Seja minha madrinha

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Olhei para meus dedos e sorri com a tinta impregnada nos neles, gostava de sentir a textura da tinta nas mãos. Levantei o álbum e ri contente, o contraste entre a tinta amarela e verde tinha enfim ficado como eu queria, ondas das duas cores se encontrando. Separei algumas fotos de Draco que achei em revistas velhas e as coloquei próxima a algumas fotos minhas. Puxei a tampa da cola com os dentes tentando deixar as bordas pregadas na folha de maneira uniforme. Ouvi os passos do meu pai se aproximando e encarei seu rosto por cima dos ombros. O sorriso dele já estava mais aberto, parecia ter finalmente esquecido a notícia que o abalou dias atrás. Minha mãe.

- Está bom, vai dar de presente a ele? - confirmei com a cabeça 

Em passos calmos ele se afastou de mim sentando na cadeira mais próxima, seu olhar estava fixado no jornal daquela manhã. Senti que talvez essa era a hora de fazer a pergunta na qual tinha dúvida. Na verdade a maior dúvida.

- Pai… - o chamei abraçando a coluna da cadeira - o que você acha do meu relacionamento com o Malfoy?

Meu pai hesitou um pouco ao falar mas talvez o brilho nos meus olhos ao fazer aquela pergunta o deixou balançado.

- Bem, ainda não o conheço mas acho que é um campo arriscado gatinha… - seus dedos coçaram a cabeça inquieto - quero dizer, vocês dois são de mundos totalmente opostos.

- Eu sei. - abaixei a cabeça me dando conta da realidade que já sabia

- Mas isso não significa que não possa dar certo. Se ele gostar de você na mesma proporção que você gosta dele, por que não?

- E como sei que ele gosta de mim? Sempre fico em dúvida!

Suas sobrancelhas arquearam e seus olhos se concentram no meu álbum de fotos. Meu pai não era bom em me dar conselhos sobre garotos pois nunca passou por isso, sempre evitava a chegada dessa parte. Sorri pensando em Draco sentado no sofá conversando sobre coisas aleatórias com meu pai, seria um sonho que ele fosse tão normal quanto eu. Sem coroas ou dinheiro.

- Você sente que ele te diz a verdade? - balancei a cabeça em confirmação - então esse já é um grande passo gatinha, observe os olhos. Os olhos nunca mentem.

Pensei por um instante se meu pai encontrou a verdade no olhar da minha mãe. Mas cheguei a conclusão que não, pois ela o deixou sem pensar duas vezes.

- Não vai trabalhar hoje? - ele me perguntou se levantando e indo até a pia para lavar os pratos

- Não, me deram um dia de folga. - sorri voltando minha atenção ao álbum me virando novamente.

Ainda não tinha contado sobre minha mãe estar casada com outro homem e que desse relacionamento surgiu meu irmão, Richard. Era um fardo muito grande para aguentar, talvez fosse melhor escondê-lo por enquanto. Ouvi batidas na porta e me levantei para atender, quase nunca recebíamos visitas. Assim que a porta se abriu me joguei em um abraço apertado. Luna estava parada ali em frente com uma caixa em mãos.

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