SHAWN

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Camila estava linda.

Não, eu não a vejo, mas eu a ouço, eu a sinto eu a cheiro. Ela estava feliz e, mesmo que tenha vivido pouco tempo com a minha visão, vivi tempo o suficiente para saber que pessoas felizes sempre estão lindas. Eu sou muito sortudo, ela sempre está feliz.

Ir ao baile nunca foi algo que me parecesse realmente importante, até que a conheci. Sinto uma necessidade imensa de sair por aí e mostrar para todos a pessoa incrível que tenho do meu lado. Ao lado dela é difícil sentir medo, me sinto seguro, me sinto em casa.

– Já imaginou o quão clichê seria se nomeassem o Shawn como rei do baile? - se divertir às minhas custas nunca foi um problema para Brian e, por mais que ele não tenha me dito, sei que ele está apenas orgulhoso por eu estar aqui. No meio de muito barulho, muitos adolescentes e no escuro.

Mamãe sempre me disse que, antes da escuridão, eu gostava de tumulto e aglomeração, mas algo me diz que isso tem mais a ver com o fato de que, antes de tudo isso, eu era apenas uma criança que queria estar sempre brincando e correndo por aí.

– Vem, vamos dançar! - Camila me puxou pela mão, me conduzindo até um canto propício para que eu não trombasse em ninguém. O que ela não sabe é que: eu não sei dançar. Pisar no pé dela pode ser algo muito casual nesse momento.

– Eu não sei dançar, Camz...

– É simples, coloque uma das mãos aqui. - conduzindo com delicadeza, senti ela colocando minha mão direita em sua cintura. – A outra, vc segura na minha. - apertou com delicadeza minha mãe esquerda na sua e as levantou. – Eu coloco o meu braço envolta do seu ombro... E a gente finge que sabe o que está fazendo. - ela, assim como eu não fazia a mínima ideia do que se tratava uma dança. A questão é que aquilo era apenas uma desculpa esfarrapada para que eu e ela rissemos de nós mesmos e aproveitassemos ao máximo a companhia um do outro.

Em meio a gargalhadas e o balançar de nossos corpos justos, senti-me em paz, completo e cheio de esperança. Sabe aquele medo de amar, de se entregar de corpo e alma a alguém? Eu sempre tive esse medo dentro de mim. Guardado, trancado a sete chaves mas, Camila sempre teve todas essas sete chaves para abrir meu coração.

Aqui, grudado a ela, sentindo sua respiração em meu peito, balançando para lá e para cá ao som de uma música lenta e romântica, poço afirmar com toda certeza do mundo: eu sou completamente, perdidamente e extremamente apaixonado por ela.

– Obrigada por ter feito isso por mim. - levantei seu rosto que estava colado ao meu peito, e depositei um beijo em seus lábios.

– Não precisa me agradecer por isso, eu queria, quero e sempre vou querer te ouvir e sentir feliz ao meu lado, meu amor. Sinto isso como uma obrigação dentro de mim, a vontade de te fazer feliz arde no meu peito, meu bem.

– Eu te amo, Shawnie. - encostou sua cabeça em meu peito novamente e eu a senti respirar mais profundamente uma vez. Quase como se estivesse inalando o máximo que pudesse do meu perfume para nunca de esquecer do cheiro. Do meu cheiro.

O momento é lindo, mágico e puro. É a primeira vez que ela fala, assim, tão explicitamente, que me ama. Meu coração, que já estava aquecido pelo grande contato que nossos corpos estavam tendo, se aqueceu de um modo tão repentino, gostoso e, ao mesmo tempo, desesperador, que eu quase o senti parar por uma fração de segundos.

O sorriso idiota se instalou no meu rosto e pude sentir que não sairia tão cedo.

– Você disse que me ama?!

– Disse. Eu te amo muito, amor. Talvez mais que a mim mesma.

  – Ei! - levantei seu queixo que estava apoiado em meu peito. – Não diga isso. Você precisa se amar acima de tudo, ok?!

– Por que?

