CAMILA

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– Como ela é? - encarei Shawn com um sorriso.

– Se parece muito com você. - ele sorriu e eu o acompanhei enquando observava o dedo dele sendo apertado pela pequena mão da minha filha.

– Então Aaliyah errou dessa vez. - ele brincou.

Entortei os lábios. A semelhança de Ayla com Shawn é incrível, a semelhança de Aaliyah com Shawn é extraordinária.

– Na verdade não. Alya se parece muito com sua irmã. E sua irmã se parece muito com você.

A sensação de segurar meu pequeno pacotinho nos braços é tão incrível que eu não sei descrever. Nós nos conhecemos a menos de vinte e quatro horas e o amor que eu sentia por ela já se multiplicou por mil.

De repente, rompendo o silêncio, Shawn riu. Não um riso escandaloso mas ainda sim, um riso.

– O que foi?

– Eu amo ouvi-la chorar.

– Não entendi, meu bem.

– Tenho certeza que você ama vê-la. - concordei com um som nasal. – Eu amo ouvi-la chorar. Eu não posso vê-la, e ela ainda não fala. Ela apenas chora. Então eu amo ouvir esse som. Por mais estressante que possa ser.

Levei minha mão até sua bochecha e fiz um carinho ali.

– Vamos ver quanto tempo esse amor vai durar. - ele riu concordando.

– Pelo choro eu não sei mas, por ela, pra sempre!

Sorri. Desde que o momento da dor passou, essa é a única coisa que eu sei fazer. Sorrir.

Três batidas na porta antecederam a entrada dos meus sogros e dos meus pais.

– Oi. - mamãe disse vindo em nossa direção com os olhos cravados na bebê em meu colo.

– É ainda mais bonita que atrás do vidro do berçário.

– Como vocês conseguiram entrar todos juntos? - o hospital permite apenas o acompanhante e dois visitantes por vez, segundo a enfermeira que estava aqui mais cedo.

– O médico disse que Alya foi o único bebê que nasceu hoje e que isso quer dizer que apenas uma das duas camas estaria ocupada, ou seja, mais visitas por vez.

– Mas nós já estamos indo, viemos primeiro porque estamos velhos... - meu sogro brincou e logo levou um tapa de Karen.

– Não estamos velhos, só queríamos deixar um pouco mais de tempo pra os mais novos. - ela respondeu e logo formou um bico em seus lábios.

Logo minha filha foi tirada dos meus braços pela minha mãe que brigava com Karen para ver quem a seguraria por mais tempo.

– É minha primeira neta, pelo amor de Deus.

– E o que isso tem a ver? Quando você tiver o segundo vai ver que não existe um amor maior que o outro.

– Não seja egoísta, Sinu!

– Elas parecem crianças. - meus olhos não saiam da cena á minha frente.

– Elas soam como tal... - Shawn coçou a nuca.

– Se vocês querem saber, o vovô aqui já está com ela no colo enquanto vocês discutem. Manuel disse tirando dos braços de minha mãe o minúsculo ser que carrega meu coração.

Vi Alya passar por todos os braços sem se quer abrir os olhos. Ela está conseguindo me enganar muito bem com toda essa calma.

– Nós já vamos, Sofia está mandando mensagem feito louca. - mamãe anunciou já arrastando Karen em direção à porta.

Paixão às Cegas.Onde histórias criam vida. Descubra agora