______________________________________Inicialmente eu, escritora, gostaria de pedir à vocês que erguessem suas varinhas em memória de Helen McCrory, atriz que interpretou Narcisa Malfoy, faleceu aos 52 anos hoje (16/04). Sei que é insignificante, mas dedico esse capítulo à você e que descanse em paz.
Sempre estará em minha memória /*
Draco:
Ás vezes me pegava refletindo sobre o passado, tentando me lembrar. Não sei como isso funciona, meus pai não se parece com meu pai de antes, mas certamente é ele. Seus olhos são os mesmo, os cabelos um pouco menos secos e os músculos do rosto mais saudáveis. Estava longe de estar bem, mas pelo menos estava melhor.
Sentado naquela mesa longa, mesmo que apenas três pessoas a ocupassem, era algo normal, comum tanto agora quanto antes. Lucius Malfoy, tinha o mesmo nome, mesmo olhar, mesma forma de educar.
Nunca considerei meu pai ruim, não, não poderia. Ele sempre foi uma espécie de exemplo na verdade. Nunca gostei de seus castigos, sermões ou a forma como gritava cuspindo as palavras em mim. Mas era ele, meu pai. O grande líder Malfoy, chegou até mesmo a ser preso, mas disso só fui informado por causa de uma jornal e... e uma carta.
Não sei como aquela carta foi endereçada para mim, primeiramente por ninguém além de S/n e eu sabermos nosso endereço e segundamente por estarmos sempre nos mudando. Mas era ela, tinha que ser ela. Ela sempre soube de tudo, por mais que abaixasse a cabeça algumas vezes, era, sem dúvidas, a mais poderosa daquela família.
Narcisa Malfoy, nomeada de Black antes de se casar. Belatriz, minha tia, sempre foi dita como a mais poderosa das três irmãs, mas todos, pelo menos meu pai e eu, sabíamos que não era bem assim.
Olhando ela assim, sentada ao lado de meu pai do outro lado da mesa, tão delicada cortando um mísero pedaço de carne, é exatamente a mesma.
Uma das melhores memórias que tenho com ela se resumi à uma manhã fresca em Wiltshire, não muito longe de nossa casa. Respirei fundo e pude sentir aquele cheiro de inverno chegando, o perfume que combinava perfeitamente com ela.
"Sabe o porquê do seu nome, querido?" perguntou ela com aquela voz tão, mas tão suave que toda noite eu pedia que me contasse uma história do livro de aventuras bruxas. Eu tinha cerca de seis anos, estava com a cabeça deitada em seu colo enquanto ela alisava meus cabelos.
"Na família Black existe uma tradição de dar o nome de constelações para os filhos." continuou ela enquanto eu apreciava seu carinho.
"Mas não tem nenhuma constelação com seu nome, mamãe" dessa vez fui eu quem falou, a voz de uma criança que se considerava adulta, menos quando estava a sós com a mãe.
"Eu sei meu amor, mas acho que Draco coube perfeitamente em você" eu dei de ombros, vi meu pai se aproximando e me sentei, saindo do colo dela e endireitando a coluna.
"Sabe qual é a constelação nomeada de Draco?" perguntou ele se aproximando com uma xícara de chá e a entregando para minha mãe enquanto se sentava ao lado dela, estava sorrindo. É uma das únicas memórias que tenho dele sorrindo.
"Um dragão" falei animado. Nessa época minha única preocupação era se eu teria sobremesa depois da janta. Não sei como vim parar aqui me preocupando com a garota que passei uma vida inteira ao lado de outro. "Mas por que dragão? porque sou forte como um, não é?" os dois riram e eu fiz uma pose de bruxo.
"Vai descobrir quando crescer, querido" ela levou a xícara à boca e deu um gole longo e elegante. Eu vi a forma como meu pai olhava para ela, amor transbordava de seus olhos. Alguns anos mais tarde me perguntei se esse amor tinha sumido, eles já não se olhavam mais daquele jeito.
Mas, quando recebi aquela carta, soube que aquele amor tão estranho que eles tinham um pelo outro nunca se acabou.
Não me lembro palavra por palavra daquela carta, apesar de tê-la lido diversas vezes e ficar remoendo aquilo por várias das noites que passei em claro. Mas, algumas frases foram cravadas em mim com tanta força que, mesmo em outra vida, ainda continuam em minha mente.
"Draco, sabe por que esse nome? Eu poderia tê-lo nomeado de Perseu, da constelação 'Perseus', trazendo um significado de força e agilidade de um Deus grego, mas então por quê Dragão? Sempre soube que algum dia afundaríamos, toda a família Malfoy e que Lúcius nunca seria o pai mais amável com seu herdeiro. Cicatrizes ficarem em você, chagas como adagas em seu peito.
Um dragão é conhecido por ser extremamente valente, sem covardia e, principalmente, pelo coração de pedra. Então, se tivesse sorte, apenas a garota com o coração mais delicado, força de vontade e, acima de tudo, amor por ti, por cada ferimento em você, seria capaz de amá-lo.
Quando soube que havia fugido não demorei muito para ligar os pontos e perceber que tinha levado aquela garota com você. Abriu mão se sua herança e futuro por ela e ainda assim faz de tudo por ela, não é?
Sei que alguns dias vai pensar ser covarde por terem matado o famoso Lorde e fugido, ou por não contar à ela sobre a perseguição que estão sofrendo. Mas, quando sentir isso, lembre-se que ato de amor maior não há que dar a vida por alguém.
E é por isso querido, apenas e somente por isso que escrevi esta carta. Vou dar a vida pela pessoa que amo, que me deu um filho corajoso como você, com mais bravura que jamais tive. Obrigada, Draco, meu Draco, por me dar coragem para não ter medo de me entregar ao meu coração.
Com amor,
Narcisa Malfoy"
Tinha uma marca de lágrima naquela folha de carta velha que levei comigo para o resto da vida. Na verdade duas, uma dela e a outra minha.
Não demorou muito para que eu soubesse que uma mulher foi morta tentando libertar um prisioneiro de Azkaban. Quando li a notícia e vi que ela foi pega com ele na saída, um sorriso se formou em meus lábios mesmo com meus olhos marejados.
Ela dissera que eu era a inspiração dela, mas ela sabe que sempre foi a minha.
E talvez o mesmo tivesse acontecido comigo e S/n, talvez o nosso amor nunca vá sumir, isso seria impossível. Talvez apenas tenhamos mudado, o tempo nos mudou.
"Ato de amor maior não há que dar a vida por alguém" disse minha mãe. Dei boa noite antes de subir e um sorriso parecia não conseguir sumir do meu rosto, não depois de saber que aquele amor deles era o que eu precisava para me tocar.
Dei minha vida por ela uma vez e farei quantas vezes forem necessárias.
Não vou perdê-la assim, não sem lutar.
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