Todos já ouviram a lenda de Merlin Ambrosius. O menino que nasceu de um amor entre uma princesa, e um ser maligno. A criança, julgada como uma aberração por ter herdado os poderes de seu pai. A criança que cresceu, se afastou, e se tornou o bruxo ma...
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Cedric Diggory
Aurora partira. Depois de nosso passeio pela quadra tive que voltar ao treino, ela ficou por um tempo assistindo e opinando, – devo dizer que me surpreendi com seu conhecimento pelo esporte. Quando ouvi que era estrategista não imaginei que em quadra fosse tão boa quanto dizem ser em batalhas. – mas depois foi chamada para uma conversa com o diretor. Conviver com ela é isso, é saber que a qualquer momento podem precisar de Aurora Ambrosius.
Eu gosto de pensar nela – pelo menos quando ficamos sozinhos – como Rora. Apenas Rora. Minha Rora. Uma órfã que veio estudar em Hogwarts, bondosa, linda, cuidadosa, e poderosa. Aquela que tem o gelo e o fogo nas mãos. Hipnótica. Aurora Ambrosius é a bruxa super poderosa, filha de Merlin, princesa e guardiã das casas. Possível futura diretora. Dona de um poder mágico inimaginávelmente grande.
Ambas são perfeitamente belas, mas enquanto Aurora dá mil e uma entrevistas, Rora nega até não ter escolha e se sente desconfortável e invadida em frente aos jornalistas. Aurora é o exemplo. Sempre forte e decidida, que tem um sorriso ensaiado para o público, com aparência sempre pronta para as câmeras e paparazzis, aquela que todos esperam que ela seja. Enquanto Rora é sensível, ela chora, ela tem a risada espontânea mais linda que já ouvi, ela deixa o cabelo se enrolar com o vento e não se importa de se molhar com a chuva mesmo que desfaça seu penteado. Rora sente dor, ela sofre em silêncio enquanto um tufão destroça seu interior, com um sorriso gentil pronto para ser mostrado a todos. Suas imperfeições são perfeitas. E é pelos seus defeitos que eu a amo.
Honestamente não sei quando foi que passei a prestar tanta atenção nela. Já passamos inúmeras horas conversando e nos conhecendo, somos bem próximos. Mas há detalhes que – por mais que eu tente me convencer de que foi ela mesma quem me contou – eu percebi e anotei em minha mente sozinho.
Nos últimos tempos nossa amizade tem se expandido bastante, e as vezes parece que todos os momentos que tivemos e que passaram disso foram apenas um sonho. Um sonho distante que eu tive sozinho, uma vaga lembrança de uma realidade onde ultrapassamos os limites de uma amizade. As vezes acordo de madrugada e tenho que pegar o lápis da minha mesa para convencer a mim mesmo de que nós dois realmente viajamos a Godric's Hollow. Tenho que lembrar a mim mesmo da dor para ter certeza de que fomos atacados e que fui atingido quando fugimos juntos. Tenho que pegar aquela camisa que emprestei a ela quando saímos, e sentir seu cheiro impregnado nela para ter certeza de que uma vez já saímos de Hogwarts. E que nos beijamos no escuro daquela noite.
Eu nem sei o que nós somos. Eu não sei por onde começar. Mas eu posso fingir.
Passei tempos pensando com meus botões, me auto questionando. Harry, por exemplo, é amigo de Aurora. O que eles tem é uma amizade! Eu também sou amigo dela, mas... Nós nos beijamos. Desejamos mais do que uma amizade proporciona. Pensando nisso concluo que o que nós temos é mais que uma simples amizade. Mas também não estamos juntos. Então, o que nós somos? Há um meio termo entre amor e amizade para nos nomear?
