Nosso encontro

72 5 3
                                    

Depois de ter usado os passaportes falsos para atravessar o país, nada mais me colocava medo naquela situação. Nem mesmo Narcisa conseguia despertar em mim algum tipo de reação, era como se estivesse ficando no passado. Eu estava disposta a lutar para conseguir minha vida de volta, minha liberdade.

Assim que o táxi parou logo reconheci a faixa azul que cobria toda a entrada da casa de Luna, a neve era alta mas não deixava de ser um casa linda e aconchegante. Percebi um boneco de neve na entrada que segurava a placa " não se aproxime das ameixas dirigíveis" sorri para mim mesma quando li aquela frase.

- Luna! - soltei um suspiro e deixei algumas lágrimas caírem

- É. Luna! - Leta sorriu segurando minha mão - pronta? - assenti

Seguimos até a entrada da casa onde um tapete amarelo estava estendido, percebi que todas as castas estavam naquele tapete de alguma forma. Luna era uma pessoa que nunca enxergou somente as castas e isso não foi uma influência, era do caráter dela. Bati algumas vezes até que a porta finalmente se abriu.

Os cabelos loiros compridos até a cintura combinavam com sua jardineira laranja e um moletom grosso que usava por cima. Soltei um grito e a abracei forte, senti tanta falta dela. Não nos desgrudamos por um longo segundo.

- Senti sua falta, cabeça de vento! - disse me dando um tapa na testa - meu deus, Mione você está tão mudada!

- Você também! Está linda! - sorri quando ela abanou o rosto como se formasse um leque com os dedos

Seu pescoço se esticou encontrando Leta logo atrás, as duas se abraçaram e eu apenas sorri. Nenhuma fortuna naquele mundo pagaria o sorriso que encontrei no rosto de Leta, ela realmente enxergava Luna como uma filha. O destino tinha lhe dado duas mulheres.

- Assei uns biscoitos, entrem! - quando o vento começou a se intensificar entramos depressa

A casa por dentro era incrível, uma lareira esculpida em pedra dava um toque perfeito para os móveis em madeira. Parecia que estava em um chalé antigo. Sorri quando encontrei diversos desenhos infantis na parede. Me aproximei de um deles onde havia duas mulheres e uma garotinha. Luna sorriu apontando para uma mulher com cabelos presos no desenho.

- Essa é você, ela sempre te desenhou assim meio bochechuda - ela riu buscando o desenho

Senti as lágrimas escorrerem. Winter sabia sobre mim.

- Contou para ela?

- É claro que contei, Mione! Ela tem duas mães e entende isso perfeitamente, é uma criança muito esperta. - ela então voltou a me abraçar sussurrando no meu ouvido - Sei de tudo o que aconteceu. Sempre te enxerguei como irmã, fico feliz que isso realmente se concretizou.

- Eu também… - apertei ainda mais nosso abraço - sinto muito pelo Harry

Houve um silêncio no nosso abraço mas logo seu sorriso aumentou, eu sabia que ela estava triste mas a vida continuava, sempre continuava. Essa foi a maior lição que nós duas aprendemos.

WinterOnde histórias criam vida. Descubra agora