Me desculpe

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Meu vestido cheirava a bebida e meus saltos apertavam bastante. Enquanto tentava retirar os grampos do cabelo sentada na escadaria principal, percebi algumas câmeras na minha direção enquanto um homem baixo vestindo um terno azul me observava indignado.

- Estamos falando ao vivo do jornal profeta diário senhores e isso o que estou mostrando é uma matéria em tanto - receoso ele então se aproximou de mim - a amiga misteriosa do príncipe parece não estar no seu melhor dia, uma garrafa de whisky foi tomada quase inteira por ela, o que acham disso?

Queria me levantar e quebrar aquele maldito microfone mas estava exausta, não estava bêbada apenas depressiva demais. Como contaria ao meu pai que minha mãe havia fugido com outro homem e nos abandonado por causa de uma casta idiota? Assim como as perguntas não faziam sentido para mim, as respostas faziam muito menos. Não queria mais chorar, gastei meu último lote de lágrimas balançando as grades do portão do castelo quando os guardas me puxaram a força dele. Quando finalmente consegui tirar o salto que me incomodava, o joguei tão longe que pude ver acertar a cabeça de um convidado, causando histeria coletiva na imprensa. Naquele momento todas as câmeras estavam focadas em mim, só queria tirar aquela maldita fantasia de princesa e ir para casa.

- Senhorita Hermione, oh céus! - Georgiana se aproximou de mim desesperada.

Joguei meus braços sobre os ombros dela e desabei de chorar, por um momento desejei que meu pai estivesse ali me segurando.

- Minha mãe está aqui Georgia, ela me deixou quando era um bebê para fugir da nossa casta - os soluços se intensificavam - ela me abandonou...

Percebi então que um dos jornalistas estava muito próximo e provavelmente havia gravado aquela conversa, senti a raiva dominar meu cérebro.

- Sai daqui! Sai daqui agora com essa droga de câmera em cima de mim! - me aproximei dele puxando seu microfone e arremessando no chafariz - some daqui, me deixem em paz! 

- Você não pode nos tratar assim, somos convidados do palácio! - suas mãos agarram meu pulso.

Sem pensar duas vezes dei uma joelhada no meio de suas pernas o fazendo me soltar enquanto se contorcia de dor no chão. Georgiana levou as mãos à boca espantada.

- Senhorita meu deus não faça isso, será a manchete do jornal amanhã! - consegui notar o desespero em sua voz 

- Onde está o Draco? Quero ir embora daqui! - me sentei novamente na escada puxando o whisky para mais perto - um brinde a vida de merda que todo mundo aqui finge ter, um brinde a farsa! - virei novamente um gole que desceu rasgando minha garganta

Pude ouvir algumas gargalhadas atrás de mim enquanto Georgiana tentava desesperadamente procurar meus saltos pelo chão. Me virei depressa quando reconheci a voz insuportável de Pansy Parkison.

- O sangue sempre aflora não é mesmo? - sua língua estalou enquanto me olhava como um verme - sangue ruim!

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