Narrador(a):"E foi quando tudo estava perdido, quando o sol parecia ter pedido sua luz, os olhos azuis que antes brilhavam para mim, se tornaram os mais tenebrosos, a comida não tinha mais sabor e os dias se tornavam cada vez mais longos. Foi quando ele apareceu, envolveu-me em seus braços e me fez esquecer de que os ponteiros do relógio estavam rodando, foi ele."
Em meio a uma aula, essas palavras surgiram dentre um redação sobre a privatização da saúde. Sem perceber as palavras que escrevia, a jovem escrevia com a tinta da caneta no papel já riscado. Assim que colocou o ponto final, S/n saiu da transe em que estava enquanto escrevia, olhou bem para a frase que escreveu de forma automática.
Como poderia alguém escrever algo inconscientemente e que nem seu significado sabia? Os sinais pareciam ficar mais fortes com o tempo e principalmente quando estava próxima de algum dos garotos e você, caro leitor, sabe muito bem a quem me refiro.
S/n:
Aquelas palavras não tinha sentido nenhum pra mim, nem parecia ter sido eu quem tinha escritos aquelas frases e palavras, mas por algum motivo minha mão as escreveu. Li as frases repetidas vezes, era bonita, não vou negar, mas não me lembrava ter lido em algum lugar e nem ao menos tinha a ver com minha redação. E que olhos azuis eram aqueles? Quem é "ele" e "ela"?
Respirei fundo antes de tirar a folha do caderno, não entregaria a redação dessa forma e continuei tentando acabar o texto para ser liberada o quanto antes, já não aguentava mais ficar sentada naquela sala silenciosa tentando formar parágrafos com nexo. A única coisa que ficava na minha cabeça eram aqueles cabelos macios, loiros e sua boca suave, mal podia esperar para vê-lo novamente e beijar seus lábios, os quais logo se tornariam uma droga para mim.
Quando o sinal finalmente tocou, fechei o caderno e coloquei todo o material dentro da mochila de forma rápida. Os corredores estavam cheios de alunos por ser a hora do almoço e ninguém ali ter paciência para pedir licença e dessa forma saiam esbarrando uns dos outros e eu estava inclusa entre eles.
Por fim, cheguei no meu armário e respirei um pouco enquanto guardava os livros dentro dele e ignorava as conversas paralelas que chegavam aos meus ouvidos. Ao fechar a porta do armário, um rosto familiar se mostrou do meu lado, estava com as costas apoiadas nos armários metálicos e seu olhar em mim com um leve sorriso de canto.
S/n- Bom dia pra você também.- falei trancando a fechadura do armário e ele alargou um pouco o sorriso já presente em seu rosto.- Não te vejo há um tempo, não esta me evitando, ou ta?
Cedric- Acho que nem se eu quisesse seria capaz. Mais terei o jogo contra a escola da cidade vizinha, vai lá torcer por mim?- perguntou se aproximando um pouco de mim e deixando seu olhar um pouco mais disperso.
S/n- Não sei, tenho muito o que estudar. Os professores parecem não achar que temos vida social e planejava ver um certo alguém.- vi seus olhos brilharem e ele se afastou da parede de armários, ficando totalmente de frente para mim me olhando com um sorriso ainda maior no rosto. Ele então se inclinou um pouco e começou a se abaixar.- Cedric o que...?- questionei um pouco confusa, mas vê-lo de joelhos na minha frente atraindo toda a atenção possível eu quis matá-lo.- Levante Ced, vamos.- falei tentando fazê-lo parar enquanto ignorava vários olhares.- Certo, eu vou pra esse jogo. Apenas levante logo e pare de nos fazer passar vergonha.
Cedric- Como quiser, pequena.- disse se levantando enquanto continha um riso, mas mesmo tentando controla-lo, pude ver seu sorriso e uma risada.- Não se atrase, vou procurar por você na torcida.- fiz que sim com um sorriso fraco e nos separamos, o loiro ainda não saia da minha cabeça.
Chegando no refeitório finalmente o encontrei junto a um grupo de pessoas. Olhei de longe, não ficaria entre eles nem pretendia chamar Draco, não se precisasse ir até eles. Depois de alguns segundos, ele olhou em volta e me viu parada no canto o observando de longe. Ele logo saiu de perto dos garotos sem nem ao menos se despedir e veio até mim colocando seu braço em meu pescoço enquanto mordia uma maçã verde.