Narrador(a):
Pra ser sincera, ver você, leitor, sofrendo com essa história, me dá forças para escrever porque talvez, só talvez, tenha um final feliz. E se de fato houver, o trarei para vocês, mas lembrem-se, sou apenas uma voz nessa história. Os verdadeiros narradores são eles e você, que sente cada palavra na alma.
Provavelmente, narrar essa história foi o que fez com que eu perdoasse a mim mesma por algumas coisas que fiz e disse, mas isso é história para um próximo capítulo.
S/n:
"Me foda" eu falei sem pensar, já não tinha controle de nenhuma emoção. Tinha que agradecer aos céus essa chance, esse sonho. Finalmente, depois de anos, pude vê-lo novamente, sentir seus lábios nos meus e seu aroma. Aquilo parecia tão errado, mas foi o que eu desejei por muito tempo.
Lágrimas ainda lavavam meu rosto, sentia que um pedaço de minha tinha sido deixado para trás no momento em que deixei aquela sala, no momento em que o deixei. Não podia acabar tudo aquilo com ele e não fazer nada, tinha que ter um propósito. Seja lá qual Deus ou universo que tenha me dado essa segunda chance, tinha que me mostrar grata. Eu o faria lembrar, ele ia se lembrar de mim no momento em que me beijasse e me tocasse. Eu tinha que fazer isso.
"me foda, Cedric. Me leve para o vestiário e me beije antes que eu o faça" falei elevando a voz e enxugando a água que escorria dos meus olhos com a manga do moletom que estava usando. Ergui o rosto e vi como ele estava confuso, mas não mais que eu.
Cedric- S/n, você...? Acho melhor a gente conversas ou- ele continuou falando coisas que eu nem tentei prestar atenção, minha cabeça estava cheia de tanto pensamentos que parecia não conseguir mais pensar em nada. Virei a cabeça para o lado enquanto ele falava e soltei um suspiro. Olhei de relance para trás e o vi saindo da sala, lançou o olhar sobre mim com os olhos avermelhados, lágrimas ainda escorrendo pela bochecha e saber que eu tinha causado aquilo me fez querer morrer.
Mas eu não podia, ele mentiu pra mim, me enganou. Escondeu de mim toda a verdade para que eu nunca descobrisse, ou para que demorasse. Pelo menos era isso o que eu pensava. Eu não podia me render e voltar pra ele, ignorar Cedric ali, meu Cedric.
Em um movimento rápido, voltei a olhar ara ele, dei dois passos curtos, ficando com o corpo quase colado ao de Cedric. Os olhos negros dele me olharam ainda confusos, alternando o olhar entre meus olhos. Fiquei de ponta de pé e, sabendo que ele estava olhando, juntei nossos lábios suavemente, mas de forma rápida.
Senti uma flecha furando meu coração e um calor aquecer meu corpo por completo. Como era possível sentir algo tão bom e ruim ao mesmo tempo? Eu sabia que Draco estava olhando, venndo eu beijar Cedric e ele sabia que eu sabia. O moreno colocou as mãos na minha cintura e me puxou um pouco mais pra perto.
Eu queria aquele beijo, sempre quis, mas não consegui degustar o sabor de seus lábios, a sensação de borboletas que sempre sentia quando o beijava, nem seu toque. Acho que não dava pra aproveitar um beijo, quando você está pensando em outra pessoa.
Ainda beijando Cedric, as lágrimas não paravam de escorrer pelo meu rosto, em parte por eu finalmente tê-lo de volta, mas outra por ter perdido o meu amante, por terperdido parte de mim. Cedric separou o beijo e puxou o ar para dentro do pulmão, colou nossas testas e deu um sorriso fraco. Passou o polegar na minha bochecha e limpou minhas lágrimas.
Cedric- O que acha de comermos algo? se não me engano, tenho uma barra de- antes que ele acabasse a frase, eu falei a última palavra junto a ele.- chocolate.- dissemos os dois a mesmo tempo e rimos fracos em forma de suspiro. Ah Cedric, meu amor, se você soubesse como eu desejei ouvir isso apenas mais uma vez.
