Capítulo 42

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Narradora  on

A lua estava em seu ponto mais alto e o vento uivava junto ao som dos galhos das árvores se remexendo quando Aurora se aproximava da saída do castelo.
Quando entrou pela primeira vez nos muros de Hogwarts não imaginou que estaria saindo tão cedo, mesmo que em missão pela mesma. Seu coração se questionava sobre ser capaz de tal tarefa, e ansiava por honrar o nome de seu pai e lhe dar orgulho. Enquanto sua mente rolava uma lista onde tentava se recordar de algo poderia ter esquecido de pôr na mala. 

Merlin era um homem bom. Alguém que acreditava no potencial de cada um, trouxa ou bruxo, diferente de seu preconceituoso irmão Salazar. O velho bruxo cresceu influenciado por sua bondosa mãe, enquanto o menino tinha a mente sendo impregnada pela maldade de seu pai. Merlin, como irmão mais velho, foi quem herdou os poderes do pai, causando inveja no casula. Mesmo assim sempre desejou amar o irmão e escolheu acreditar que no fundo ele poderia ser uma boa pessoa.
Como uma de sua provas de amor, na criação das casas de Hogwarts, batizou sua casa com o sobrenome do irmão e tornou-o sub-diretor da mesma. Mas não podemos dizer que Merlin acertou com essa decisão.
Apesar dos avisos, quando Merlin fugiu para a distante floresta, Salazar insistiu em ficar e no pouco tempo em que esteve no controle da casa pregou seu desgosto pelo nomeados "sangues-ruins" e transformou o orgulho da casa em algo tóxico, causando discórdia entre os outros três líderes e fazendo crescer assim a péssima imagem contra os próprios Sonserinos. Sua ambição descontrolada prejudicou muito a escola e a pedido do próprio irmão, que mesmo distante mantinha contato com seus velhos amigos fundadores, foi condenado a expulsão pelo trio. Mas isso não chegou a acontecer, todos acabaram mortos no Massacre aos Fundadores causado por motivos até hoje desconhecidos.

Merlin podia ser bom mas era um fiel sonserino, afinal, era o fundador da casa. Tinha consciência de que deu todas as chances ao irmão e não se deu ao trabalho de sofrer por sua morte. Qualquer lágrima dedicada a ele já havia sido gasta nos anos desde sua infância, onde o menino só provava ser realmente filho de algo tão desprezível como era seu pai. Não, ele se ocupou em preencher uma prateleira de sua disfarçada casa na floresta, com fotos e lembranças de antigas aventuras que viveu com sua verdadeira família. Aquela que continha apenas quatro membros. Fez questão de lembrar das competições acirradas com seu grande amigo Godric Grifinória, das inúteis porém curiosas histórias contadas toda noite pela Rowena Corvinal, e dos mimos e puxões de orelha que levava da amável Helga Lufa-Lufa.

Aurora se perguntava como seu pai suportou perder todos os seus amigos assim, quase que ao mesmo tempo. Lembrava de que quando criança limpava alguns dos retratos e quando perguntava sobre suas histórias seu pai abria um largo sorriso, a chamava para perto e contava com emoção cada uma das enrascadas em que o quarteto se metia. Ele não parecia triste. Sorria a gargalhava lembrando das piadas sem graça que Godric contava ao ficar nervoso, das bizarras teorias inventadas no meio da madrugada por Rowena e dos surtos de Helga quando o mesmo conseguia desgastar sua paciência até a última gota. Algumas lágrimas surgiam, sim ela lembrava disso perfeitamente, mas não eram lágrimas de luto, eram de alegria e de orgulho por ter feito parte de algo tão maravilhoso. As vezes as lembranças apertavam seu coração, mas ele sempre dizia que essa dor era causada pelos três brigando por espaço dentro do pequeno coração do velho. 

Ele sempre dizia que os amigos sempre estariam com ele, e Aurora pôde sorrir ao imaginar em que enrascadas aqueles quatro estariam se metendo onde quer que estivessem. Ouviu sua cabeça puxar a risada de seu pai do fundo de suas lembranças e sorriu mais uma vez olhando a lua e desejando que "o além" fosse tão bom quanto seu pai dizia que seria quando lhe confortava sobre sua velhice.
A verdadeira história dos quatro fundadores, se contada com detalhes, era algo realmente encantador. Algo que fazia o coração da jovem se aquecer e ansiar por amizades que ficariam na história, não só no mundo bruxo, mas gravadas eternamente em seu coração.

A filha de MerlinOnde histórias criam vida. Descubra agora