Sai de lá indo pra contenção, aonde eu encontro o Ph e o Alemão sentados.
Ph : Qual foi? Atrasado nos bagulhos, presta atenção, cria! - Assenti.
Fiquei com eles perto do morro. Aí, bagulho chatão é contenção.
Tu fica lá paradão mó cota, cansa pra caralho!Entrava e saía gente da favela, carro, moto e as paradas tudo.
Os policiais não entravam na favela a maioria das vezes, eles ficavam um pouco afastado, sempre esperando cria dar bobeira.
Mas tu é maluco? Porque eu não!
Sentei na calçada esperando o tempo passar.
Foi anoitecendo e a minha hora tinha dado. Vazei pra minha base e a minha coroa tava jogada no sofá.
Apolo : Ta tudo suave aí? - Ela me olhou assustada e eu ri.
Clarice: Qual é, Caio? Vai se foder, mané! - Se irritou.
Ri dela mais um pouco e a Aline chega com umas sacolas.
Aline : Fala, cria! - Fez toque comigo e deu um beijo na testa da minha mãe.
Falei com ela e depois vazei pro meu quarto.
Tirei a camisa ficando de frente para o espelho.
Olhei cada cicatriz que tinha por ele, cada marca.
Essas cicatrizes são as vezes em que me machuquei por palavras que fizeram um grande efeito aqui dentro.
Eu me sinto fracassado! Eu não queria essa vida pra mim, falar pa tu!
Eu queria ser parada certa pa poder ir procurar a Larissa pelo mundo inteiro. Eu sei que geral acha que ela não ta viva, mas eu sinto, pô!
Eu ainda lembro do sinal que eu e a maluca da Larissa tinha no mesmo lugar. Era no braço. Moana sempre gastava.
Me sentei na cama deixando algumas lágrimas escorrer lembrando disso.
Dói, pô! Não é parada de ser mulherzinha, não!
Escuto a porta se abrir e a minha mãe me olha com cara de dó.
Clarice: Poxa, Apolo! O que foi? - Veio pra me abraçar.
Fiquei abraçado com ela que passava a mão pelo meu cabelo.
Olho pra porta e vejo a Aline parada com os braços cruzados e me olhando.
Aline: Que bandidão é tu que chora? - Eu ri. - Tô de sacanagem, cria! Fala pra nós, qual foi? - Chegou perto.
Apolo : Fica suave, não é nada não, pô! - Minha mãe negou e eu me levantei.
Clarice: Larissa? - Revirei os olhos. - Amor, entende que ela não tá mais viva! São vinte anos sem ela, ninguém nunca achou! - Respirei fundo.
Apolo : Aí, se for pa ficar falando tuas neuroses, é melhor sair. Tô sem cota! - Ela assentiu.
Aline : O moleque precisa de tempo, Clarice! A gente te ama, não se esquece! - Minha mãe veio pra me abraçar e eu sai de perto dela.
Ela assentiu decepcionada e saiu.
Enxuguei as lágrimas e respirei fundo.
Fui na gaveta e peguei o branquinho organizando na mesinha do quarto.
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Caminhos Cruzados. (CONCLUÍDO)
Fanfic+16 | Segunda parte do livro "Sobre Nós." "Ali me ganhou Depois que você chegou no meu mundo Quase tudo mudou Parece até miragem Nós dois numa paisagem a sós Dois sóis."