Part 8

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O final de semana passou bem rápido até, como estamos mega sobrecarregados com a escola, foi fácil ocupar a mente. Temos prova de Geografia segunda e Biologia quarta, além de 4 lições pra semana. Como eu gosto de não deixar lição de casa acumular, resolvi fazer as quatro lições logo no final de semana, e já estudar pra prova de segunda e, se der tempo, a prova de quarta.

Segunda feira, na escola, também passou relativamente rápido. Quando estava indo pro portão da escola na esperança de voltar pra casa, recebo uma mensagem do meu vizinho:

"Sofia, fui pra casa mais cedo hoje, acabei passando mal. Você pode pegar um táxi hoje?"

Nessa hora eu senti o mundo desabar sobre as minhas costas, senti falta de ar a ponto de precisar sair da escola e sentar um um banco na rua. Mesmo assim não consegui evitar de chorar. Não, não conseguia acreditar, tudo menos isso, sério...
Eu sou uma pessoa traumatizada com táxis, e sim, isso tem um motivo:
Há dois ou três anos, eu vivia pegando táxis, não conhecia meu vizinho e, obviamente, meus pais não queriam me buscar na escola. Um desses dias, como de costume, eu peguei um táxi pra voltar da escola pra minha casa. Não lembro ao certo como tudo começou, mas lembro do carro parado em um beco escuro, lembro do motorista tirando meu cinto devagar e amarrando minhas mãos com uma corda guardada no porta luvas. Lembro de tentar lutar contra o que sabia que ia acontecer. Lembro dele colocar a mão em minha boca e pegar uma faca que guardava do seu lado, apoiá-la em meu pescoço e dizer:

- Se você berrar, gritar ou emitir qualquer som, eu te mato agora, ouviu vadia? O único som que eu quero ouvir são seus gemidos. Entendeu sua puta?

Lembro de olhá-lo assustada, concordando com tudo que ele dizia. Lembro dele tirando a minha calça e abrindo as minhas pernas. Lembro dele tirando o pau pra fora e penetrando-me. Lembro da forte dor que eu senti, pois, além de tudo, era a minha primeira vez. Lembro de quando ele acabou, ele olhou pra mim dizendo:

- Muito bem, puta. Agora você vai ficar quietinha e não falar pra ninguém sobre o que aconteceu aqui, certo? - como estava com medo, concordei com a cabeça

Por fim, lembro dele mandando eu me vestir novamente, dizendo que eu já tinha o satisfeito e não era mais útil. Lembro dele ter mandado eu sair do carro, me deixando sozinha naquele beco escuro e frio. Eu era apenas uma criança de 14 anos de idade. Liguei desesperada pra minha mãe, que veio me buscar e me levar pra casa. Quando contei pros meus pais sobre o que tinha acontecido, a reação deles foi de desprezo, mas não em relação ao taxista nojento, e sim ao meu desespero:

- Então é assim que você reage quando serve um homem? - meu pai brigava comigo.

Após muita insistência, consegui convencê-los de que sofri uma grande injustiça e que significava muito pra mim ver o homem na cadeia. Eles entenderam, não aceitaram, mas contrataram um advogado meia-boca. Eu tinha muitas provas do estupro, minha calcinha ensanguentada, o aplicativo que rastreava o carro... tudo. Mas com o sistema judiciário do Brasil, nada disso foi suficiente. O juiz considerou o caso como estupro culposo a base de drogas, dando para o meu estuprador apenas 2 anos de cadeia por "dirigir alcoolizado com menor no carro".
Eu ainda não estava pronta pra pegar táxi novamente... era um trauma muito grande na minha vida.

Como se apaixonar pela sua professora (em pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora