CAMILA

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- Você tem noção disso? Ela perguntou se eu vou chorar quando a vir. Eu sei que isso deveria me motivar mas...

- Eu sei que você tem medo, Shawn. Sei que é difícil achar um médico que realmente queira entrar de cabeça no seu caso mas - ele cortou minha fala.

- Eu sei o quanto isso seria importante pra você, amor. Também sei o quanto isso é importante para Aali e talvez até mesmo para meus pais mas... eu tenho medo. Aali nem se quer entende de verdade o que significa uma cirurgia. Ela não sabe dos riscos e nós acabamos de sair do meio do caos, não quero colocar meus pais de novo no meio da tempestade, não quero colocar Aali, no meio da tempestade... não quero por VOCÊ no meio do caos que isso se tornaria.

Apesar da relutância, sei que Shawn deseja mais que tudo poder ver o mundo mais uma vez. Consigo entender sua relutância. Quer dizer, nós passamos muito tempo com Aali enferma e vivíamos aflitos. Se ele iniciasse um tratamento agora não duvido nada que todos voltaríamos à vida aflita de esperar tudo ficar perfeitamente bem e estável outra vez.

- Eu prometi que vou esperar seu tempo, não vou te pressionar ou algo do tipo. Mas você sabe que eu estarei aqui quando você me disser "meu bem, vou procurar um médico. Quero enxergar novamente".

- Eu sei que vai e também sei que há a possibilidade de eu voltar atrás na minha decisão é só que... eu tenho medo. - sua voz oscilou apenas com seu pensamento repentino - Não quero te perder, te deixar ou seja lá qual é a minha posição nisso tudo. - segurei seu rosto com minhas duas mãos.

- Isso não importa. Pelo menos não agora. Se você tem medo não pense nisso agora. Além do mais, está tudo bem sentir medo.

- Eu vou decepcionar Aali, não vou?

- Claro que não! Aali ainda é uma menininha, quando ela crescer e entender melhor as coisas da vida, tudo ficará bem. Além do mais, ela disse isso apenas porque tem esperança. Aaliyah ainda é pura. É normal ela acreditar que sua visão pode voltar do nada.

°•°○°•°

As crianças estavam felizes por poder abrir os presentes embaixo da enorme árvore montada na sala e eu estava feliz por poder, finalmente, comer alguma coisa nessa casa.

Mamãe tem uma regra irritante de que depois das seis horas da tarde não podemos comer. O porquê? Eu também não sei. Acho que é um tipo de tradição de família.

- Me promete que quando nós nos casarmos essa regra de parar de comer não vai mais existir. - Shawn cochichou no meu ouvido enquanto todos se serviam ao redor da mesa.

- Bom, a ceia será servida apenas à meia noite, mas nada que uns petiscos não resolvam. Não é? - cochichei de volta.

- Meninas, venham comer. - Karen chamou.

- Depois a gente pode continuar brincando com os presentes?

- Podem, só porque hoje é um dia especial. Não se acostumem.

Minhas meninas jantaram tão rápido que eu divido um pouco que elas tenham, de fato, mastigado o que puseram na boca. O que a mágica dos brinquedos faz com uma criança é algo extremamente incrível e assustador.

Não é difícil fazer uma criança como Sofi e Aali feliz. Mesmo que elas tenham de tudo, uma simples bola colorida faz com que elas te amem para sempre, ou pelo menos até alguém dar uma bola colorida maior.

Acho que isso não acontece só com crianças. Os adultos fazem isso muitas vezes na vida, nós que esquecemos de julgá-los por isso. Quer dizer, eu troco de emprego recebo uma proposta de salário melhor, isso é a mesma coisa da bola colorida, não é?!

Shawn e eu estávamos no Jardim vigiando nossas irmãs. Ainda não dei a ele o presente de natal que eu comprei. Fui a uma loja de eletrônicos e comprei uma lente nova para a câmera dele, o vendedor me garantiu que a imagem dela e ampla ou seja lá qual é o terno adequado para "uma lente que pegue uma paisagem inteira e deixe uma ótima qualidade na foto". Espero, de todo o meu coração, que ele tenha entendido o que eu queria e tenha me vendido o produto certo.

- Ei, fique aqui que vou buscar seu presente de natal na sala. - ele apenas assentiu e eu rapidamente fui até a sala pegar o embrulho. - Espero que goste.

- O que é? - ele brincava com o papel do embrulho enquanto tentava descobrir o que tinha lá dentro.

- Você sempre disse que queria tirar fotos com um pouco mais de liberdade então... eu comprei uma lente nova para a sua câmera e o vendedor me garantiu que ela pega uma paisagem inteira sem muito esforço. Acho que isso não vai te tornar um fotógrafo cem por cento independe mas vai te dar um pouco mais de liberdade para tirar as fotos que você e eu tanto amamos. - ele sorriu.

Shawn tem um álbum onde ele coloca as fotos que ele sente que precisa ver algum dia. Por incrível que pareça, em quase todas Aaliyah está presente. A conexão deles é, simplesmente, extraordinária.

- Já vou usar na nossa viagem. - ele me deu uma viagem. Na verdade o presente não foi bem pra mim já que ele também vai, não que eu ache isso ruim. Eu amei. Mas o presente é nosso e isso torna tudo mais especial ainda.

Vamos para um resort. Eu e ele passaremos um dia a sós lá e depois mais três com nossa família. Ou seja, tudo o que nós mais amamos.

- Vai ser incrível.

- Disso eu não tenho dúvidas. - desencostei minha cabeça que estava em seu peito para encará-lo.

- Não? E qual o motivo de tanta certeza? - ele sorriu de lado como um daqueles típicos meninos galãs de novela clichê adolescente.

- Porque você vai estar lá comigo.

- E que dia nós vamos mesmo? Dia vinte e sete, logo depois do aniversário de Aaliyh.

Paixão às Cegas.Onde histórias criam vida. Descubra agora