Vingt-deux

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Apartamento do Patrick - 20:13

O homem se servia de um copo de conhaque, ainda vestia a roupa do trabalho, porém a camisa cinza possuía alguns botões abertos e as mangas dobradas até os cotovelos, tinha no rosto os óculos. Ele ouvia atentamente o que a mãe dizia, mas ainda não conseguia entender o que ela realmente queria.

- Mãe, simplifica. - ele pediu e entregou um copo de bebida para a mais velha.

- Vou comprar um prédio e fazer algumas reformas nele, preciso que você autorize a retirada desse dinheiro por ser uma quantia muito grande, até porquê terá o nome da empresa também. Eu gostaria de pôr no nome da Mia, mas ai teríamos que fazer toda uma burocracia....

- Uma menina de 5 anos dona de um prédio. - rio fraco - Já sinto a dor de cabeça.

- Por isso vai ficar em meu nome e no da empresa. - ela explicou - Pode assinar os papéis.

- O que você está tramando mãe? - jogou a cabeça para trás no encosto da poltrona. - Você não tem prédios o bastante?

- Eu quero esse prédio Patrick, você pode apenas assinar os papéis sem questionar? - insistiu.

- Tá assino. - suspirou e esticou a mão. 

- Aqui estão os papéis do banco pra você liberar o dinheiro. - entregou a pasta e junto uma caneta - Amanhã vou fechar o negócio com o proprietário e quero uma de suas salas de reuniões emprestadas e os arquitetos da empresa também.

- Tudo bem. - concordou abrindo a pasta e assinou algumas linhas até o endereço do prédio e o nome do proprietário lhe chamarem atenção - Esse não é o prédio onde a Mia faz Ballet?

- Não, esse é outro. - mentiu - É na mesma rua só isso. - respirou fundo - Já assinou?

- Já. - disse desconfiado e entregou a pasta para a mãe. - Vou pedir pra Sara cuidar da sua sala de reuniões. Quantas pessoas?

- 5 ou seis. - deu de ombros guardando a pasta - Depende se você vai participar.

- Essa semana tenho uma reunião atrás da outra. - deu um gole na bebida - Se precisar de mais alguma assinatura eu deixo alguma estagiária á disposição pra levar os documentos para eu assinar e te devolver. 

- Tudo bem. - ela levantou - Agora eu preciso ir. - sorriu e viu o filho se levantar também - Você vai ficar bem?

- Sim. - assentiu largando o copo.

- E Celeste? - ela perguntou arrumando a camisa do filho - Não vem ficar com você?

- Quem? - perguntou avoado e encarou a mãe - Ah, Celeste! - comprimiu os lábios - Não, ela está fora do pais essa semana, questões do banco e tudo mais.

- Espero que ela volte a tempo para o meu aniversário. - sorriu e fez um carinho no rosto dele - Vou fazer um jantar mais familiar esse ano.

- Você disse ano passado e chegou a 200 pessoas. - arqueou as sobrancelhas.

- Mas esse ano falo sério. - riu - Vou deixar você descansar. - beijou o rosto do filho e desapareceu pelas portas de vidro.

Patrick esperou a mãe sair e foi até o escritório, sentou em sua cadeira e procurou no notebook o nome que viu nos papéis e o endereço, como ele já imaginara, era o prédio do estúdio de Ballet, ele se jogou na cadeira e pôs um dedo na boca olhando concentrado para a foto que aparecera, Ellen estava nela junto com outras pessoas.

- Por que você não me ligou hein? - suspirou fechou a tela do computador apoiando os cotovelos na mesa e o rosto nas mãos. - Por que você não sai da minha cabeça? - cruzou as mãos e bateu a testa nelas. Ergueu o rosto e substitui a testa pela boca, os olhos azuis percorriam a sala escura tentando buscar naqueles objetos uma saída ou uma resposta.

BallerinaOnde histórias criam vida. Descubra agora