Aurora Ambrosius
Estava pronta para me juntar aos outros alunos. Minerva me acompanhou até a porta e ali nos despedimos.
Adentrei e de cara notei algo que me incomodou. As casas ficavam separadas, como se fossem seres completamente diferentes e não pudessem me misturar. Senti uma vontade imensa de acabar com aquilo e fazer todos jantarem juntos mas sabia que, como eles estavam acostumados assim, não aceitariam essa mistura de cara e de uma vez eu acabaria com minha reputação. Talvez fosse melhor trabalhar isso antes.
Quando saí de meus pensamentos vi que metade da escola estava me encarando, parada na porta. É, eu realmente sei causar uma boa impressão. Olho um pouco além e vejo Gina sentada na mesa da Grifinória acenando para mim. Vou em sua direção e sento na sua frente.
- Aurora que bom te ver aqui. - A ruiva disse animada.
- Igualmente. E obrigada por me chamar, se não fosse você estaria perdida sem saber onde ficar. - Agradeço.
- Vocês se conhecem? - Uma menina de cabelos castanhos sentada ao lado dela pergunta.
- Sim. Nos conhecemos por acaso na estação quando...
- Quando sua furão roubou meu lanche. - Rony, que estava um pouco distante fala.
- Então, eu me chamo Aurora. - Volto a falar com a morena.
- É, nós sabemos. - Ela aponta com a cabeça na direção de onde o diretor estava, nós duas rimos.
- Ok tem razão, não preciso de mais apresentações. - Concluo. - E você é?
- Ah, sou Hermione Granger. - Ela se apresenta e apertamos as mãos.
Já tinha ouvido falar dela. Minerva sempre se referia a ela como a melhor aluna de Hogwarts. As vezes ela me contava algumas coisas sobre os alunos então sei algumas coisinhas sobre ela.
- Hermione... Ah sim, Hermione Granger. Isso mesmo. - Digo me lembrando. - A melhor aluna de Hogwarts. Você é trouxa não é, assim como seus pais?
Ela me olha de cara feia, levanta sua postura e fala.
- Por que? Por acaso ter preconceito com trouxas em Hogwarts?? - Ela fala, pronta para começar uma discusão.
- Não! - Digo rapidamente. - É claro que não! Além de na minha opinião isso ser completamente ridículo não faria o menor sentido porque também sou trouxa. - Concluo e ela muda de expressão ficando mais relaxada.
- Ah...me desculpe. Eu tinha me esquecido disso. - Ela fala tentando ajeitar as coisas.
- Tudo bem.
Nesse momento percebi que não eram só os "sangue puros" que tinham preconceito com os "sangue ruins", os "sangue ruins" também julgavam os "sangue puros" que não conheciam como preconceituosos. Isso tudo, toda essa divisão é muito triste.
Sou tirada de meus pensamentos com uma voz vindo de alguém de trás de mim.
- Hermione você sabe onde coloquei minha capa? Estava até agora no quarto procurando pois preciso pegar um livro na área restrita da biblioteca e....
Eu me viro e nós nos olhamos. Aqueles óculos redondos... Aquela cicatriz... Aqueles inconfundíveis olhos azuis... OH MEUS DEUS! É ele?? Não é possivel... Será que é..?
- H..Harry..? - Minha voz quase não sai, minha garganta falha e quase não consigo ouvir minha própria voz.
- P..Passarinho? - Ele diz tão chocado quanto eu.
OKAY, esse é o apelido que ele me deu no dia que nos conhecemos. MEU DEUS ELE LEMBRA!!! Mas espera, ele morreu....como ele pode estar aqui agora??
Me levanto e fico na frente dele. Todos da mesa nos olham completamente confusos.
- No dia em que nos conhecemos eu estava brincando na rua e... - Eu começo e sou interrompida.
- Você caiu e ralou o joelho. - Ele continua.
- Você me pegou e me sentou na calçada...
- Fiz um curativo no seu machucado...
- Nos apresentamos...
- Mas você não queria que eu te chamasse pelo seu nome então concordamos que a primeiro coisa que passasse na nossa frente seria seu apelido.
- E a primeira coisa que apareceu foi... - Mal conseguia falar, lágrimas já corriam pelo meu rosto.
- Um passarinho. - Falamos ao mesmo tempo.
- Ahh meu deus! - Eu corro para seus braços e nós dois estamos chorando.
Meu deus... O que acabou de acontecer?? Eu estou abraçada com meu melhor amigo que a cinco minutos atrás estava morto. Nossa...como eu senti falta dele.
Ficamos ali abraçados com toda aquela saudade saindo pelos nossos olhos. Quando ele me segura pelos ombros e olha pra mim.
- Você está bem?? Meu Merlin, como foi que te perdi de vista assim??
- Eu estou bem...Eu estou... - Não aguento e volto a chorar com o rosto eu seu peito.
Ele levanta meu rosto e o examina.
- Aurora. - Ele passa a mão na cicatriz em meu queixo. - Quem fez isso com você?? Aurora! Quem fez isso?? - Ele pergunta com uma mistura de raiva e preocupação.
Eu nego com a cabeça dizendo que não quero falar sobre isso. Ele entende e me abraça.
- Ta tudo bem... Tudo bem, eu tô aqui.
Quando me recupero levanto meu rosto e olho pra ele. Fico um tempo encarando seu rosto vendo o quanto ele mudou e cresceu desde a última vez que nos vimos. Mas vários pensamentos começam a passar pela minha cabeça e um sentimente de indignação preenche meu peito e dou o tapa na cara dele. Não foi forte mas foi o suficiente para assustá-lo.
- Onde você esteve?? Por que sumiu derrepente?? Me abandonou sozinha e me deixou acreditar que estava morto!
- Morto? Não, espera ai... - Ele fala confuso - Eu te escrevi uma carta, expliquei que meus tios estavam me prendendo em casa...mas você nunca me respondeu. Achei que estava brava comigo.
- Harry eu nunca recebi a sua carta... Eu fui ao nosso esconderijo todos os dias durante um ano esperando você aparecer. E depois seus tios me disseram que você tinha morrido em uma das viagens para o seu "colégio interno" - Expliquei enquanto enxugava minhas lágrimas.
- Ahh os Dursleys... - Ele fala com raiva. - Nunca gostaram que eu tivesse contato com outras pessoas.
Eu conhecia aquele olhar, ele estava bravo. Eu também estava. Estava indignada por terem mentido pra mim sobre algo tão sério. Por terem feito eu acreditar que tinha perdido a única pessoa que amei em anos pra sempre. Mas não importa, pelo menos não agora. Tudo que eu quero é recuperar nosso anos perdidos.
- Ei...tá tudo bem. Não importa mais. - Eu seguro seu rosto. - Por favor só me prometa que nunca mais vai me deixar.
- Eu prometo passarinho. - Ele me abraça.
Nossa...eu senti falta desse apelido, desse abraço, desse menino...
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A filha de Merlin
FanfictionTodos já ouviram a lenda de Merlin Ambrosius. O menino que nasceu de um amor entre uma princesa, e um ser maligno. A criança, julgada como uma aberração por ter herdado os poderes de seu pai. A criança que cresceu, se afastou, e se tornou o bruxo ma...