Debaixo dessa avalanche com você
Eu sinto o mundo desabando
Está me quebrando, quebrando até os ossosAvalanche - James Arthur
Dylan precisa de um transplante de medula.
São 7 da noite.
Isabela ligou 4 vezes.
Passei o dia inteiro suando frio.
E eu estou exausta.
Foi um péssimo dia.Mário abre a porta de seu apartamento para mim, mas mal consigo dar um passo sem me encostar na parede .
— Tudo bem? — ele pergunta. Não está, não hoje, mas sei o que ele quer dizer e apenas balanço a cabeça em afirmação.
— Só preciso me sentar um pouco — murmuro.
Mário ajeita o sofá para mim. Tiro meus sapatos e deixo meu casaco no gancho do lado da porta. Quando ele se senta ao meu lado, puxa minha cabeça para seu peito. Ficamos assim por um tempo.
Cada cena do dia passa por minha cabeça em repetição.
Chegamos ao hospital desesperados. Graças a Deus tínhamos os documentos de Dylan.
Nos apresentamos como amigos da mãe dele, que supostamente estava fora da cidade, mesmo que eu visse a incerteza nos olhos de Mário — que, mesmo sem falar, não se conforma com o fato de termos pego o Dylan.
Eu mesma não sei onde estava com a cabeça.
E vimos a situação se agravar quando recebemos a notícia de que a doença de Dylan havia piorado. Quando o médico disse que deveríamos entrar em contato com a mãe dele, quando ele disse "infelizmente, o transplante não é mais uma opção. É a única opção".
Pelo olhar de Mário, eu soube que havia chegado momento que ele temeu desde que retiramos Dylan de seu quarto. Entretanto, antes que eu dissesse a Mário que concordava em finalmente procurar a polícia e dizer que não conseguíamos entrar em contato com a mãe de Dylan e nós, amigos dela, estávamos preocupados, ele chamou minha atenção para a tela da pequena televisão da sala de espera.
Eu não aguardava pelo que veria ali.
A foto de Mariah estava estampada em metade da tela. Me atentei ao que estava escrito na tela e ao que o repórter falava. De acordo com ele, o perito ainda não havia dado um veredito, mas tudo indicava que havia sido um assassinato. Os vizinhos deram depoimentos apressados para os repórteres... tudo parecia passar muito rápido. Três pessoas falaram, dois homens e uma mulher, todos eles dizendo que não tinham convivência real com Mariah, que ela era uma pessoa extremamente reservada, que não se dispôs sequer a fazer parte das associações do bairro, mas todos também afirmaram que a haviam visto sair de casa algumas vezes com um garoto de mais ou menos 3 anos. Ao final, o apresentador afirmou que o garoto não estava na casa e ainda não havia sido encontrado. Logo passaram para outra notícia — Chicago era muito grande para que uma informação dessa tomasse mais de 5 minutos no quadro de notícias.
Olhei para Mário de imediato. Não havia mais como adiar.Depois que telefonamos, demorou apenas 10 minutos para que a polícia aparecesse no hospital.
— Está com dor de cabeça? — Mário pergunta, a voz acima da minha cabeça, que permanece deitada em seu colo.
— Não — balanço a cabeça de leve — Pareço tão mal assim? — forço um sorriso.
— Na verdade apenas quero saber se uma garrafa de vinho ajuda ou atrapalha — ele murmura.
— Ajuda — respondo, de imediato.
Mário se levanta e deita minha cabeça no sofá, com cuidado. Deposita um beijo na minha testa antes de caminhar até sua cozinha, onde não posso vê-lo.
Ouço o telefone tocar enquanto ele bate as portas do armário.— É Isabela? — pergunto de forma que ele me escute.
Ouço-o suspirar.
— Sim. Vocês conversaram assim que saímos do hospital... Ela não se cansa?
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Lágrimas De Vidro - LIVRO 2 - Duologia Em Busca Da Felicidade
ChickLitLuna jurou vingança e, apesar dos olhos bondosos, ela é implacável quando está diante de seus cacos. Após uma descoberta que mudou tudo em que acreditava, essa mulher lutará para fazer com que os responsáveis pelo desastre de sua vida paguem pelos a...