Capítulo 28

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Narrador(a):

Queria que vocês pudessem ver o jardim da janela ao lado da mesa em que estou escrevendo. Não é muito grande, mas está verde feito grama sem feitiço.

Daniel plantou algumas flores para me agradar. Já que não posso mais sair com ele para outros lugares, ele decidiu tornar minha vista a mais bela de todas.

Por falar nele, foi comprar alguns ovos, está tentando aprender a cozinhar. Logo não vou poder fazer nada além de uma torrada, o peso da barriga vai ficando cada vez mais pesado e meu cansaço só aumenta.

Mas vou contar um segredo, ele não sabe nem fritar um ovo e ontem, quando tentou, ele deixou o ovo preto por tê-lo esquecido no fogão.

Ah céus, já falei para ele usar algum feitiço ou algo do tipo, mas ele insistiu que faria por conta própria.

Bom, enquanto ele não volta acho que posso passar meu tempo com vocês um pouco mais.

Que sentimento será que vou tirar de vocês hoje? Não me julguem, mas é divertido.

S/n:

Fui até o estacionamento com pressa, minha mente já não focava em nada apesar de ter muito o uque pensar. Eu era apenas uma garota, uma simples garota, sem magia, sem inteligência admirável, beleza esbelta, abundância de dinheiro, nada. Uma simples adolescênte com a alma de uma velha.

Era difícil demais saber daquilo. Não, sabedoria nunca foi poder, foi azar. Foi como uma flecha de ferro contra meu peito. Talvez muitos pagassem fortunas para saber o que eu sabia, talvez matassem por isso. Mas eu pagaria com minha alma para saber e esquecer.

Queria lembrar do toque daquele moreno dos olhos de mel, de suas caricias, de seus beijos, mas queria esquecer dos fins de noite ao lado do garoto dos olhos azuis. Eu queria esquecê-lo porque precisava disso. Por maior que fosse minha saudade de Cedric, meu amor por Draco me impedia de ter algo, ou continuar o que tínhamos, o que algum dia já tivemos.

Já entre aqueles carros, alguns velhos outros brilhosos, naquela rua com vagas, apertei o passo quando o vi, as costas apoiadas na porta do carro, as pernas estendidas e os braços cruzados. Tinha a cabeça jogada para trás, olhando para o céu que já ameaçava escurecer.

Vê-lo ali, esperando por mim com tamanha tranquilidade, ah aquela calmaria. Por que tive que esperar tanto tempo para tê-lo de volta? Por que tive a chance de poder senti-lo mais uma vez? Creio que nunca fui merecedora disso.

Ele respirou fundo e abaixou a cabeça, olhou para o horizonte e me viu cada vez mais próxima. Um sorriso surgiu em seu rosto. Sua pele pálida, avermelhada nas maçãs do rosto e olhos feito avelã ou mel queimado.

Cedric- Achei que me deixaria esperando.- gritou para que eu pudesse ouvir sua voz, mesmo que já estivesse perto o suficiente para entender seu tom sem elevação. Não, nunca o deixaria esperando. Foi você quem me fez esperar por ti todas as noites, todos os minutos silenciosos. Mas quando eu tive meu último suspiro em outra vida, não você quem eu esperei ver.

Ele abriu a porta e entrou no carro, fiz o mesmo e joguei minha mochila na parte de trás do carro sem me importar com a pouca intimidade que tínhamos, para mim, não era vergonhoso ser eu mesma ao lado dele.

Cedric- Pronta?- perguntou enquanto eu me acomodava no assento. Balancei a cabeça fazendo que sim e ela soltou um meio riso fraco.- Sempre esquece de colocar o cinto, ou é apenas para que eu chame sua atenção?

O cinto. Um simples cinto de segurança me fez chorar internamente.

Não, eu não esqueço de propósito para ver você rir, eu esqueço porque se tornou hábito que a mão pálida puxasse o cinto de segurança e juntasse com a fivela. Ele se tornou parte de mim, não apenas aqui, mas antes.

The Choice Draco//Cedric 2Onde histórias criam vida. Descubra agora