S/n:
Assim que cheguei na frente de casa, parei antes de entrar e respirei fundo para finalmente ver o rosto dos meus pais depois da discussão que tivemos.
Abri a porta ainda com um pouco de receio e, a princípio, não vi ninguém na sala. Adentrei a casa e pude ver minha mãe na cozinha, sua aparência estava terrível.
Ela estava de costas, seus braços mexendo de forma rápida e seus cabelos negros como os meus amarrados em um coque despojado feito com pressa.
Deixei que minha bolsa deslizas por meu braço, caindo no chão sem fazer barulho o suficiente para que ela notasse minha presença.
Me aproximei dela em passos lentos, conseguindo ver seu rosto. Sua testa estava suada, mas não muito, seus olhos pesados como se não dormisse há um bom tempo e seus lábios secos como costumam ficar quando ela não se hidrata como devia.
S/n- Mãe...?- perguntei em um tom baixo enquanto me aproximava cada vez mais ainda com passos lentos. Ela erguiu a cabeça rapidamente ao escutar minha voz de deixou de mexer uma massa que estava fazendo.- Mãe, a senhora tem que se hidratar. Se seu médico souber o estado em que a senhora está vão manda-la de volta para o hospital.- falei enquanto andava com pressa para a geladeira e pegava um copo de vidro na estante.
Ela então veio até mim e colocou suas mãos em minhas bochechas, me fazendo olhar em seus olhos enquanto sua feição mudava.
Juliana- Me prometa que você nunca vai me deixar. Você pode ir morar onde quiser, mas me prometa que vai voltar para casa.- seus olhos demonstravam certo desespero. Percebi o que ela queria dizer com voltar para casa, era o mesmo de não tirar minha vida.
S/n- Certo, certo, mãe. Prometo sempre voltar para casa, ta bom? Apenas se acalme.- falei enquanto ela me envolvia em seus braços, me puxando para um abraço.
Juliana- Não posso perder você também.- disse pressionando minha cabeça contra seu peito, pude sentir seu conforto por me ter em seus braços e respirei fundo deixando toda a raiva e mágoa gerada naquela noite de lado.
S/n- A senhora não vai, tá?- ficamos assim por um tempo, nosso abraço era curativo para nós duas. Algum tempo depois subi para o meu quarto e me deitei na cama deixando meu cansaço tomar conta do meu corpo.
Fechei meus olhos, pareciam pesados ao ponto de eu mal conseguir mantê-los abertos. Peguei meu celular para colocar um alarme, planejando dormir um pouco, mas acordar logo, porém uma mensagem de Draco, a primeira mensagem.
8 horas amanhã, Starbucks.- Draco.
Não posso, tenho que estudar pra prova da próxima semana.- S/n.
Estude depois.- Draco.
Quero estudar amanhã pra ficar livre depois.- S/n.
Já disse a hora e o lugar.- Draco.
Eu já disse que não posso.- S/n.
Draco?- S/n.
Que diabos, não vou.- S/n.
Draco??!- S/n.Ele parou de ver minhas mensagens e aquilo me irritou cada vez mais. Pressionei o travesseiro contra o rosto com certa força e bufei, até que algumas horas depois ele finalmente me respondeu.
Te ajudo a estudar, apenas vá.- Draco.
Se eu tirar abaixo de 7, a culpa será sua.- S/n
Ele então ignorou minha mensagem e eu deixei o celular de lado sem me importar com as demais mensagens. O crepúsculo surgiu e logo em seguida o céu negro tomou conta do horizonte.