Narrador(a):
Sentiram minha falta? Talvez, talvez não. Bom, não vou ficar enrolando muito dessa vez, afinal tenho uma história para contar.
O céu amanheceu coberto pelas nuves, mas sem vestígios de chuva. Alguns poucos pássaros cantavam e uma brisa fria invadia as janelas abertas, mas entrou em uma específica. Passou pela janela de vidro emoudurada por madeira de carvalho escuro. Entrou naquele quarto gelado, escuro, as paredes gélidas, o chão de mármore frio.
Tinha uma cama perto da janela. Era grande, servia para duas pessoas, mas apenas uma pessoa estava deitada nela. Os lençóis cobriam-lhe o rosto, mas era possível ver seu cabelo. Aquele louro que hora parecia branco e hora amarelado. Os fios bagunçados, mas com aparência macia.
Os lençóis era pretos, de seda. Cobriam todo o seu corpo, da cabeça aos pés. Debaixo daquele tecido, estava um jovem, jovem mesmo. Dou a ele cerca de 16 anos. Sua pele é tão pálida, mas tão pálida que lembra a neve. Não uma neve dessas de filme de Natal, mas as de avalanches, do inverno rigoroso, brutal.
Mas, naquele momento, era uma neve calma. Era tranquilo, sem pressa, sem nada. Se eu pudesse nomeá-lo, seu nome seria o mesmo. "Draco", original do latim, Drakon, significa "dragão" ou "serpente". Não daria a ele um nome delicado, ah não. Por mais que a calmaria tome conta dele nesse momento, é da natureza dele.
Vou aproveitar esse breve momento para contar um pouco mais da história desse jovens tão leve e brutal ao mesmo tempo.
Bom, lembram daquele meu comentário que fiz alguns capítulos anteriores se não me engano? Aquele de que Draco escondia algumas coisas de S/n ou... ah, perdão, acho que foi ele quem disse isso.
Mas, de toda forma, é esse contexto com que vamos trabalhar aqui. Mesmo depois de um dos maiores bruxos, para alguns o maior da história ter sido morto por sabe se lá quem, nós dois sabemos quem, mas os outros não, nem tudo voltou a ficar em paz.
Seus seguidores não deixaram que a simples notícia de que seu lorde foi assassinado de forma fria e o assassino não foi encontrado.
Um bruxo normal diria a todos, se vangloriaria por ter feito a proeza de matar alguém tão poderoso como quem ele tinha matado.
O que ninguém esperava, era achar o corpo do jovem assassinado no torneio caído próximo ao cadáver do lorde.
Claro, perdão. Me esqueci que não foram informados do que aconteceu logo após que aquele casal tão jovem e inocente deixou o local e nunca mais foi visto pelos amigos ou famílias.
Deixe-me tentar resumir para você.
Mansão negra
Já vazia, coberta pelo silêncio sufocante, aquela casa tão grande ao ponto de ser considerada mansão estava mais silenciosa que um cemitério.
O único barulho que se escutava era do ranger das portas devido ao vento gélido que tocava ligeiramente a casa e o canto vigoroso de uma ave, um urubu.
Adentrando a casa era possível ver a camada de poeira que cobria os móveis, desde os mais simples e desgastados pelo tempo aos mais delicados com os mais trabalhados detalhes.
A madeira do piso rangia até a onde se estendia e o mármore claro que levava à uma sala era congelante. Essa tal sala tinha a porta aberta, não totalmente, mas entreabrerta.
As paredes rochosas, piso gelado, silêncio que parecia querer matar a si mesmo e a qualquer vida que restasse ali.
E então, lá estavam os cadáveres. Um tinha mais osso que pele, o crânio exposto e ausência de narinas, o que lembrava um feto.