Part 7

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Percebendo que eu me encolhi na cadeira, mostrando que estava com medo da sua reação, Bia pegou minha mão e colocou-a pra sentir seu coração. As batidas estavam lentas e tranquilas, assim como sua respiração. Diferentemente de mim, que estava prestes a entrar em uma nova crise de ansiedade. Ficamos ali paradas, enquanto eu só me preocupava em sentir seu coração bater e ela em respirar devagar e manter a calma das batidas. Surpreendentemente, após uns dois minutos consegui me inspirar em sua tranquilidade e acalmei meu coração, assim como a crise que sentia chegar.

- Mais calma? - ela perguntou percebendo que eu já voltava à minha zona de conforto na cadeira.  Respirei fundo uma última vez junto com ela e respondi:

- Sim, obrigada.

- Imagina, querida- ela disse tirando a minha mão do seu peito lentamente e levando-a ao meu colo para que não a soltasse de forma bruta no ar. Ao aterrissar minha mão em meu colo, soltou-a devagar. - O que aconteceu que você ficou assim do nada?

- Da última vez que me assumi pra alguém, não deu muito certo. Tentei falar pros meus pais que eu não queria agradar nenhum homem porque não queria casar com homem, e digamos que eles não aceitaram muito bem... eu fiquei marcada por dias. Fiquei com medo que você reagisse de forma parecida e se afastasse de mim... - eu já falava sem medo, depois desse momento juntas, confiava 100% nela.

- Bem, primeiro eu queria dizer que sinto muito pela sua família. Saiba que toda vez que precisar de alguém, pode falar comigo. Vou até te passar meu número porque quando você tiver alguma crise, ou só precise de alguém pra conversar mesmo, você pode me ligar. Tudo bem?

- Você não precisa fa...

- Me da a mão- ela disse em um tom autoritário.
Não preciso nem dizer que não resisti, certo? Entreguei minha mão à ela rapidamente. Ela colocou um papelzinho dobrado na minha mão e fechou-a no mesmo instante.

- Eu não sei nem como te agradecer por tudo isso... - disse envergonhada

- Aí So... não é nada demais, sério. - ela sorriu- Segundo, já que você resolveu falar pra mim que você é lésbica, quero te mostrar que tá tudo bem, te contando um segredo meu: eu também sou lésbica. E tá tudo bem! Eu confio que você não vai espalhar isso pra escola toda, porque se chegar na coordenação e direção, muitos pais podem não gostar e posso acabar perdendo o emprego. Mas confio em você, confio de verdade. Não tem problema algum você se sentir atraída por mulheres, não é um erro, muito menos algo para ter vergonha. Sim, muitas pessoas vão te julgar, mas essas pessoas são contra o amor. São pessoas más. Nunca tenha vergonha de ser que você é, princesa, por que quem você é, já é mais que suficiente.

Não posso negar que senti uma ou duas lágrimas caindo sobre meu rosto. Essa mulher sabia as palavras exatas pra me acalmar, pra me fazer feliz.

- Bia, posso te dar um abraço? - ela acenou com a cabeça enquanto limpava meu rosto molhado.

Então dei um abraço bem forte nela. Eu nunca tive uma sensação tão grande de que estava protegida. Em seus braços eu sentia que o mundo podia estar caindo que eu estaria lá, sã e salva.

- Mocinha, agora volta pra aula de história porque se não, seu professor me mata! - ela disse em seu tom autoritário, meio professora mandona.
Fui desgrudando nossos corpos aos poucos, até que nos encontrávamos a alguns centímetros de distância. Olhei pra baixo e disse:

- Pode deixar, mais uma vez, muito obrigada por tudo, mesmo. - falei enquanto estava a caminho da porta. Bia me respondeu com um aceno de cabeça e um sorriso simpático. Quando chegava na porta, ouvi ela me chamando:

- Psiu, é pra me ligar mesmo, hein? - ela mandou no mesmo tom autoritário que antes.

- Sim senhora! - falei zombando do seu tom de voz, despertando um sorriso espontâneo na moça.

Como se apaixonar pela sua professora (em pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora