🔸🔶Capítulo 30 - A verdade dói🔶🔸

1.6K 156 15
                                    

Procurando uma maneira melhor de lidar com todas as pequenas mudanças
Que continuam me assustando
Não faria mal descobrir uma maneira melhor de fingir

So I don't let me down - Clinton Kane

Não sou capaz de verbalizar o que estou pensando, então Isabela o faz por mim.

— Sim, Luna... Eu sabia das suas suspeitas — ela leva a mão ao rosto, afastando as lágrimas, mas é inútil, já que o choro agora é torrencial — Eu soube desde o momento em que você sempre me encarava quando precisava sair pra algum lugar e me deixar sozinha... Desde que você nunca mais ficou sozinha comigo... Desde que percebi a forma como você olhava pra mim. E sabia que tinha a ver com ela, que Beatrice havia feito você acreditar em algo, que ela havia armado para mim, e, principalmente, que havia poucas coisas que eu poderia fazer pra te convencer de que era alguma mentira.

— Você perdeu sangue, Isabela. É melhor não fazer esforço — Mário fala, mas ele já deixou de fazer parte da conversa há um tempo.

— Não sabe o quão doloroso foi para mim... — sussurro, minha voz engasgada.

Um soluço sai de Isabela, estrangula suas próximas palavras.

— Eu não sei o quão doloroso foi? Pense em como se sentiria se sua irmã achasse que você é uma psicopata — há tanta mágoa, tanta dor em cada palavra que sai dela, como se ela estivesse engasgada com isso há muito tempo. E o olhar... Desvio meus olhos de rosto, porque não sei se posso suportar. Mas não fico calada, não quando ainda não defendi minhas atitudes.

— Você estava se comportando de forma estranha! — grunho. Mas, percebo, tenho que convencer até eu mesma de minhas palavras. Tudo que eu posso dizer, todas as desculpas que passam pela minha cabeça, parecem miseráveis demais em comparação às acusações de Isabela.

— Você nunca me perguntou por que diabos eu estava daquela forma! — Isabela grita.

Tenho vontade de gritar também, de revidar, mas sei que a qualquer momento alguém poderia entrar pela porta para ver o que está acontecendo. Então, tento manter minha voz o mais controlada possível, mas sou apenas um emaranhado de lágrimas e palavras. Aponto um dedo para Isabela.

— Você deixou que eu ficasse ao lado da Beatrice, permitiu que eu chorasse no ombro dela sem saber a real mulher que estava o meu lado!

— Eu tentei te dizer para não compartilhar seus planos e suas descobertas! — ela contrapõe.

— Eu conhecia a Beatrice há anos! Você não me deu motivos concretos pra não confiar nela!

Sinto como se não houvesse ar o suficiente no mundo nesse momento.

— Eu também! — Isabela bate as mãos na cama, tentando se sentar, mas conseguindo apenas colocar o seu peso sobre os cotovelos antes que a dor a faça parar o movimento — Eu também conhecia ela há anos, ela também era minha amiga! Eu tive medo, porra! Pense no quão doloroso supostamente foi para você duvidar de mim e saiba que eu também senti isso! Também senti isso quando comecei a cutucar todos os registros da Beatrice e investigar a vida dela como uma criminosa! E eu tive medo! Medo de que tudo fosse apenas um engano, medo de que eu estivesse ficando louca, medo de não ter provas o suficientes e que, de alguma forma, ela conseguisse voltar isso contra mim! Você não me acusou, eu não acusei ela, e deixamos que todos ao nosso redor convivessem comigo e com ela mesmo com nossas desconfianças, então pare de achar que você foi melhor do que eu nessa história!

— Chega! — Mário explode, se colocando entre nós duas, nos obrigando a olhar para ele — Quando foi que isso virou uma discussão para descobrir quem machuca mais a outra? Parem com essa porra! — sua voz é dura, calma e exaltada ao mesmo tempo.

Lágrimas De Vidro - LIVRO 2 - Duologia Em Busca Da FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora