A voz de Nicolau era atraente e sedutora, a dama de vermelho nada respondeu diante daquele ousado convite, ainda sentada no balcão se virou para o dono daquela voz, embora soubesse de quem pertencia. Seus olhos se cruzaram com frieza, enquanto se avaliavam, a mulher sentiu como se uma lâmina de gelo lhe atravessasse o corpo... "Preciso encontrar Ivanov".
Pensou enquanto tentava agir de forma indiferente, mas a jovem de cabelos vermelhos entrou na conversa dos dois.
― Se sou uma criança embriagada o senhor seria o que? ― disse sentindo a língua enrolar nas palavras. ― Deveria ser mais cavalheiro.
A mulher de vermelho não conseguia acreditar na falta de bom senso que aquela jovem demonstrava diante do perigo, será que seus instintos não estavam gritando com ela, ou estaria tão embriagada que até mesmo cobriu seus sentidos.
― Perdoe a criança, cavalheiro, ela não sabe o que diz. ― disse gentilmente enquanto se virava ao balcão para não ter que encará-lo de frente. ― Sinto muito mais terei que dispensar o seu convite... ― lançando um olhar breve apenas terminou dizendo ― Bonne nuit. ― tomou um gole de sua bebida que havia sido servida.
O hotel parecia abrigar todos os tipos de "indivíduos", fossem eles mortais ou não, Nicolau havia atrapalhado o jantar da mulher de vermelho, a jovem Anne tinha uma língua afiada, e nenhum senso de sobrevivência, mal sabia ela que deixá-la viva era um ato de sorte que não iria se repetir uma segunda vez.
O homem em seu terno cinza grafite mantendo suas boas maneiras e elegância, observando aquela que recusara seu convite, no mesmo instante percebe um rápido movimento na mesa em que se encontrava, a mulher de vestido preto se colocou de pé sem tentar se discreta, desaparece dos olhos de todos, mais rápido que um piscar de olhos humanos pudesse ver. Um sorriso sem prazer algum surgiu nos lábios de Nicolau quando voltou sua total atenção para aquela que rejeitara seu convite.
Nicolau apreciou a coragem que a mulher demonstrava, afinal tinha certeza que os dois eram da mesma espécie, como tal era mais que evidente que ela conseguia sentir o quão poderoso era e mesmo assim resolveu ir contra suas palavras.
― A perdoarei se você me falar o seu nome, e sentar comigo por um tempo já que minha acompanhante acabou se sentindo deixada de lado é partiu, mas caso não queira posso apenas ensinar boas maneiras esta jovem.
O tom de voz dele era afiado, seus olhos pareceram brilhar como se aquilo fosse um desafio, uma aposta perigosa que estava sendo lançado pela vida daquela garota, havia uma grande chance dela se recusar e não se importar com a vida daquela humana, era um risco que ele estava disposto a arriscar.
A dama de vermelho não se virou para Nicolau, apesar ter se passado alguns segundos em sua mente vários pensamentos surgiram, caminhos diversos que levavam quase sempre ao mesmo destino.
― O que vai ser Mademoiselle? ― sorriu mais para si mesmo do que para ela.
A noite rapidamente ia se encaminhando para as horas finais, a movimentação do salão e do restaurante ia diminuindo, a dama de vermelho percebeu a ameaça velada naquelas palavras. A jovem soluçava embriagada, enquanto balbuciava palavra sem nenhum nexo, qualquer movimento em falso poderia ser o último.
Um pouco irritado com aquele silencio seguiu ate Anne, a puxou pelo braço a colocando de pé em um rápido movimento, a jovem mal conseguia se manter de pé, se não fosse por Nicolau a segurando, olhou diretamente nos olhos dela, enquanto um brilho hipnotizante a atravessava, com um tom baixo e direto falou:
― Vá para seu quarto, não olhe para trás esqueça tudo que viu e ouviu aqui, saia apenas quando o dia amanhecer... fui claro? ― respondendo com um gesto de cabeça Nicolau a soltou.
Sentou-se ao lado da mulher que parecia despertar o interesse dele, pediu um conhaque, o liquido escuro preenchia metade do copo, se virou de lado para ela.
― Devo dizer que es bastante intrigante... Outra em seu lugar teria atendido meu "pedido", mas você bem tem uma coragem genuína, mesmo que seja sempre um risco agir assim em muitas das vezes. Porém esta noite não farei nada, pelo menos por enquanto... Espero que possa aceitar meu convite da próxima vez...
Pegando sua bebida virou de uma só vez, se levantou alinhando o terno e a gravata se curvou sutilmente para a mulher se retirando, a cada passo que Nicolau se afastava ela se sentia mais aliviada, acertou sua conta e desapareceu do salão, com um sorriso discreto, o homem de terno cinza grafite seguiu até os elevadores, entrando no mesmo assim que as portas se abriram.
Este capitulo tem: 791 palavras
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THE ORIGINS - A sede de Sangue
FantasiO mal esta presente, em suas mais diversas formas. Muitos não a enxergam, ou apenas não querem ver. Acreditando que desta forma, ele deixará de existir. Uriel Ivanov, tem um desejo, uma meta perigosa que poderá levar ao seu fim, porém ele não se imp...