Narrador(a):
Alguns dias se passaram, de forma que Draco passou a sexta em casa por estar suspenso e o fim de semana foi sufocante pra ele. Posso entender, afinal ele passou uma vida com alguém e agora que sabe disso, tem que agir como se não soubesse.
Cheguei a sentir pena dele e confesso que nunca fui uma das pessoas que admirava Malfoy. Entretanto, aprendi com S/n o poder do perdão e assim fui capaz de enxergar o quão sofrida foi a vida dele.
Ela sempre disse que estava com ele porque não aguentaria ficar longe dele, mas a verdade era que ele não seria capaz de viver sem ela. Ele nunca foi.
A vida dele começou quando ela apareceu.
Draco:
A minha vida começou quando ela apareceu.
Não falei com ela durante todo o fim de semana, apenas algumas mensagens breves. Era pertubar saber do nosso passado. Saber como ela acordava todas as manhãs no meu braço, saber que criamos uma família e passamos uma vida inteira juntos.
Saber que era ela, mas o que mais me preocupou foi saber que era ele. Ele. Cedric Diggory.
Por toda a minha vida, abracei-a todas as vezes que chorava ao se lembrar dele, seja naquela tempestade ou levantando uma faca para ela.
Ela sempre o amou, não posso negar isso. Mas o meu amor por ela era grande demais pra ficar longe dela por causa disso. Eu a amei sabendo que seu coração me amava por completo, mas que pertencia a ele também. Era divido entre nós dois.
Quando soube que ela estava grávida, soube de imediato que nome ia querer colocar no nosso filho. Se fosse menino, seria Cedric, pelo menos era o que ela queria.
Ela nunca chegou a me dizer que queria esse nome para nosso filho, mas não precisava. Eu sempre soube. Mas, o amor dela era tão imenso que sabia que no fundo eu ainda tinha medo de perde-la, mesmo que ele não estivesse mais vivo. "Scorpius" disse ela. "Será Scorpius Malfoy" repetiu na cama em repouso já com a barriga inchada.
Era tão estranho, saber que com 16 anos já tinha tido um filho e envelhecido em outra vida. Lembrar de tudo aquilo. De meu pai. Meu pai era diferente nessa vida, seus cabelos não era tão loiros e ele não se intrometia tanto comigo. Não me dava medo, ao contrário de Lucius.
Minha mãe não era igual também, mas quando lembrei de Narcisa, meu peito doeu um pouco, como se estivesse rachando. Dela eu sinto saudades e talvez, só talvez, ela tenha sido a única pessoa que não me odiou quando larguei tudo pra ficar com a garota dos cabelos negros. Ela me amava o suficiente pra me entender. Espero que ela tenha se salvado e saido daquele inferno de mansão.
Sempre que via o rosto delicado e pálido dela, meu coração se rasgava um pouco, mas também ganhava mais forças para continuar batendo. Me pergunto se querer vê-la o todo tempo me tornava masoquista.
Passei o fim de semana em casa, na maioria da parte deitado na cama com os braços cruzados na nuca. Como isso podia ser real? Como eu fui presenciado com ela novamente? Antes, romantizavamos os céus, agora a chuva. Não acredito em destino, mas acho que estamos destinados a ficar juntos, seja pelas estrelas, a lua, ou a chuva.
Deveria contar a ela? contar que passamos anos juntos e chegamos a morrer juntos? que tínhamos passado uma vida juntos, que eu tinha ficado ao seu lado nos piores e melhores momentos ou que eu a amo da mesma forma que sempre amei?
Tudo o que eu queria era fugir com ela, mesmo que pra a esquina da escola. Vamos para o outro lado do mundo ou apenas pra a lanchonete do outro lado da rua.