- É claro, Draco. - Aurora prendeu a respiração na tentativa de conter o nervosismo.
O loiro puxou uma cadeira acolchoada para o lado da cama. Se sentou e cruzou as mãos, se inclinando pra frente apoiando os cotovelos nos joelhos.
- Você quer....
- Quero falar sobre a noite na torre de astronomia. - Draco concluiu com seus olhos concentrados na barra da coberta que tocava o chão, sem conseguir tentar algum contato visual.
As mãos geladas da loira se concentravam em trançar a franja de uma das almofadas em seu colo nervosamente, enquanto seus olhos lutavam em indecisão de olha-lo ou de permanecerem baixos.
- Conheço Pansy desde que me lembro e tenho quase certeza que ela já te falou sobre meu último relacionamento.
- Já sim. - Respondeu sem olha-lo, a voz inocente.
- Eu nunca fui de relacionamentos sérios. Pelo contrário, nunca dei muita importância e apenas chamava alguém quando queria. Mas o motivo pelo qual namorei Astória durante quase três anos....
- Por que está me contando isso? - Aurora o olhou, se sentindo levemente incomodada com o relato, sem saber bem o que pensar.
- Foi porque ela sempre esteve comigo. - Draco continuou, mais sensível e aberto do que costumava se apresentar. Mas mal se preocupou com isso, pois sentia que não precisava manter nenhuma máscara com Aurora. - Diferente do que costumam fazer, ela não me julgou. Me apoiou e...me fazia rir em meio a qualquer escuridão. Como você.
Enfim os olhos de tempestade foram erguidos e encontraram aquelas doces e leves nascentes que corriam sem pressa nos olhos de Aurora.
- Aurora, eu realmente gosto de você, da sua companhia. De alguma forma me sinto ligado a você e não sei explicar. Não consigo mentir para você, pareço capaz de sentir o que você sente, e me sinto bem perto de você. Mas....
- Você está confuso. Indeciso. É, eu sei. Vejo nos seus olhos. - Aurora deu de ombros pensativa. Gostava de Draco. Gostava mesmo. Mas agora refletia sobre a capacidade que ambos tinham de ler seus sentimentos.
Eles permaneceram em silêncio por um tempo. Se encarando nos olhos por alguns segundos, e foram capaz de se ler como nenhum vidente jamais conseguiria.
Mas como? Por que?Se entendiam como ninguém, e não se sentiam mal por estarem "expostos" sentimentalmente. Pelo contrário, sentiam-se confortáveis e livres. Sem máscara ou barreiras, apenas eles.
- Não acha estranho? - Draco retomou. - Nunca me falou sobre isso, mas sei que agora está com dor. Sofrendo. Sua cabeça e coração estão divididos e...sente saudade, e questiona consigo mesma se fez certo em vir e aceitar as drásticas mudanças em sua vida.
O loiro tinha as sobrancelhas franzidas e os olhos surpresos e pensativos. Como fazia aquilo?
Aurora arregalou os olhos, e sua boca entreaberta tentava dizer algo, mas sem sucesso. Malfoy parecia ter acesso às suas dores e sentimentos, o que a fez questionar se sua mente era mesmo tão protegida quanto acreditava.
Mas não, era algo bem mais complicado que Legilimência.Se isso era uma problema, Draco estava tão ferrado quanto. Porque Ambrosius também tinha acesso aos seus sentimentos.
- Sei que é estranho. E realmente não sei o que isso é, ou significa. - Aurora respondeu pensativa.
- Pelo menos isso nos poupa de uma conversa complicada. - Draco murmurou.
Em alguns segundos de reflexão Aurora pensou que deveria dizer algo sobre a "confissão" de Draco, e escolheu bem as palavras.
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A filha de Merlin
FanfictionTodos já ouviram a lenda de Merlin Ambrosius. O menino que nasceu de um amor entre uma princesa, e um ser maligno. A criança, julgada como uma aberração por ter herdado os poderes de seu pai. A criança que cresceu, se afastou, e se tornou o bruxo ma...