– Pelo pouco que eu sei da vida pude ter certeza de uma coisa: o amor próprio nos ajuda em todos os momentos de nossas vidas e, eu preciso, que você se ame mais do que ama a mim, porque eu eu tenho necessidade de que você seja transparente, sincera e me diga sempre quando algo a incômoda e, não sei... sinto que se você amar mais a mim que a si mesma não vai ser cem por cento sincera comigo quanto precisa ser.

Por um momento, mais rápido do que pareceu ser, o barulho da música alta e daquele bando de adolescentes espalhados pela enorme quadra da escola, pareceu desaparecer de meus ouvidos e eu pude sentir apenas o toque de seus lábios nos meus junto com suas pequenas mãos que se agarraram à minha nuca.

– Você é simplesmente incrível. Tenho medo de tudo isso ser apenas um sonho ou, sei lá, algo da minha imaginação fértil de adolescente.

Eu ri, a verdade é que, com certeza já se passava das dez horas da noite e, conhecendo minha namorada como eu conheço. Posso afirmar com total certeza que o sono já a consumia a um bom tempo. Camila não era uma pessoa da noite, costuma dormir com os passarinhos e acordar pouco depois deles, o que seria incrível se ela não me ligasse todas as manhãs assim que abre os olhos.

– Vem. Vou te levar para a sua casa. - a abracei de lado e ela pousou a cabeça na curva do meu pescoço soltando um riso contido que m fez arrepiar.

– Acho que eu acabei cedo com a nossa noite, não foi?!

– Não sei se cedo, mas prometi ao seu pai que te levaria de volta antes do toque de recolher.

Enquanto passávamos pelo meio da multidão na quadra em busca de Taylor e Brian, Camila ria de maneira totalmente animada e descontraída.

– Você sabe que o papa não estava falando sério. Ele confia mais em ti do que confia em mim, o que é um absurdo.

– Não posso fazer nada se sou ótimo com sogros. - me gabar daquela forma, no plural, não foi a melhor ideia.

Camila se transforma facilmente em um urso raivoso em dois momentos específicos, quando está com fome, por isso a mantenho sempre bem alimentada e quando está com sono, acho que quando ela se sente sonolenta, começa a compreender as coisas de forma errada. O que é realmente anormal já que, normalmente, minha namorada costuma não interpretar as coisas de forma errada.

– O que você fez de errado, cegueta? - Brian sabia que eu, possivelmente não havia feito nada de errado, mas isso Jamais o impediria de fazer essa pergunta totalmente incriminatória.

– Eu fiz algo de errado? - meu pai sempre diz que devemos nos fazer de desentendidos quando o assunto é "fiz ou não algo de errado?"

– Só viemos avisar que estamos indo embora.

– Por que já vão, Mila?

– Shawn disse que prometeu me levar cedo para casa e, aparentemente ele sempre cumpre o que promete ao pai das namoradas que ele já teve.

Brian começou a rir mas logo cortou sua gargalhada com um "ai" realmente sentido.

– O Uber deve estar chegando, tchau pessoal. Nos falamos depois. - acenei na direção que eu julgava ser a correta e Camila murmurou um tchau a contragosto.

Dentro do Uber pude confirmar a minha certeza de que ela estava, no mínimo chateada com a minha infeliz brincadeira. Mesmo que ela tenha deitado em meu ombro e adormecido ali em poucos minutos, a troca de palavras entre nós naquela noite foi semelhante a de dois desconhecidos.

Pode ser exagero dela, pode ter sido babaquice minha achar que seria engraçado mas, a verdade é que só poderia resolver isso amanhã, quando os dois tivessem realmente acordados, já que o sono me consumiu assim que adentrei meu quarto e me encostei na cama.

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Oi pessoal, tudo bem com vcs?? Espero que sim!
Eu vim aqui me desculpar com vcs pelo meu sumiço... Vem acontecendo problemas de saúde na minha família e isso me tirou um pouco da concentração na escrita. Peço desculpa desde se o capítulo não estiver muito bom e qualuqer falha ortográfica vcs podem estar me avisando que eu corrijo!!! Muito obrigada por cada voto e por cada um que minha história!! Vcs tem muita importância em minha vida!!! I lov U ❤

Paixão às Cegas.Onde histórias criam vida. Descubra agora