Todos já ouviram a lenda de Merlin Ambrosius. O menino que nasceu de um amor entre uma princesa, e um ser maligno. A criança, julgada como uma aberração por ter herdado os poderes de seu pai. A criança que cresceu, se afastou, e se tornou o bruxo ma...
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Aurora Ambrosius
Arrastando os pés, sentindo-me incapaz de fazer movimentos bruscos, me aproximava lentamente, respirando fundo na tentativa de encontrar alguma coragem solta no ar. Estava entrando lá, no quarto de meu pai. Para onde eu corria todas as noites de tempestade, ou quando tinha pesadelos, ou quando implorava para ele levantar e fazer um leite quente para mim.
Passei pela porta e me deparei com o cômodo. O tapete ainda estava lá e a cama ainda arrumada, do jeito que ele deixou pela última vez. Tudo estava empoeirado, e o cheiro do mofo era um grande incômodo, mas eu estranhamente sentia-me muito acolhida.
Dumbledore já havia encontrado a passagem, atrás da cabeceira. A cama estava quase no meio do quarto e uma passagem que levava para a "biblioteca" particular de meu pai estava aberta na parede que ficava atrás dela. Vi o homem passando os dedos pelos livros organizados perfeitamente nas prateleiras, lendo os títulos de cada um mentalmente.
Sentei no colchão coberto pelos lençóis brancos, fazendo com que uma leve nuvem de poeira se levantasse. Nas fronhas vi desenhos muito mal feitos em ponto-cruz, me fazendo lembrar de quando tentamos aprender a arte da costura dos trouxas. A única coisa em que o grande Merlin falhou (miseravelmente), não me deixando muito pra trás. Mas fui capaz de reconhecer o pato roxo de três patas e o rato vesgo de orelhas gigantes.
Me levantei e me aproximei da cômoda onde guardava suas roupas. Em cima dela, uma pilha de desenhos feitos pela mão de uma criança, alguns vidrinhos com poções, e uma porta retrato. Sorri para os desenhos e identifiquei os poções, mas minhas mãos pararam no porta retrato. O que continha uma foto nossa.
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Me lembrava perfeitamente daquele dia. Estava apresentando mais um de meus desenhos, e mais uma vez ele o estava admirando como se se tratasse da obra de arte mais linda que já vira.
Ver aquela foto, sua imagem sem ser aquelas pinturas heróicas feita por criativos artistas, apenas o velho e simples Merlin, me aqueceu o coração. Eu sentia tanta falta, o amava tanto....
Abracei o retrato contra meu peito, forte, e permiti que escorressem as últimas lágrimas com um sorriso. Sorriso e lágrimas de saudade.
- Eles estão aqui! - Meus pensamentos foram interrompidos pela voz agitada de Dumbledore.
