Part 23

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Meu rosto, tanto pelas memórias ainda ardidas quanto pela crise de ansiedade, já estava uma bagunça de lágrimas. Qualquer possibilidade de parecer, no mínimo, aceitável já havia desaparecido completamente. Como todas as vezes que senti medo, precisava me encolher em algum lugar, desta forma sentei no canto da sala abraçando meus joelhos.

Eu vi o olhar de preocupação no rosto de Bia quando ela percebeu meu estado. Sem pensar duas vezes, veio em minha direção, segurou minhas mãos, me levantando do meu cantinho do medo, e me envolveu em um abraço apertado. Só assim consegui finalmente respirar. A paz que eu sentia apenas pelo cheiro de seu perfume já era o suficiente pra conseguir conter minha ansiedade por alguns segundos. Em seus braços eu estava calma, eu me sentia amada.

- Shh, shh. Pronto pequena, passou, passou. Eu to aqui pra cuidar de você agora. - Bia falou enquanto fazia carinho no meu cabelo e beijava minha testa.

- Bi, f... fo...i pe...ssimo. - Disse enquanto soluçava.

- Shhh linda. Não precisamos falar agora...

Então continuamos na mesma posição, abraçadas. Eu apoiava a cabeça em seu peito enquanto ela me segurava forte, fazendo carinho e me dando beijinhos de vez em quando.
Assim que, finalmente, consegui parar de chorar, ela perguntou:

- Pronto meu amor? Tá melhor?

Na hora eu estava tão angustiada que nem percebi o "meu amor" em sua frase.

- Sim, Bi. - respondi enquanto limpava meu rosto e me distanciava um pouquinho dela.

- Quer falar sobre tudo isso?

- Mmmm não tem muito o que te contar, basicamente minha mãe me bateu deixando algumas partes do meu corpo em carne viva, tirou meu celular no final de semana e fez com que eu me sentisse um lixo, como se não merecesse o amor de ninguém. Isso acabou entrando na minha cabeça e, antes de você chegar, comecei a pensar que você também iria querer se afastar de mim, ficaria brava ou de saco cheio mesmo, o que me levou a uma crise de ansiedade...

- So... vamos lá. Primeiro, sua mãe tá fora de controle... carne viva? Isso já é demais... não quero mais você morando com seus pais, eles claramente não te fazem bem. Quando você fizer 18 anos, quero você morando comigo lá em casa, estamos entendidas?

- Bi... não precisa disso né? Claro que eu quero morar com você, não tenha dúvidas. Mas não quero ser um peso tão grande! Você já cuida de mim, já estou mais do que feliz por isso...

- Não foi uma pergunta, lindinha. - ela argumentou com seu tom dominador.

- Mas... Bia, eu não teria nem como pagar aluguel, eu nem trabalho...

- Você está questionando uma ordem minha ou é impressão?

- Não, senhora. Me desculpe. - abaixei a cabeça me submetendo a ela.

- Então você vai vir morar comigo?

- Sim! Sim, senhora- não pude deixar de sorrir. Mesmo não querendo ser um peso, a felicidade em morar com a Bia não cabia mais em mim. Sem conseguir esconder as emoções, abracei Bia novamente. - Brigada Bia, mesmo! - falei enquanto a soltava.

- Imagina, princesa. Agora sobre eu me afastar de você... acho que ficou mais do que claro que eu quero você juntinho de mim, não? - Fiz que sim com a cabeça, deixando um sorrisinho escapar - So, eu nunca vou ficar brava ou de saco cheio por vir te ajudar a lidar com a sua ansiedade, faz parte de ser uma Domme cuidar da sua submissa e eu amo essa parte, por mim eu cuidava de você pra sempre. Então nunca ache que cuidar de você é um peso pra mim, porque não é, entendeu?

- Sim, Bi!

- Mesmo??

- Sim! Mesmo mesmo! - falei sorrindo, sem conseguir conter tudo o que sentia dentro de mim. Ela me queria. Queria mesmo.
Então ela chegou bem perto do meu ouvido e cochichou:

- Aí minha menina, se essas câmeras não estivessem aqui, pode ter certeza de que o seu rosto não seria a única parte molhada do seu corpo. - Dizia isso mostrando um tom de voz sensual e dominador enquanto mordiscava a ponta da minha orelha. Claro que não me contive em morder os lábios, não me aguentava e ela sabia disso! - Se quiser passar mais tarde lá em casa, posso te mostrar o que mais consigo deixar molhado...

- Bi - ela me olhou brava - SENHORA! Senhora, desculpe. - Corrigi rapidamente- Não consigo ir até sua casa durante essa semana... preciso estudar pras provas! Mas podemos combinar sábado, o que você acha?

- Combinado sábado, então.

Péééééé - o sinal da segunda aula estava apontando que este meu momento com Bia havia acabado. Não disfarcei minha tristeza em ter que me separar...

- Por que essa cara de triste, meu anjo?

- Eu queria ficar mais com você...

Então ela tirou o colar que sempre usava e colocou-o em meu pescoço.

- Quando descobrir o que ele faz, eu quero que use, tire uma foto e me mande.

- Como assim? O que ele faz?

- Até sábado, pequena! - ela saiu piscando, me deixando na maior curiosidade. Ah mas eu ia descobrir. Nem que fosse a última coisa que eu fizesse.

Como se apaixonar pela sua professora (em pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora