Como você definiria o amor?
S/n:
Ao completar 15 anos, meus pais decidiram que era melhor nos mudarmos e recomeçar do zero, mas não foi apenas por isso. Não tinha amigos em minha escola antiga, virei motivo se sussurros por onde andava depois que meu primo tirou a própria vida pulando da ponte mais alta da cidade.
Me mudei para uma cidade menor, Deadwood. Só o nome já dava uma fama não muito acolhedora, por significar literalmente madeira morta, mas essa era a menor de minhas preocupações.
A viagem durou cerca de cinco horas no carro, tentou aí máximo não reclamar com meus pais por eles já sofrerem bastante, não quero tornar a vida deles ainda mais difícil.
Meu pai, James Cooper, perdeu o trabalho após passar tempo demais de férias no Brasil, mas de não fosse por isso meus pais não teriam se conhecido e eu não estaria aqui, obviamente.
Chegando na casa que alugaram, abri a porta e sai do carro com um sorriso de canto rosto levemente forçado. Senti a brisa fria da cidade batendo contra minha pele pálida e observei a diferença entre o Brasil e os Estados Unidos.
Meus pais levaram a bagagem para dentro por serem bem pesadas para eu carregar. Decidi entrar antes que congelasse de frio por estar sem um casaco ou suéter adequado.
Pensei que um banho despertaria meus pensamentos ainda cansados da viagem e entoa resolvi me lavar. Subi as escadas, ainda não sabia onde o banheiro ficava então tive que olhar as portas de uma por uma.
Na terceira tentava achei, entrei no banho e a água quente tocou minha pele fazendo com que meus músculos descontraissem. Fiquei alguns minutos debaixo d'água esquecendo dos problemas que rodeavam minha mente.
Meu pai voltaria a trabalhar no emprego que largou quando foi ao Brasil e minha mãe procuraria algum trabalho assim que tudo estivesse organizado na casa, não seria difícil por ela ter diploma em medicina, mas em uma cidade pequena os cargos de médicos provavelmente já estariam todos ocupados.
Percebi que tinha esquecido de levar minha roupa para o banheiro e coloquei a toalha em volta do meu corpo ainda molhado. Sai do banheiro até um quarto que eu pensei ser o meu e fechei a porta.
Coloquei uma das primeiras roupas que vi na mala e coloquei. Era um moletom preto e um short jeans azul-escuro. Não coloquei roupa alguma debaixo do moletom além da Lingerie por sentir que ficaria calor caso eu entrasse em algum lugar aquecido.
Desci as escadas e meu pai nos levou para uma lanchonete que costumava ir quando adolescente. Estávamos exaustos da viagem, então ninguém teria coragem de cozinhar nada.
Descemos do carro e eu vi um grupo de pessoas sentados em uma mesa, era difícil não prestar atenção neles por lotarem a mesa e fazerem um certo barulho.
Meus pais e eu entramos, eu estava um pouco distraída observando o lugar e me sentei em uma mesa enquanto meus pais conversavam com alguns funcionários e pediam nossos pedidos. Fiz um coque despojado em meu cabelo e conecei a observar a decoração do lugar.
Vi um garoto se aproximando da mesa que eu eu estava, meus olhos focaram no cardápio que levantei e logo vi uma mão puxando o livreto de pedidos para baixo. Olhei para cima e vi um moreno alto me olhando com um sorriso presente em deus lábios.
S/n- Posso ajudar? Se for me perguntar algo sobre a cidade já vou avisando que não sei de nada.- falei sem ser grossa e ele riu, fiquei um pouco confusa.
Cedric- Eu moro aqui há anos, então acho que quem vai me perguntar sobre a cidade é você.- eu dei um sorriso e franzi as sombrancelhas ainda desnorteada na conversa.
S/n- Como quiser, mas afinal o que te trouxe até minha mesa?- perguntei um pouco desinteressada e ele alargou mais seu sorriso.
Cedric- Olhando de longe pensei que fosse uma criança, ia dar esse brinde que recebi pelo lanche que meus amigos pediram.- disse apontando com a cabeça para o grupo de garotos e meninas na mesa em que estava, uma me encarava com um pouco de raiva. Meu olhar voltou para seu rosto e vi seu maxilar marcado, sua pele pálida e lábios avermelhados.
