🔸🔶 Capítulo 18 - Normalidade🔶🔸

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O futuro pode ser promissor, embora ninguém tenha certeza disso
E se o fim for triste, pelo menos tivemos estes momentos

Another Year - Finneas

Quando entramos pela porta da sala, Richard está sentado com sua xícara de café à frente da TV.
Eu e Mário desejamos bom dia em uníssono.

— Onde estão os outros? — Mário pergunta, avaliando a sala.

— Considerando que Amanda chegou ao meu quarto e de sua mãe correndo e a arrastando da cama, gritando para que ela olhasse pela janela do seu quarto, — Richard não deixa de encarar a televisão, com calma — acredito que estejam lá em cima ainda.

Poderia cair no chão e desaparecer, tudo no mesmo momento.
Mas apenas engulo em seco, contendo o rubor.
Quando sigo para a cozinha, vejo de relance um sorriso curvar a boca de Richard. Abro o armário e pego um copo de água na torneira.

— Elas não vão me dar paz — murmuro, bebendo metade do copo de uma só vez quando Mário entra na cozinha e se encosta no balcão.

— Bryce não vai ser muito melhor — ele estala a língua, mas sorri. E eu sorrio, porque nesse momento nada faz mais sentido para o meu cérebro do que sorrir; quase posso sentir a serotonina flutuando no meu corpo.

Não demora muito para que ouçamos passos na escada.
Respiro fundo para sair da cozinha, mas Mário toca minha mão. Muito rapidamente, ele toca meus lábios com os seus em um pequeno beijo.

— Jamais vou me acostumar com isso... — ele murmura, próximo à minha boca.

— Bom, eu também não... — Elliot, que estava parado a um passo da porta sem que percebêssemos, entra na cozinha e toma o copo que está em minhas mãos. Enquanto sinto minhas bochechas corarem, ele caminha até a pia, mas hesita. Olha para mim, depois para Mário, e então para mim mais uma vez. Por fim, volta a encarar o copo com cara de nojo.

— Melhor não — murmura enquanto pega outro copo no armário.

— Bom dia para você também, tio — Mário revira os olhos, me puxando para fora da cozinha.

— Um belo dia, sobrinhos — posso sentir o sorriso de Elliot em sua fala.

Me surpreendo com a sensação que toma meu coração com essa simples frase, que ainda por cima veio carregada de deboche. Mesmo que eu pudesse sentir uma conexão com os Willians, pensar ser parte da família novamente é algo que me enche de uma sensação que mal posso explicar... Nervosismo, alegria, gratidão e tensão, tudo ao mesmo tempo.
Quando chegamos na sala, eu já havia soltado a mão de Mário. Não porque tivesse vergonha de todos eles, mas para que esse momento possa se passar da forma mais normal possível.
E com "esse momento" eu quero dizer o instante em que entramos no cômodo e encontramos o olhar de todos, que pairam imediatamente sobre nós dois, avaliando. Há emoções diferentes no olhar de cada pessoa na sala: surpresa, alegria, carinho, fraternidade, divertimento, hesitação... E encontro alguns olhos cintilando enquanto absorvo a reação de cada um.
Só percebo que Amanda está correndo em minha direção quando sinto o impacto. Tenho que dar um passo para trás para não cair. Todos na sala parecem começar a conversar sobre outros assuntos, também tentando fazer o momento parecer o mais normal possível. Amanda ri e chora em meu ombro e me aperta forte, tudo ao mesmo tempo, e sou obrigada a rir de sua reação.

— Benditas sejam aquelas cartas — ela murmura, rindo — Benditas sejam!

Afasto Amanda apenas o suficiente para poder olhar nos olhos dela.

— Obrigada — murmuro para ela, secando uma lágrima que escorrega por sua bochecha. Ela sorri para mim e balança a cabeça para cima e para baixo.

Lágrimas De Vidro - LIVRO 2 - Duologia Em Busca Da FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora