protegida naquele momento e como esse sentimento era estranho agora, porque não me sentia protegida e sim com certo medo quando seus olhos caíram sobre mim e o vi piscar. Por um breve segundo que ele passou por mim percebi que tinha prendido a respiração e recuperei o ar. Quando estava longe. Balancei minha cabeça crendo que tudo aquilo era uma alucinação, ou um devaneio. Não podia ser real. Continuei andando quando perto da moto eu vi duas garotas com expressão de perplexidade e de admiração, mas seu olhar não estava direcionado a mim e sim a quem estava entrando na pousada. Não é um devaneio e muito menos sonhando. É tudo real.

Abraçada pelas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora