- Como assim, você não sabe quem é?!
- Não sabendo, mas a pessoa sabe muito bem quem nós somos...
- Nós? - ele pareceu assustado.
- Sim, eu e Camila. Não tem nada a ver com você, Brian. - revirei os olhos.
- Já disse que acho estranho. Não, estranho não. Medonho! Quando você faz isso?
- Ué, por que? As pessoas não fazem mais isso hoje em dia? - ri.
- Fazem, mas você não enxerga...
Balanceio os ombros em caro desdém.
- Não que isso tenha muita relevância. Meus olhos funcionam mal mas tem movimento! Já te disse isso... - ri dele.
- Tá, tanto faz, vamos voltar ao assunto que interessa! - Brian estava nervoso hoje, o motivo? Ele não quis me contar, mas eu vou descobri, sei que vou. - As cartas continuam?
Ah, sim. As benditas cartas que Camila e eu nunca mais lemos mas, mesmo assim, continuam chegando.
- Sim, mas Camila acredita que, se não lermos, elas parem de ser enviadas logo.
- E quantas vocês já tem?
- Não sei, talvez umas... três ou quatro.
- Tá, tudo bem mas... se vocês não vão ler, por que não jogam fora? É tipo um teste de resistência ou algo assim? - ele se exaltou mais uma vez.
- Não entendi sua piada. - desdenhei.
- Fala sério, é tipo por doce na frente de uma criança e dizer a ela que só pode comer quando você deixar... até mesmo eu estou doido para saber o que está escrito nisso!
De fato, se há uma coisa que eu estou nesse momento, é curioso.
Balancei os ombros demonstrando indiferença, embora eu sinta que Brian me conhece o suficiente pra saber que, na realidade, eu estou me corroendo em antecipação para saber qual é o conteúdo presente nas folhas de papel.
- Se não me engano, os envelopes estão dentro da caixa de fotos na estante.
- Isso é a sua forma de me pedir pra lê-las para você sem, de fato, pedir? - zombou. - Genial!
- Não, isso é a minha forma de pedir pra que você leia apenas uma delas para mim.
- Claro. - cantarolau. - Mas isso sem demonstrar um grande interesse.
Sorri como quem diz "exatamente, você é um gênio!".
Ouvi com clareza os movimentos pesados do meu amigo pela sala da minha casa. Brian sempre foi muito pesado. Seus passos, sua voz, até mesmo sua respiração são bastante sonoros. Ele faz barulho no menor movimento feito.
Isso não me incomoda, eu amo a sensação de saber quase tudo que acontece ao meu redor. Camila costuma me deixar sempre informado sobre tudo.
Ela me faz falta durante as tardes de sábado. Essas são as tardes em que tiramos para nós mesmos. Sem faculdade, sem trabalho, sem preocupações grandes. Apenas ela e suas amigas e eu e Brian.
- Peguei a mais recente. Foi entregue ontem. Isso parece muito interessante pra mim. Me sinto em um filme onde a família é ameaçada pelo magnata rico através de cartas.
- Te garanto que é bem diferente. São cartas que não dizem nada. Ou pelo menos não diziam.
- Quantas vocês leram?
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Paixão às Cegas.
Fanfiction- Eu nunca quis tanto ver alguém como quero ver você. Se ao menos tivesse te conhecido antes de tudo isso... - Não se preocupe, nós vamos dar um jeito nisso tudo! Dou a minha palavra.