S/n- Sinto muito, mas acho que quinze anos é um pouco velho demais para uma criança.- falei puxando o cardápio de volta para cima e escutei um riso sair de sua boca.
Cedric- Desculpe, mas seu tamanho me fez pensar que fosse uma.- olhei para ele e senti algo quando não disse mais nada e apenas ficamos nos olhando, seu olhar se tornou forte sobre mim.- De toda forma, sou Cedric, Cedric Diggory.- entortou um pouco a cabeça ao falar e eu dei um sorriso simpático em resposta.
S/n- S/n Cooper.- falei tentando finalizar a conversa antes que meus pais voltassem para mesa, mas foi tarde demais.
James- S/n, tem problema você comer sozinha? Prosser é um velho amigo meu e me ligou pedindo para nós o visitarmos, mas pode vir conosco qualquer coisa.
S/n- Não, podem ir, meu hambúrguer já vai ser companhia suficiente para mim.- falei tentando faze-los se divertirem um pouco, andavam estressados esses dias e os poucos sorrisos que davam eram forçados.- Vejo vocês em casa.- nos despedimos e quando voltei meu olhar para onde Cedric estava, ele tinha sumido.
Olhei então para a mesa cheia de pessoas e lá estava ele, sentado com o braço ao redor do pescoço de uma garota enquanto ria com os amigos.
Pedi meu Hambúrguer para viagem e comi enquanto voltava para casa a pé. Estava distraída o suficiente para perceber que estava perdida.
A rua em que entrei estava vazia e era um pouco afastada, tentei ignorar meu sentimento de insegurança, mas quando ouvi algumas vozes de fundo, minha ansiedade atacou.
"O que faz aqui sozinha, querida?" E "Venha se divertir um pouco" foram algumas das frases que alguns adolescentes bêbados falavam se aproximando de mim. Me virei e tentei despista-los, mas outros dois homens me barraram, proibindo minha passagem. "Não fuja da gente","por que não tira esse moletom" e "venha cá" foi o que disseram enquanto me encurralavam, pude sentir alguns tocando minha cintura e outros meu braço.
S/n- Não me toque.- falei tentando pensar em alguma escapatória, mas era praticamente impossível.- Tire a sua mão de merda de mim seu desgraçado.- falei quando senti alguém arrochar minha cintura.
Cedric- Largem ela, agora!- ordenou um voz vindo de longe com alguns passos. Pesados. Quando finalmente vi quem era, avistei Cedric com alguns amigos se aproximando, seus olhos ferviam.- Andem logo ou não vamos dar folga a vocês na escola.- os adolescentes bêbados se distanciaram de mim e pude sentir a mão de Cedric me puxando pelo braço para longe.
S/n- Obrigada eu- tentei formular alguma frase, mas minha mente ainda tentava processar ao menos metade do que tinha acabado de acontecer.
Cedric- Por que foi andar sozinha se nem conhece a cidade?- questionou enquanto olhava meu pescoço e braços.- Se machucou? Alguém te fez mal?
S/n- Não, estou bem agora.- respondi vendo seus olhos preocupados pararem de rondar meu corpo a procura de algum machucado.
Cedric- Venha, te levo pra casa.- hesitei um pouco e ele percebeu.- Meu carro está logo ali e eu sei andar pelas ruas da cidade aí contrário de você.
Acenei com a cabeça e entrei em seu carro. Demorou um pouco até chegarmos em minha casa por eu não saber dizer direito onde era.
Chegando lá, quando eu ia abrir a porta e sair, ele segurou meu braço novamente.
Cedric- Não ande mais sozinha por aí quando estiver escuro, me entendeu?- perguntou e pude notar seu olhar preocupado sob mim e fiz que sim com a cabeça.
S/n- Aqueles caras... Ele estudam na escola central, não é?- perguntei implorando para que eu estivesse errada, mas ele confirmou balançando a cabeça.
Cedric- Não se preocupe, é só não ficar perto do grupo deles. Eles não vão mexer com você se não for atrás deles.- fiz que sim com a cabeça e sai do carro com a mente pesada pelo cansaço da viagem e dos vários eventos que aconteceram em meio primeiro dia em Deadwood.
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