- Q-Quem está aí?
Silêncio. Nada além do som de sapatos batendo no chão gélido. Da sombra de uma cabine surge uma silhueta familiar. Lentamente a figura, até então desconhecida, se aproxima e a luz da janela ao fundo o toca. Primeiro seus lisos cabelos platinados, depois seus profundos e cinzentos olhos e em seguida seus lábios pálidos e seu perfeito maxilar. Era Draco Malfoy.
- Ambrosius? O que está fazendo aqui? - Sua voz soou fazendo eco no banheiro vazio.
A pergunta é, o que ele estava fazendo ali?
Alguns minutos atrás Draco recebeu uma carta. Uma carta de seus pais. Mas, diferente do que qualquer um pensaria, não era uma carta de carinho. Não era parabenizando-o pelo excelente aluno que é, e muito menos para dizer o quanto ele era bom com feitiços e poções. Era uma carta preenchida de raiva e desdém. O ano mal havia começado e a notícia de que, mais uma vez, Draco não tinha sido escolhido para ser capitão de time de quadribol já havia chego nos ouvidos de seu pai.
Lúcios escreveu um grande texto dizendo com palavras pesadas e quanto ele não estava se esforçando o suficiente para ser o melhor. Que estava desonrando o nome e a casa dos Malfoy. Era cruel.
Draco era um garoto forte e quando precisava conseguia fingir que nada estava acontecendo. Mas até o cavalheiro mais forte e com a armadura mais resistente, em algum momento terá que tira-la para respirar. E ele precisava respirar, agora. Precisava deixar sua armadura cair por terra por alguns segundos antes de vesti-la novamente e voltar a ser o cara insensível. Aquele que não liga e não se importa com ninguém além de si mesmo. O sem coração, que não ama e não sofre, apenas existe. Mas isso não era ele, não era Draco Malfoy.
A garota tinha se escorrido na parede minutos antes dele chegar agora estava encolhida, sentada no chão abraçando suas pernas e sendo abraçada pela crise. Estava destruída de uma forma que nunca imaginou que alguém a veria, mas agora, só precisava ter alguém com ela. Mesmo que esse alguém seja Draco.
Ao vê-lo ela se levantou rapidamente e correu para seus braços. Ela se encolheu em seu peito, o que o fez se assustar. Mas, ao perceber o que estava acontecendo, que ela estava chorando e tendo uma crise pela qual ele mesmo já passou inúmeras vezes e sabia exatamente o quanto doía, apenas a abraçou. Parece algo simples para quem vê se fora, mas só quem já passou sabe o quanto um ato tão pequeno pode ajudar. E ele sabia. Apesar de nunca ter tido ninguém com ele quando precisava sabia o quanto seu peito desejava ter alguém, e ser abraçado da forma que não foi por tempos.
Ele sentiu ela soluçar em seu peito enquanto a tinha em seus braços. Sentiu sua blusa ficar levemente molhada com as lágrimas que desciam por suas bochechas. E sentiu quando ela agarrou sua blusa entre os dedos.
Ele não precisava falar nada. Sabia como ela se sentia melhor do que ninguém. Sabia que as vezes só precisamos ter alguém para nos confortar sem perguntar o motivo das lágrimas. Então, ele apenas estava ali. Acariciando seus cabelos com uma das mãos e com a outra a envolvia fazendo-a se sentir segura.
Sem querer, em quanto estavam juntos alí em pé no meio do banheiro, em quanto a confortava, acabou se auto confortando também. Aquele abraço aqueceu seu coração frio e sua mente voou para longe de seus problemas. Pela primeira vez em muito tempo, não estava pensando em seu pai, nem na pressão que recebia de sua família e muito menos estava se preocupando em manter sua postura que todos conheciam na escola. Era apenas ele. O simples menino, Draco Malfoy.
Ele estava se sentindo bem. Depois de muito tempo, estava finalmente se sentindo bem. Bem por ter alguém e por alguém o ter.Aos poucos as lágrimas foram cessando. Aqueles braços ao seu redor a estavam acalmando. Se sentia protegida e acolhida, e era só disso que ela precisava. Ela não sentia mais frio e nem medo, agora estava aquecida pelo carinho e encorajada pela atenção.
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A filha de Merlin
FanfictionTodos já ouviram a lenda de Merlin Ambrosius. O menino que nasceu de um amor entre uma princesa, e um ser maligno. A criança, julgada como uma aberração por ter herdado os poderes de seu pai. A criança que cresceu, se afastou, e se tornou o bruxo ma...