Ballerina

Vingt Sept 🔥

A noite ao contrário da manhã foi tranquila e silenciosa, apenas a presença do outro bastava, Patrick não lembrava de uma noite tão tranquila, das 3 noites que havia dormido juntos em uma mesma cama, aquela de longe fora a mais calma e silenciosa. Ele dormiu primeiro que ela, que ficou ainda por alguns minutos admirando o rosto sereno dele imerso em um sono. Desenhava com o dedo os traços do rosto dele, sorriu feito uma adolescente e sua mente começou a vagar no que poderia ser depois. Mordeu o lábio tentando afastar o pensamento, queria se concentrar no que ele dissera, aquele era um fim de semana dos dois, apenas ele e ela, ela e ele, só. Pensando nisso puxou a coberta e se aconchegou o abraçando pela cintura, encolhida aproximou o rosto do pescoço dele e sorriu ao sentir um beijo em sua testa, as pernas foram entrelaçadas e ele manteve o braço ao redor do corpo magro.

Patrick acordou primeiro, as posições agora eram outras, ela dormia de bruxos abraçando o travesseiro com sua mão enroscada na dele. Ele soltou um suspiro beijando preguiçoso a nuca dela, que se mexeu de leve na cama, acariciou a mão que segurava se demorando mais um pouco naquela posição.

No banheiro, duas escovas de dentes o fizeram sorrir surpreso, nunca, jamais houvera uma escova de dentes ao lado da dele. Escovou os dentes enquanto organizava o chão do quarto procurando fazer o menos barulho possível. Sentou-se no sofá do quarto e admirou sua cama, Ellen parecia uma criança dormindo, volta e meia escondia o rosto no travesseiro ou se encolhia. Notou que ela sempre dormia agarrada á alguma coisa, fosse ele ou o travesseiro.

Lembrou que noites atrás provavelmente era Lorenzo quem ela abraçava para dormir, seu sangue borbulhou, o desgraçado tinha tudo e perdeu. Em outras épocas, Patrick já teria mandado a mulher com quem passara a noite embora, ainda de madrugada, ou logo que acordasse, ficar sentado admirando uma mulher dormir era novidade, admirá-la dormindo o deixava em paz, porque ele sabia que dormindo na cama dele, sob o olhar dele, nada de ruim a aconteceria.

Imerso nos próprios pensamentos, analisando cada momento de cada encontro deles, tentando de alguma forma entender o que se passava com ele, nem viu quando ela virou na cama se esticando. Ele a viu sentar e jogar a cabeça para trás, os cabelos loiros em ondas, a velha camisa da faculdade, a cara de sono, tudo nela parecia ficar perfeito, perfeito para ele.

- Bom dia. – ela o despertou e ele sorriu de lado. - Me observando dormir? – perguntou sonolenta curvada na cama em uma postura péssima.

- Meu novo hobby favorito, que se dane o tênis. – sorriu com a mão no rosto.

- Idiota. – bufou divertida – Que horas são?

- Não sei. – disse levantando-se do sofá indo até os pés da cama. – Só sei que é dia. – a puxou pelas pernas a fazendo rir por um momento e se deitou por cima sentindo em seguida os braços ao seu redor. – Desliguei os celulares, relógios, tudo. – beijou o queixo dela.

- Eu estou com bafo. – gemeu sentindo um beijo molhado na bochecha.

- Está mesmo. – afirmou mordendo a bochecha dela. – Deveria fazer proveito mais vezes da escova de dentes ao lado da minha no banheiro.

- Patrick. – chamo e ele a encarou – Vai pra puta que pariu. – disse o empurrando e levantando da cama seguindo para o banheiro.

- Não xinga assim que eu gamo. – brincou e ficou preocupado quando a porta do banheiro foi fechada.

Pensou se diria alguma coisa, se bateria na porta, se a arrombaria – a porta no caso. Optou por esperar deitado na cama, o braço atrás da cabeça e os dedos batucando o peito o fizeram imergir em pensamentos novamente, todos os caminhos que ele tomava saiam e voltavam para o mesmo lugar, ela.