🔸🔶Capítulo 33 - Danos colaterais🔶🔸

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Eu sei que não há esperança, mas espero
Tomando conhecimento do meu coração partido

Can you hear me? - Munn

Beatrice me puxa para trás.
Cambaleio quando ela me solta, sabendo que estou fraca demais agora.
Isabela corre até mim, por instinto, e Beatrice tranca a porta — dessa vez, comigo, ela e Isabela dentro do quarto.

Beatrice pega o celular, clicando algumas vezes na tela antes de iniciar uma chamada.
Percebo que só há dois cortes na bochecha dela, mas eles parecem profundos e o sangue pinga até a camiseta que ela está usando.
Cambaleio até a cama, a dor em minha face cegando meus olhos por um instante. Pelo olhar de Isabela sobre mim, sei que minha situação provavelmente está ainda pior do que a de Beatrice.

— Você recebeu alta? — pergunto, enquanto Isabela tenta, de alguma forma, limpar o sangue com seus dedos.

— Sim. Peguei um táxi e vim direto pra cá, esperava encontrar você e Mário... — a voz dela é baixa, aguda.

Só percebo que Beatrice está ligando para Mário quando ouço a voz dele no alto falante, grave e incendiada:

— Sua maldita filha da puta...

Não sei onde ela conseguiu o número de Mário, mas essa não é a coisa mais bizarra no momento.

— Controle sua boca ou não poderemos ter essa conversa — Beatrice cantarola.

— Solte ela. Imediatamente — Mário grunhe.

O sorriso se espalha pela boca de Beatrice. Percebo que a mão dela também está sangrando, ferida pelos estilhaços que voaram da janela.

— Isso parece vantajoso apenas para um de nós, não acha? — ela questiona, a voz calma.

Mário solta uma risada, e até mesmo eu me enrijeço. O som é oco, grave... Uma promessa de violência.

— Se acha que vou negociar, está muito enganada. É preciso apenas uma maldita palavra fora do lugar pra polícia entrar nesse lugar e esfregar sua cara no chão.

Beatrice olha pela janela, se aproximando o suficiente para olhar o chão abaixo. Ela acena para Mário, um sorriso no rosto.

— E basta apenas um empurrão pra que alguém caia daqui — ela murmura — Pode me ameaçar o quanto quiser, Mário. Pode me prender, mandar que me matem ou o que desejar, mas se você não tiver a Luna, de que serve tudo isso então?

Tenho vontade de gritar que ela não seria capaz, mas o sangue que ainda escorre pelo meu rosto é prova do contrário.

— Vadia desgraçada — Isabela grunhe, mas Beatrice apenas dirige mais um de seus sorrisos a ela.

— Essa é a voz da Isabela? — Mário pergunta pelo telefone.

— Um brinde inesperado. Não é adorável? — Beatrice volta a cantarolar.

Eu poderia jogá-la da maldita janela nesse momento, passando por cima de todos os meus escrúpulos e de qualquer sentimento. Mas, quando me viro para o espelho na parede paralela à cama, solto um suspiro. O sangue escorre da minha testa, da minha bochecha e do meu nariz. Está encharcando meu ombro agora. Tenho vontade de chorar, gritar, fazer qualquer coisa... Mas tudo o que posso fazer é olhar para Beatrice, esperar ela ou Mário quebrarem o maldito silêncio que se instalou.

É ele quem fala primeiro, a voz carregada de ódio, mas posso sentir o cansaço por trás das palavras:

— O que você quer?

Lágrimas De Vidro - LIVRO 2 - Duologia Em Busca Da FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora