O pergaminho

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No outro dia acordei cedo para sair da mansão dos Malfoy, o sol estava nascendo quando desci até a entrada onde o motorista já esperava por mim. Draco estava ao meu lado com a mão sobre meu ombro, seu olhar era distante e triste, não queria tornar aquele momento mais insuportável do que já estava. Entrei no carro logo após suas mãos abrirem a maçaneta para mim, sorri de leve quando ele tornou a fechar as portas, estava curvado no vidro semi aberto, os olhos azuis fixados nos meus. Queria poder dizer tudo o seu estava sentindo mas de nada adiantaria, não mais.

- Hermi eu...- seu sorriso se abriu em uma linha fina, ela estava prestes a dizer algo mas mudou o rumo da conversa - me avise caso precise de algo, estarei a disposição. - ele fez um sinal com a cabeça para o motorista que concordou


Não tive coragem de fechar o vidro quando aos poucos o carro ia se afastando. Parado ali, ainda me observando partir estava ele, sua expressão de tristeza e mágoa. Eu havia partido seu coração da mesma forma que o meu estava partido, era capaz de sentir cada parte de mim se refugiar para longe de minhas escolhas, estava me negando. Deixei as lágrimas escorrerem entre as bochechas quando o carro se afastou o suficiente da mansão dos Malfoy. Um misto de lembranças da noite anterior se apoderou de mim, as lembranças ruins e aquelas na qual eu teria que enfrentar quando visse meu pai me esperando em casa, pelo azar da minha vida as férias tinham chegado. Pensei em ligar para a única pessoa que me entenderia, mas Luna estava muito feliz com o namoro e eu não queria estragar isso com as minhas lamentações horríveis por ser fraca o suficiente.

Conseguia ouvir em minha mente seus conselhos ecoando " você não o perdeu assim" " a coroa era sua por inteira". Parecia que estava projetando a imagem de Luna em minha frente, suas mãos nos cabelos indignada comigo mesma. Talvez ninguém fosse entender o por que essa decisão foi tomada, ninguém além de mim mesma. Ninguém que não soubesse como uma coroa talvez fosse pesar em mim poderia entender. Eu era uma cinco, uma Lufana da casta mais baixa, qual era a população que me veria como uma rainha? Jamais poderia dar a Draco a sensação de não ser rei o bastante, ele seria. Puxei o vidro para cima e me apoiei sobre ele, essa seria a última vez que eu estaria em um carro real, em breve outra tomaria o lugar que neguei.



- Mione? - a voz irreconhecível tomou conta do carro

Abri os olhos sorridente quando vi os cabelos castanhos agora quase grisalhos do meu pai, sua expressão era confusa, talvez fosse pelo carro real ou talvez pelas notícias. Me levantei depressa quando me lembrei do jornal. Abri a porta com tanta força que não percebi meu pai dar pulos na calçada quando a porta alcançou seus joelhos, nem ao menos me despedi do motorista, corri tão depressa para dentro de casa procurando pelo controle que não vi quando meu pai retornou para dentro novamente. Apertei o botão com força o sentindo afundar no plástico, minha ansiedade gritava dentro de mim. Por sorte o jornal estava começando quando liguei a tv, observei o relógio na parede amarela a frente e concluí que havia acabado de começar. Me sentei tão depressa que meu pai sentou junto a mim, nervoso, parecendo mais atordoado que minutos atrás.

- Mione o que está acontecendo… - ele me encarou assustado

Fiz apenas um aceno com uma das mãos pedindo silêncio, ele não questionou mais e começou a assistir o jornal junto a mim. O brasão da família real apareceu na TV seguida da cobra verde brilhante com a manchete " baile de honra real". Reconheci o jornalista que chutei no meio das pernas no mesmo instante que ele apareceu na tv, parecia irritado.

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