Dumbledore

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O café da manhã com meu pai nunca foi tão silencioso, apenas as batidas dos talheres contra o pires faziam o barulho irritante ecoar pela casa. Contei sobre o que aconteceu na mansão e como eu e Draco ficamos tão próximos. Claro que não esconderia nada dele e isso foi a parte mais difícil, ver a expressão do meu pai quando contei sobre minha mãe foi doloroso demais. Meu pai era a minha âncora quando tudo parecia difícil, éramos um par. Ter que lidar com a tristeza de alguém que sempre te anima é desesperador. Resolvi seguir os conselhos de Luna e o deixaria absorver tudo aquilo, se a volta da minha mãe tinha me deixado confusa, com meu pai seria torturante. Daria tempo a ele. Não sabia se ainda existia algum sentimento dentro dele.

- Chegou sua convocação para o trabalho gatinha - ele então estendeu o envelope amarelo sobre a mesa - uma família se interessou por você!

- Sério? Qual a vaga? - perguntei deixando a xícara em cima da mesa - tinha esquecido que já fiz dezoito anos...

- É uma vaga de babá. Deve comparecer a casa da família para uma apresentação, o endereço está no envelope também.

Sem dizer mais nada meu pai se levantou deixando seu prato quase intacto na mesa, aquele silêncio estava acabando comigo.

- Pai, você não comeu nada…

- Preciso descansar, passo no seu quarto depois pra gente conversar mas agora, realmente estou cansado. - sua sombra passou pela escadaria a frente me deixando enfim sozinha.

Puxei lacre do envelope onde continha uma espécie de contrato onde teria que anexar minha documentação. Diferente de outras castas que escolhem o próprio emprego, nós lufanos somos entregues a famílias ou fábricas quando completamos dezoito anos, sem direito de escolher o que fazer. Busquei uma caneta na bancada da frente e preenchi o relatório, tudo parecia tão estranho, não havia informações sobre nada, nem mesmo quem seria a família na qual iria trabalhar. Torci para que fosse uma família gentil, a maioria de nós sempre somos tratados como vermes.

(...)

O sol estava escaldante quando finalmente consegui chegar ao endereço da família que continha no papel. Minha primeira impressão foi de surpresa. Era uma casa grande de aparência antiga, os muros eram cobertos por plantas de diversos tipos e tamanhos. Sorri ao ver a cor azul identificar a casta, pelo menos seria apenas uma casta acima de mim. Ajeitei minha roupa no corpo retirando alguma possível sujeira que o trem havia deixado. Apertei a campainha e esperei, o dia estava tão quente que era capaz de sentir o suor escorrer em minhas costas. Não demorou muito até um menino pequeno correr em minha direção abraçando minhas pernas, sorri para ele encantada.

- Eu sou Richard e tenho oito anos - seu sorriso se alargou no rosto

Me ajoelhei ficando agora do tamanho dele, parecia esperar por mim.

- Eu sou Hermione, está escrito aqui que vou cuidar de uma criança muito linda, é você? - ele confirmou com a cabeça

Quando levantei suas mãos muito pequenas puxaram minha calça me arrastando para dentro da casa, ri com a atitude dele.

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