Narrador(a):
O dia de domingo passou tão rápido que S/n nem percebeu, passou o dia em seu quarto ou na sala enquanto seus pais saíram pra visitar alguns lugares.
O relógio marcava seis horas da tarde quando o telefone da casa tocou. Ela foi atender e a voz lhe parecia familiar.
Xx- Alô?- perguntou o número da outra linha enquanto a menina atendia o telefone e permanecia em silêncio.
S/n- Quem é?- questionou ainda com os olhos na televisão no programa que estava assistindo antes de atender a ligação.
Helena- S/n? Aqui é sua tia Helena, se lembra? Posso falar com sua mãe, querida?- disse ao reconhecer a voz da garota.
Helena era sua tia por parte de mãe e, por coincidência, a mãe do garoto o qual se matou, seu primo, sem uma razão específica, pelo menos para o resto da família, mas no fundo S/n sabia o que tinha acontecido.
S/n- Ela não está no momento, mas se quiser posso deixar o recado.- disse prestando mais atenção na conversa.
Helena- É sobre seu primo, aparentemente ele recebeu um bilhete e talvez sua mãe saiba de quem é.- S/n engoliu seco e ficou em silêncio.- Está aí ainda querida? Estamos investigando o que o levou a...
S/n- Claro é... O fogão tá ligado então vou desligar agora, até mais.- disse desligando a ligação sem ao menos dar tempo para que sua tia se despedisse de volta.
S/n:
Quando escutei que tinham escutado talvez uma ameaça que o fez tirar sua própria vida minhas mãos começaram a tremer e um desespero consumiu meu corpo e minha mente de uma vez só.
Como definir meu primo, Heitor? Bom, ele tinha mais problemas que qualquer adolescente que eu já tenho conhecido e conheço muitos. Sempre estive com ele quando nossas famílias se reuniam, nossas risadas eram minha melhor memória da infância.
Mas então nós crescemos e às vezes penso que tudo seria melhor se o tempo tivesse congelado antes que isso acontecesse.
Heitor não estudava comigo, então passamos a nos ver apenas em reuniões familiares e pra falar a verdade muito raramente. Ele era uma pessoa boa, mas não importa o quão bom alguém é quando más influencias o acompanham.
Era muito bom nos estudos, chegava até a ser motivo de "humilhação" minha quando minha mãe nos comparava, mas o que teria acontecido para de uma hora para outra ele faltar todas as aulas, estar drogado às sete da manhã e chapado independente da hora? Bom, a resposta era óbvia, mas ninguém queria aceitar a verdade porque se o fizessem, seriam julgados assim como eu fui por ter sido a única pessoa naquela família a enxergar a mais pura verdade.
Começando a andar com as pessoas erradas, ficamos cada vez mais distantes até que um dia, o qual eu deletaria de minha memória se pudesse a acredite, eu tentei, estava caminhando em uma rua vazia e vi um grupo de adolescentes se aproximando.
"Olhem o que temos aqui" disse um dos garotos enquanto se aproximavam de mim e eu tentava desviar deles, mas logo me cercaram.
Flashback:
"Por que não deixa a gente ver um pouco mais desse corpinho?" Diziam e riam da minha cara enquanto eu entrava em desespero.
Eles começaram a tocar nos meus braços e ombros, quando alguém se aproximou.
"Que diabos vocês estão fazendo?" Aquele voz, eu sabia exatamente de quem era, Heitor. Olhei para ele desesperada, lágrimas já escorriam pelo meu rosto e vi ele arregalar os olhos percebendo o que iria acontecer se ele não interrompesse.