De volta ao Alasca

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Se existia um lugar que eu detestava mais do que qualquer coisa nesse mundo, esse lugar era o hospital. Nenhuma lembrança desse lugar era feliz e dessa vez não seria diferente. Winter foi levada por Viktor até um hotel mais próximo junto com a baba de Scorpius. Agora seria uma péssima hora para ter uma criança entre nós: Dumbledore estava a caminho.

Leta estava no meu colo deitada no banco da recepção enquanto aguardava alguma notícia sobre Draco. Ele tinha entrado na emergência a uma hora e nenhuma notícia, nenhum médico, nada. Aquela situação estava me destruindo por dentro, queria poder ficar do lado dele na cirurgia e segurar suas mãos, mas era impossível. Leta por outro lado parecia em transe, não disse palavra alguma desde quando saímos da mansão e aquilo já começava a me preocupar.

Seus olhos estavam fixo em uma parede logo a frente observando uma pintura em um quadro, tentei conversar sobre alguma coisa mas ela ignorou todas as tentativas então, percebi que era melhor que ela vivesse o próprio luto por enquanto.

- Senhorita Granger? - um médico se aproximava de mim

Leta se levantou rapidamente quando ele me entregou duas fixas. Uma era de Pansy e outra de Draco, um frio subiu minha espinha quando observei a foto dela sorrindo naquela folha.

- O rei está bem mas vai precisar descansar, foi uma cirurgia muito delicada. - ele suspirou antes de continuar - a rainha por outro lado veio a óbito como você já sabe, e descobrimos que ela deseja ser cremada, consta aqui nos relatórios que ela deseja que suas cinzas sejam jogadas ao mar

Estremi ao pensar naquilo mas logo entendi o significado, era algo importante para ela então tornaria aquilo verdade, como um último desejo.

Nossa conversa foi interrompida quando o pai de Luna chegou aos gritos no hospital, foi uma cena forte demais para presenciar. Não conseguia encarar tudo aquilo sozinha, foi pesado. Leta se levantou do banco rapidamente e o abraçou enquanto outro médico conversava com eles. Não conseguia imaginar o tamanho daquela dor. Não existia força neste momento, Não importa se somos fortes, traumas sempre deixam uma cicatriz grande demais, nos seguem, mudam nossas vidas. Traumas derrubam a todos, mas talvez essa seja a razão. Toda a dor, o medo, as idiotices. Talvez viver isso é o que nos faz seguir adiante, é o que nos impulsiona. Talvez precisemos cair um pouco para levantar novamente.

- Onde estão os pais dela? - perguntei observando ao redor - Pansy não recebeu nenhuma visita?

- Não, senhorita. Nenhuma.

Ergui as sobrancelhas incrédula para aquilo, a própria filha já tinha partido e não recebeu nenhuma visita. Pensei em meu pai naquele momento e como agradecia por ter tido tudo o que poderia ter. Foi quando percebi que Cedrico - o cozinheiro da mansão - se aproximava. Estava decidido, ele jogaria as cinzas de Pansy ao mar.

Leta se aproximou de mim depois que Dumbledore se acalmou em um dos bancos, parecia cansada demais. Os olhos fundos com olheiras roxas.

- Precisamos enterrar a Luna - as lágrimas caiam sem parar em seu rosto

- Sei o lugar perfeito para isso. - a abracei o mais forte que pude - ela iria adorar, tenho certeza.

(...)

2 dias depois

Parados no alto duma colina cercada por árvores que despejavam no chão suas folhas secas, estava Luna. A neve que caía do céu deixava tudo ainda mais difícil. Winter deixou sobre o mármore branco um desenho onde os três estavam juntos, acompanhado do trecho de uma música que ela me pediu para escrever. Era a música deles.

Me abaixei junto a ela deixando algumas flores azuis e vermelhas

‘’Hey little train! We are all jumping on

The train that goes to the kingdom

We're happy, ma, we're having fun

And the train ain't even left the station’’

- Eles só estão dormindo - disse a ela quando nos levantamos

- Para sempre.

‘’ Em nome dos amados Luna Lovegood Potter e Harry James Potter’’

WinterOnde histórias criam vida. Descubra agora